Perspectivas 2023

É hora de colocar os mercados emergentes em observação positiva

12 dez 2022, 19:55 - atualizado em 12 dez 2022, 19:55
ações
Mercados emergentes devem superar desempenho dos ativos desenvolvidos, diante do aperto dos juros pelo Fed e risco de recessão nos EUA (Fonte: Pexels)

O baixo desempenho dos mercados emergentes em relação aos desenvolvidos está com os dias contados. Depois de passar os últimos 12 anos com uma visão abaixo da média do mercado (underweight), o BCA Research diz que agora é hora de colocar as ações de países em desenvolvimento em observação positiva visando uma potencial valorização.

“Estamos colocando as ações de mercados emergentes em observação para possível atualização positiva em 2023”, afirma o estrategista-chefe de mercados emergentes da consultoria canadense, Arthur Budaghyan, em relatório especial.

No entanto, ele alerta: por ora, os investidores devem ficar na defensiva. Isso porque ainda não existem condições para um mercado de alta (“bull market”). Nem mesmo as ações de algum setor específico deve registrar um desempenho superior (outperformance). 

Ao contrário, as big techs dos Estados Unidos ainda devem conduzir uma derrocada global dos mercados acionários. “Portanto, as perspectivas para as ações globais atualmente são ruins”, ressalta o estrategista.

Ele lembra que o movimento de rotação das ações normalmente ocorre durante ou após mercados de baixa (“bear market”) ou grandes correções nos preços globais dos ativos de risco. “Uma nova rotação surgirá durante ou após esse momento”, prevê.

Fed e a recessão

Budaghyan avalia que o desempenho inferior das ações dos mercados emergentes em relação aos EUA está em um estágio avançado. Afinal, pela primeira vez em décadas, o Federal Reserve está elevando a taxa de juros em um momento em que os indicadores de atividade estão em território contracionista.

“Isso não é nenhum pouco otimista”, afirma o estrategista. Para ele, ainda que o Fed reduza o ritmo de aumento dos juros neste mês e, possivelmente, no início de 2023, isso não representa um “pivô”.

“Um ‘pivô’ do Fed deve ser marcado por uma comunicação explícita de que acabou a subida [dos juros] e está contemplando um corte da taxa no futuro próximo”, explica. E ele acrescenta: “o Fed ainda não chegou nesse momento”, completa. 

Por isso, Budaghyan prevê que uma recessão da economia dos EUA é provável “a qualquer momento em 2023”. O problema é que o mercado de ações norte-americano ainda não precifica uma contração no lucro das empresas como consequência da queda da atividade. “O mercado de ações dos EUA continua caro”, avalia. 

A vingança dos emergentes

E é aí que os mercados emergentes entram em cena. “Os índices de ações emergentes estão à beira de um momento de sucesso por algumas histórias de fracasso”, afirma. 

Entre alguns desses episódios, o estrategista do BCA Research narra o fato de os preços das ações dos mercados emergentes estarem nos níveis mais baixos de 1998-2001 em relação ao S&P 500. “Isso seria um grande sinal de alta”, diz.

Para Budaghyan, haverá ciclos de desempenho acima ou abaixo da média dos mercados emergentes. “E é nesse momento em que se deve alternar a estratégia e capturar essas oscilações”, explica. 

Dólar é o fiel da balança

Segundo ele, o dólar será o balizador desse ponto de entrada. Por ser uma “moeda anticíclica”, que se valoriza quando o crescimento global cai, pressionando os ativos de risco, a força renovada do dólar não é propícia a uma recuperação dos mercados emergentes nem a um desempenho relativamente superior das ações.

Ao menos por enquanto. “É preciso aguardar outra disparada do dólar para recomendar que os investidores comprem mercados emergentes de forma mais agressiva”, explica o estrategista.

Antes das ações, mire a renda fixa

Por ora, o BCA Research sugere alocação em títulos domésticos em moeda local. Ou seja, antes de comprar ações emergentes, a renda fixa desses países está atrativa.

“Nas últimas semanas, compramos bônus locais mexicanos, chilenos, peruanos, húngaros e filipinos. Hoje, recomendamos posições compradas em papéis locais poloneses e tchecos de 10 anos, sem proteção cambial e temos sob observação títulos da Índia, Coréia e Malásia, que pretendemos alocar nos próximos meses”, elenca Budaghyan.

Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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