Dólar perde força em meio a novas tarifas e incerteza fiscal nos EUA; taxas extras ameaçam o real

A incerteza em relação à economia americana desde que o presidente Donald Trump iniciou sua empreitada tarifária contra parceiros comerciais tem abalado a força do dólar no mundo.
Tradicionalmente visto como uma espécie de porto seguro em tempos de crise, a moeda tem perdido espaço no portfólio dos investidores ao longo do ano. Segundo o Bloomberg Dollar Spot Index, o dólar já acumula queda de cerca de 9% em relação a uma cesta de moedas globais.
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De acordo com o Goldman Sachs, em meio à realocação de recursos dos investidores globais, a valorização do euro perante o dólar deve chegar a 1,25 dólares em 12 meses. Nesta segunda-feira (21), por volta das 15h57, o euro custava 1,17 dólar.
Para o JP Morgan, a moeda americana ainda deve cair mais 3% até janeiro de 2026, acumulando queda total de 15% em quatro anos.
Tarifas ao Brasil ameaçam o real
Na comparação com o real, o dólar perdeu força desde o início do ano, chegando a cair mais de 12% no mês passado, quando chegou ao patamar de R$ 5,40. No entanto, a ameaça de Trump de taxar os produtos brasileiros em 50% voltou a fazer a moeda subir.
Analistas de casas como UBS, BNP Paribas e Wells Fargo destacam que, embora o real tenha espaço para recuperação parcial devido a fatores como diferencial elevado de juros e fluxo positivo da balança comercial, o patamar de R$ 5,75 passou a ser visto como um teto técnico no curto prazo.
O risco fiscal continua sendo um ponto de atenção dos investidores, já que qualquer tentativa de compensar as perdas nas exportações por meio de aumento dos gastos públicos pode aumentar a desconfiança do mercado sobre a trajetória da dívida brasileira e pressionar ainda mais o câmbio.
Entretanto, no cenário global, parte dos analistas acredita que o dólar deve seguir uma trajetória de enfraquecimento gradual, pressionado pela expectativa de cortes nos juros americanos e pela perda de atratividade dos ativos dos EUA.
Essa tendência reforça que a recente depreciação do real está mais ligada a fatores domésticos e regionais do que a um fortalecimento global da moeda americana.
Além da questão tarifária, os EUA também convivem com o aumento da dívida pública e juros elevados, que pressionam ainda mais as despesas e seguram investimentos. Temendo o impacto das políticas de Trump, o Federal Reserve (Fed) ainda adota postura cautelosa.
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