É cedo para apostar em fim de reinado do dólar, diz Wall Street

Na opinião de gestores de recursos, é muito cedo para descartar o domínio do dólar, pois o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos pode não estar perto do pico.

Essa é a firme convicção das equipes de gestão da JPMorgan Asset Management e da Fivestar Asset Management, mesmo depois de o indicador da moeda americana ter atingido a mínima em um mês nesta quinta-feira.

Sinais de que os fortes aumentos dos juros pelo Federal Reserve começam a surtir efeito levam a apostas de um ritmo mais lento de elevação das taxas.

Mas os que acreditam em mais ganhos para o dólar permanecem destemidos: um Fed determinado a subir os juros, temores de recessão global e maiores tensões geopolíticas na Europa só tendem a impulsionar a demanda pela moeda americana, dizem investidores.

“No momento, é difícil ver o que causaria o enfraquecimento do dólar daqui em diante”, disse Iain Stealey, diretor de investimentos internacionais para renda fixa do JPMorgan. “O Fed ainda não atingiu a taxa terminal, e a economia dos EUA parece provavelmente um pouco mais resiliente do que algumas outras por aí.”

Investidores se perguntam qual será o rumo do dólar depois que um aumento dos juros abaixo do esperado pelo Banco do Canadá reforçou expectativas de uma guinada “dovish”, de afrouxamento monetário, por outros bancos centrais.

Um rali de quatro meses no dólar impactou os mercados globais e empurrou uma série de moedas para as menores cotações nos últimos anos, enquanto os custos de importação nos países em desenvolvimento dispararam.

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A força do dólar levou autoridades do Japão ao Chile a intervirem para proteger suas moedas, embora as medidas tenham produzido resultados limitados.

Perto do pico

Com a sequência de vitórias do dólar, estrategistas como Ayako Sera, do Sumitomo Mitsui Trust Bank, argumentam que a moeda pode perder força em breve. “Levará algum tempo para obter a confirmação se a moeda americana fez pico, mas as condições começaram a se alinhar para o dólar chegar ao topo”, afirmou.

Na quinta-feira, o índice Bloomberg Dollar Spot estava a caminho do primeiro ganho em três sessões.

Outros analistas não têm tanta certeza. Embora a moeda americana possa se consolidar antes da reunião de política monetária do Fed na próxima semana, “o cenário fundamental para o dólar permanece positivo”, escreveu em nota Win Thin, chefe de estratégia de câmbio da Brown Brothers Harriman & Co., em Nova York.

Autoridades do Federal Reserve parecem divididas sobre o ritmo de aperto adicional. O presidente do Fed de Filadélfia, Patrick Harker, disse que as autoridades provavelmente aumentarão os juros “bem acima” de 4% este ano, enquanto seu colega de Chicago, Charles Evans, disse que ultrapassar a meta pode ser sair caro e que há grande incerteza sobre o efeito na prática de uma política restritiva.

Hideo Shimomura, da Fivestar Asset Management, também não arrisca prever o fim do rali.

“Acho que não vimos o ponto de virada para o dólar”, disse Shimomura, gestor sênior de portfólio em Tóquio. “Provavelmente, não acontecerá até que tenhamos uma visão mais clara de até que ponto o Fed aumentará os juros.”