Duas varejistas tombam mais de 40% em mês de baixa para o Ibovespa; analistas dizem o que fazer

Agosto marcou uma queda de cerca de 5% do Ibovespa (IBOV) e entrou para a história após o índice de referência apresentar a maior sequência de perdas já vista na Bolsa brasileira.

As valorizações foram mais modestas, com destaque para São Martinho (SMTO3), Vibra Energia (VBBR3) e Petrobras (PETR4), que subiram 7,95%, 7,76% e 6,37%, respectivamente.

Enquanto isso, duas varejistas encabeçaram o ranking de maiores perdas do mês, com tombos acima de 40%.

Com uma queda expressiva de 42,39%, o Grupo Pão de Açúcar (GPA – PCAR3) foi a ação do Ibovespa que mais caiu no período, seguida por Via (VIIA3), que viu as ações derreterem 41,20%.

No caso do GPA, a baixa ocorreu após ajustes com a conclusão do spin off do grupo colombiano Éxito. A companhia distribuiu aos acionistas ações que possuía no Éxito.

A operação contemplou a entrega pelo GPA aos acionistas de 1.080.556.276 ações do Éxito, na proporção de 4 ações do Éxito para cada ação do GPA e na forma de BDRs e ADRs, com condições específicas em cada caso.

As ações representaram aproximadamente 83% da participação do GPA no capital social do Éxito.

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Notícia mal recebida

Já em relação à Via, o sentimento do mercado em relação à companhia é contido. Hoje, o papel engatou o 11º pregão seguido no vermelho, na esteira de um fato relevante que levanta a possibilidade de realização de uma oferta de ações.

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Segundo o comunicado, a potencial oferta terá como objetivo captar recursos para “promover a melhora da estrutura de capital da companhia, incluindo o reforço do capital de giro e o investimento em cotas subordinadas da operação de FIDC [Fundo de Investimento em Direitos Creditórios] da carteira de crediário”.

Iago Souza, da Genial Investimentos, explica que a potencial oferta, embora seja de fato boa para a Via conseguir equalizar suas dívidas, pesa para o acionista, uma vez que dilui a base acionária da companhia.

Além disso, o analista encara que o mercado ainda não está totalmente convencido com o novo plano de reestruturação apresentado pela companhia na época da divulgação dos resultados do segundo trimetre do ano.

Segundo Souza, o plano, de início, preocupou, principalmente pelo lado da redução potencial entre 50 e 100 lojas ainda neste ano.

“Existe um gap muito grande entre você fornecer o que vai fazer e você de fato fazer essa coisa. O mercado ainda não deu o benefício da dúvida, principalmente depois do episódio da Americanas (AMER3), que deixou um receio em investir no setor de e-commerce“, comenta.

O que fazer com as ações?

Segundo a Genial, está na hora de o mercado começar a corrigir as distorções em relação ao GPA. A corretora vê oportunidade de risco-retorno, considerando que o GPA está em “um momento crucial de alavancagem operacional e recomposição de margens”. A recomendação, portanto, é de compra.

O BTG Pactual, por outro lado, rebaixou recentemente PCAR3 a “neutro”. O banco explica que o potencial de valorização no modelo consolidado anterior vinha do valuation de soma das partes dos diversos ativos no balanço patrimonial da empresa, principalmente o Éxito. Com a cisão, o BTG avalia que o GPA se torna uma escolha mais arriscada do que outros varejistas de alimentos.

Para as ações da Via, a Genial tem recomendação de “manter”. O Inter Research é neutro, O analista Breno De Paula afirma que o setor de varejo pode melhorar junto com o sentimento em relação à economia brasileira, com o ciclo de baixa dos juros. O especialista reforça, no entanto, que a Via tem mais dificuldades do que outras empresas. Portanto, o trabalho de recuperação é maior.

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