Câmbio

Dólar sofre repique e volta a subir a R$ 5,11 após encostar em R$ 5,00

14 dez 2020, 13:03 - atualizado em 14 dez 2020, 13:03
Dólar
Quando a moeda encosta em 5 reais é natural que haja um movimento de compra, avalia especialista (Imagem: Reuters/Beawiharta)

O dólar devolvia suas perdas e passava a operar em forte alta contra o real nesta segunda-feira, depois de chegar a ficar muito próximo do patamar de 5 reais devido ao otimismo no exterior em torno de mais estímulos nos Estados Unidos e progresso em direção à ampla distribuição de vacinas.

Às 13:03 (horário de Brasília), o dólar (USDBRL) avançava 0,99%, a 5,1191 reais na venda, depois de ter caído a 5,0105 reais na mínima do dia, seu menor patamar intradiário desde 12 de junho.

O dólar futuro negociado na B3 (B3SA3) caía 0,65%, a 5,033 reais.

Alguns analistas disseram que essa virada no comportamento da moeda não refletia uma mudança significativa no cenário desta manhã, atribuindo o movimento a um ajuste em relação às mínimas do dia.

“Há pontos de realização. Quando a moeda encosta em 5 reais é natural que haja um movimento de compra”, disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da assessoria de câmbio FB Capital, acrescentando que o mês de dezembro deve contar com volatilidade, devido a mudanças na liquidez e reajuste de posições.

Ainda assim, ele enxerga uma clara tendência de queda do dólar no médio prazo, abaixo do patamar de 5 reais.

No exterior, o índice do dólar operava em queda de quase 0,3%, enquanto pares arriscados do real, como peso mexicano, rand sul-africano e dólar australiano, operavam em alta.

A fraqueza da moeda norte-americana –que foi citada como fator responsável pela valorização do real mais cedo–, refletia, entre outros fatores, a expectativa em relação a mais estímulos fiscais e monetários nos Estados Unidos, com o Congresso do país discutindo um novo pacote fiscal de 908 bilhões de dólares para apoiar empresas e desempregados.

Enquanto isso, os participantes do mercado esperam que o Federal Reserve apenas refine sua orientação futura em vez de comprar mais títulos ou mexer em sua carteira para acrescentar dívida de prazo mais longo quando se reunir nesta semana.

Mercados Ações Investimentos
Mercados globais estão otimistas nesta semana, amparados por vacinação contra a Covid-19 (Imagem: Reuters/Amanda Perobelli)

Impulsionando o otimismo nesta manhã, os EUA iniciaram no final de semana sua campanha de vacinação contra a Covid-19 com a entrega das primeiras remessas da Pfizer. O governo norte-americano começou a distribuir as primeiras 2,9 milhões de doses a centros de distribuição em todo o país no domingo.

“Os mercados globais iniciam mais uma semana em tom positivo, com investidores esperançosos após a extensão de negociações chave nas políticas americana e europeia, além do ânimo que vem na esteira do início da distribuição da vacina da Pfizer/BioNTech nos EUA”, disse em nota o time econômico da Guide Investimentos.

No cenário doméstico, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), registrou alta de 0,86% em outubro na comparação com o mês anterior, segundo dado dessazonalizado divulgado nesta segunda-feira.

O resultado, apesar de indicar uma desaceleração em relação ao desempenho do mês anterior, dava aos investidores esperanças de expansão do PIB no quarto trimestre.

Enquanto isso, com a aproximação do recesso do Legislativo, a expectativa é de que várias pautas pendentes, como o Orçamento para 2021 e a reforma tributária, sejam votadas apenas no ano que vem. “Sendo assim, investidores passarão a virada do ano ponderando quando e como o governo pretende retomar o ímpeto da pauta econômica”, escreveu a Guide.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu mais uma vez nesta segunda-feira a suspensão do recesso parlamentar de janeiro para votar temas emergenciais.

O atraso nessas discussões ocorre em meio à persistente incerteza dos mercados em relação à saúde fiscal do Brasil.

O Banco Central fez neste pregão leilão de swap tradicional de até 16 mil contratos com vencimento em abril e setembro de 2021, em que vendeu o total da oferta.

O BC começou a ampliar o volume ofertado em seus leilões de rolagem de swap cambial tradicional no final do mês passado, diante da expectativa de compra bilionária de dólares na virada do ano relacionada ao desmonte do overhedge.

Na última sessão, na sexta-feira, o dólar spot registrou alta de 0,12%, a 5,0476 reais na venda.