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E-commerce da Via Varejo tem batismo de fogo com Covid-19, e impõe respeito

14 maio 2020, 16:17 - atualizado em 14 maio 2020, 16:33
Marketplace da Via Varejo e-commerce
Marcas fortes: marketplace da Via Varejo cresceu 130% em abril e impressionou analistas (Imagem: Divulgação/Via Varejo)

A esta altura, você já sabe que a Via Varejo (VVAR3) lucrou R$ 30 milhões no primeiro trimestre, revertendo as perdas de R$ 50 milhões de um ano atrás. Já viu, também, que as ações reagiram favoravelmente no pregão de hoje (14).

Então, vamos ao que interessa: a pandemia de coronavírus provou que a companhia está pronta para brigar, de igual para igual, no varejo online.

A avaliação é compartilhada por todos os analistas que já se pronunciaram sobre seu desempenho, desde a divulgação do balanço, na noite de ontem (13). O consenso representa uma mudança digna de nota do mercado, que desconfiava que a Via Varejo tivesse demorado demais para entrar no e-commerce.

De um lado, os analistas viam nativas digitais, como o Mercado Livre (MELI34) e a B2W (BTOW3), consolidarem suas posições no varejo digital. De outro, o Magazine Luiza (MGLU3) acelerava o passo na direção de se tornar uma empresa multiplataforma, ou omnichannel, no jargão do setor.

Alguns analistas, inclusive, já ignoravam a Via Varejo como um ator relevante neste mercado, e esperavam uma guerra entre o Magazine Luiza, o Mercado Livre e a B2W.

Força das circunstâncias

Mas, eis que a pandemia de coronavírus impõe o fechamento de lojas físicas e o isolamento social. E a empresa reage com força. “Acreditamos que a Via Varejo está rapidamente encurtando o gap existente entre ela e os principais players do canal online”, afirma Georgia Jorge, que assina o relatório do BB Investimentos.

Georgia acrescenta que tal avanço “traz maior segurança quanto à sua capacidade de ser um grande ominicanal do varejo, focado também em soluções digitais como meios de pagamento e super app.”

Em relatório obtido pelo Money Times, o UBS vai na mesma linha, ao destacar o forte crescimento das vendas online da empresa. Além de lançar um novo app (o Via+), os canais já existentes apresentaram um salto nas últimas semanas.

Casas Bahia, controlada pela Via Varejo
Próximos capítulos: novo app para celulares, mais integração de ferramentas e crédito pré-aprovado para os clientes estão no forno (Imagem: Facebook/Divulgação/Casas Bahia)

O canal 1P (venda online direta, em que o consumidor adquire produtos do estoque da Via Varejo) cresceu 260% em abril, na comparação com o mesmo mês de 2019. Já o marketplace (3P) aumentou 130%.

Nele, outras empresas utilizam o ambiente criado pela companhia para vender seus produtos aos clientes, e a Via Varejo recebe uma comissão.

Para o Credit Suisse, é hora de todos prestarem atenção na concorrência da Via Varejo no mundo digital. Victor Saragiotto e Pedro Pinto, que assinam o relatório conseguido pelo Money Times, afirmam que “o abrupto crescimento das vendas online, em abril, provavelmente chamará a atenção dos investidores, que poderiam começar a incluir a Via Varejo na cesta do e-commerce”.

Os analistas acrescentam que ainda há um longo caminho pela frente, mas “a disposição da companhia em preservar seu capex para a transformação digital e os resultados já entregues nos deixam bem otimistas.”

Roteiro

Parte desse caminho já está mapeado e deve ser percorrido nos próximos meses, ainda sob o impacto da quarentena. Guilherme Assis e Felipe Reboredo, que respondem pelo relatório do Banco Safra, observam que a Via Varejo divulgou também um plano para o varejo digital, que será iniciado em 60 dias.

Ele prevê uma série de melhorias e novos serviços e funcionalidade para os clientes, maior integração entre os estoques dos canais 1P e 3P, com o objetivo de aumentar o poder de vendas de sua equipe, histórico de compras dos clientes e crédito pré-aprovado, entre outros.

“Também destacamos a rápida adaptação ao cenário da Covid-19”, acrescentam os analistas. Para se ter uma ideia, ferramentas simples, como uma hashtag no WhatsApp (#mechamanozap), permitiram que seus vendedores continuassem atendendo, mesmo em casa.

Segundo a Via Varejo, o resultado foi alcançar 70% da meta de vendas em abril, mesmo com 80% das lojas fechadas. Se havia alguma dúvida de que a Via Varejo não está no mundo digital para brincar, os números são um bom argumento para os rivais (e analistas) mudarem de ideia.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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