Câmbio

Vai cair mais? Economista do Inter prevê dólar a R$ 5,70 no fim de 2025

19 jun 2025, 9:10 - atualizado em 19 jun 2025, 9:10
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Para o economista do Inter, André Valério, o real tem espaço para desvalorização até o final do ano apesar do recente avanço ante o dólar (Imagem: Divulgação/Inter)

O dólar à vista (USDBRL) furou o piso de R$ 5,50 na última segunda-feira (16) pela primeira vez no ano, atingindo a menor cotação desde meados de outubro do ano passado

Na comparação com o real, a moeda registra recuo de cerca de 11% no ano até agora. 

A divisa norte-americana também opera nas mínimas no acumulado do ano. O índice DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis moedas fortes (euro, iene, libra, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço), acumula queda de 9% desde janeiro. 

“A gente tem visto um movimento global de enfraquecimento do dólar contra praticamente todas as moedas e isso é reflexo de uma maior incerteza desde a posse do Trump”, disse André Valério, economista sênior do Inter, em entrevista ao Money Times

Na avaliação dele, a divisa norte-americana deve seguir mais “fraca” no curto prazo. “Um movimento mais global é o que tem mais afetado o dólar.”

Dólar a R$ 5,70

Nas estimativas do Inter, o dólar à vista deve seguir na faixa entre R$ 5,50 e 5,60 nos próximos meses. 

“Temos a visão de que o dólar está enfraquecendo globalmente e, no cenário doméstico, estamos relativamente contidos, apesar dos ruídos fiscais. Não vemos medidas que possam pressionar o mercado [de câmbio] no curto prazo”, afirmou Valério. 

Mesmo com o real mais robusto nos últimos meses, Valério vê espaço para alguma desvalorização do real até o final do ano e o dólar deve encerrar 2025 cotado a R$ 5,70 próximo ao R$ 5,77 estimado pelos economistas consultados pelo Banco Central no Boletim Focus da última segunda-feira (16)

Isso porque o Inter leva em consideração uma saída de capitais em dezembro, ainda que menos intensa do a vista no ano passado. Vale lembrar que o país registrou a maior saída de capital da história em dezembro de 2024.

“Devemos ter movimentos, talvez menos intensos do que o ano passado, em um ambiente muito próximo do ciclo eleitoral — que tende também a aumentar a incerteza e, consequentemente, a volatilidade”, disse Valério ao Money Times

O que enfraqueceu o dólar até agora

O dólar encerrou 2024 com alta de quase 28% sobre o real e cotado próximo a R$ 6,20

Para o economista sênior do Inter, André Valério, a forte valorização da moeda no ano passado “favoreceu” a correção “mais intensa” da divisa norte-americana nesses primeiros seis meses do ano. 

“O dólar já entrou esse ano com a precificação muito elevada. Então, dado o tamanho da incerteza [do início do governo Trump], a gente viu um movimento mais receoso por parte do mercado e que, em meio a essa precificação ‘mais generosa’ favoreceu essa correção mais intensa”, afirmou o economista do Inter. 

O enfraquecimento da divisa norte-americana também leva em consideração as movimentações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nos primeiros seis meses de governo. 

Em abril, Trump anunciou as tarifas recíprocas sobre a importação de produtos estrangeiros nos EUA. Contudo, o chefe da Casa Branca já flexibilizou várias medidas e o governo segue em negociação com os países parceiros.

“Uma hora ele fala uma coisa, volta atrás outra coisa, até se criou “TACO Trade” que é a perspectiva de que o Trump sempre vai voltar atrás. Isso tem gerado muita incerteza, muita volatilidade, mesmo com uma certa acalmada na guerra comercial com a China”. 

Apesar das incertezas recentes, Valério considera ainda “muito cedo” para afirmar que é o fim do ‘excepcionalismo americano’. “A economia norte-americana continua crescendo, o mercado de trabalho parece bastante saudável, a taxa de desemprego contida, sem grandes sinais de uma recessão e dados de inflação bem fracos até o momento”, disse. 

“O mercado norte-americano está bastante robusto e pode continuar entregando desempenho que entregava antes. Mas a incerteza sobre as tarifas também gera uma incerteza sobre a continuidade desse excepcionalismo”, acrescentou o economista.

Já na última semana, as tensões geopolíticas elevaram o grau de incerteza dos investidores em todo o mundo, mas o reflexo no dólar foi “tímido”. 

“O estouro do conflito entre Israel e Irã gerou breve turbulência no câmbio brasileiro, com depreciação do real no início do dia através de um movimento de aversão a risco internacional. O ruído, porém, foi passageiro e todo o movimento de alta foi anulado dentro da mesma sessão, evidenciando impactos pouco significativos para o Brasil”, na visão do Inter, em relatório recente. 

Para o banco, a escalada de tensão no Oriente Médio pode até ser positiva para o Brasil.  “O país apresenta superávit comercial significativo em petroderivados e pode se beneficiar com um preço mais alto do barril de petróleo”.

Em linhas gerais, países emergentes e exportadores de commodities, como o Brasil, são impactados positivamente através do aumento dos preços das commodities — petróleo e minério de ferro, por exemplo. 

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.

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