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Dólar inicia maio em disparada a R$ 5,58 com guerra comercial e política acalorada

04 maio 2020, 10:32 - atualizado em 04 maio 2020, 10:33
dólar
Guerra comercial volta ao centro do furacão (Imagem: Reuters/Gary Cameron)

O dólar iniciou o mês de maio em disparada contra o real, chegando a superar 5,61 reais nos primeiros negócios desta segunda-feira, em meio a temores sobre a volta da guerra comercial entre Estados Unidos e China.

Na sexta-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou retomar tarifas sobre o país asiático como forma de retaliação diante da pandemia de coronavírus. Agravando o sentimento, o secretário de Estado norte-americano sugeriu no domingo que o coronavírus foi criado em laboratórios chineses.

Em outro um desdobramento tenso na retórica entre as duas maiores economias do mundo, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse no domingo que há “quantidade significativa de evidências” de que o coronavírus surgiu em um laboratório chinês.

“A intensificação dessas tensões (entre EUA e China) ocorre em um cenário no qual prevalecem as preocupações em relação ao PIB global”, disse o Bradesco em boletim diário. “Assim, o dólar se fortalece, ao passo que os mercados acionários operam em queda e os contratos futuros de petróleo voltam a recuar.”

Às 10:32, o dólar (USDBRL) avançava 1,76%, a 5,5812 reais na venda. Na máxima do dia, alcançada logo após a abertura, o dólar tocou 5,6152 reais na venda.

O principal contrato de dólar futuro tinha alta de 1,22%, a 5,5625 reais.

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O dólar já acumula alta de quase 40% contra o real (Imagem: Reuters/Sergio Moraes)

O dólar negociado no mercado interbancário fechou a última sessão, na quinta-feira, com alta de 1,55%, a 5,4380 reais na venda.

Enquanto isso, o ambiente político doméstico continua desfavorável para os ativos locais, disse à Reuters Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho.

Bolsonaro segue apoiando manifestações contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso, estressando ainda mais as relações entre os poderes. Isso pode agregar à pressão de baixa sobre o real.”

No domingo, após fazer aparição de quase uma hora na rampa do Palácio do Planalto para centenas de pessoas que se manifestavam a favor do seu governo e contra o STF e o presidente da Câmara, o presidente Jair Bolsonaro disse que a Constituição será cumprida no país “a qualquer preço” e que o governo tem o povo e as Forças Armadas ao seu lado.

As declarações ocorreram após o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes suspender a nomeação de Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal, em decisão liminar, citando possível comprometimento do indicado, que tem relação de amizade com a família de Bolsonaro.

Nesta segunda-feira, o presidente nomeou ao cargo Rolando Alexandre de Souza, braço direito de Ramagem.

André Ramagem - Jair Bolsonaro
O presidente nomeou ao cargo Rolando Alexandre de Souza, braço direito de Ramagem (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

Segundo levantamento feito por Rostagno, “77% da variação da queda do real (em abril) veio de fatores domésticos”. “Isso mostra o quanto esse ambiente político turbulento está afetando a moeda brasileira.”

No ano de 2020, em meio ainda a cenário de juros baixos e incertezas econômicas globais, o dólar já acumula alta de quase 40% contra o real.

Nesta segunda-feira, o Banco Central fará leilão de até 10 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimento em setembro de 2020 e janeiro de 2021 para rolagem.

(Atualizada às 10h32 – Horário de Brasília)