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É melhor não olhar para cima? Por que resultados da Netflix (NFLX34) preocupam analistas

13 jan 2022, 17:08 - atualizado em 13 jan 2022, 18:50
Não olhe para a cima, da Netflix
“Não olhe para cima”, da Netflix, pode garantir novos assinantes. Mas é o suficiente? (Netflix / Reprodução)

A divulgação do próximo balanço da Netflix (NFLX34)  tem causado alvoroço no mundo dos investidores. Em cerca de uma semana, a gigante de streaming irá publicar seus resultados financeiros referentes ao quarto trimestre de 2021. E as expectativas, apesar de boas, preocupam.

Isso porque, apesar do lançamento de filmes como “Não Olhe Para Cima” (Don’t Look Up) e novas temporadas de séries de sucesso, como “Emily Em Paris”, é provável que o crescimento de assinantes não seja tão robusto quanto foi no passado, com a entrada de novos concorrentes no setor.

No terceiro trimestre de 2021, a Netflix divulgou ter atingido a marca de 213,56 milhões de assinantes. A preocupação, agora, é se a empresa vai conseguir traduzir todo esse sucesso de audiência em quantidade de pessoas que pagam para utilizar a plataforma.

Mercado quente, quase pelando

Nos Estados Unidos, novos entrantes no mercado, como o Peacock, da NBC, e o Paramount+, da ViacomCBS, aumentaram a competição pela atenção dos assinantes. Além desses, nomes como Globoplay, Disney+, Amazon Prime Video e HBO também deixam a briga mais acirrada.

Segundo Fabro Steibel, diretor-executivo do Instituto de Tecnologia & Sociedade do Rio de Janeiro, a preocupação se dá exatamente por esse motivo.

“Essas outras empresas têm forças que a Netflix não tem, tanto na produção quanto na distribuição de conteúdo”, diz. “Mas precisamos lembrar que a companhia tem feito sucesso de bilheteira atrás de sucesso de bilheteira.”

Squid Game
Round 6 foi um dos sucessos da plataforma no quarto trimestre de 2021 (Netflix / Reprodução)

Para Rodrigo Crespi, analista da Guide, devido à sazonalidade do período de lançamentos da plataforma, em especial com o sucesso internacional “Round 6 (Squid Game)”, muitas pessoas assinaram a plataforma – o que não significa que elas mantiveram suas assinaturas quando a maratona da série acabou.

“Isso elevou o número de assinaturas, que acabou se estabilizando, e agora vemos uma queda novamente, principalmente na Ásia, na Europa e na América Latina. No Canadá e nos Estados Unidos isso é mais sustentável”, afirma Crespi.

“Acreditamos que deve haver um crescimento na margem operacional da empresa, é claro, mas de forma geral, no mundo, as assinaturas têm caído.”

Comprar ou não comprar, eis a questão

Para a Guide, ainda vale a pena comprar as ações da empresa. O mesmo é dito pelo Credit Suisse. Em nota, o analista Douglas Mitchelson afirmou que o banco mantém as ações da companhia (NFLX)  como outperform, com preço-alvo de US$ 740.

“A Netflix é um líder de alta qualidade que ainda pode crescer, mas os frutos mais fáceis foram colhidos, a concorrência está chegando, as guerras de streaming aumentarão os custos de conteúdo e a avaliação ainda não é atraente para investidores que não estão em crescimento, deixando em aberto um viés negativo para o sentimento”, afirmou Mitchelson, segundo a CNBC.

“Com o quatro trimestre amplamente anunciado como o maior de conteúdo da Netflix de todos os tempos, esperamos que os investidores recalibrem suas perspectivas de longo prazo com base se essa grande lista de conteúdo gerou ou não um forte crescimento”, continuou.

Mas Thiago Lobão, CEO da Catarina Capital, discorda. “Não é um ativo que a gente não recomenda, mas entendemos que tem um caminho de crescimento muito mais ameno, por isso não trabalhamos mais com o papel”, explica. Segundo ele, os motivos para isso são vários – e esbarram, é claro, na questão dos assinantes pagos.

Emily em Paris
Série “Emily em Paris” foi sucesso na Netflix (Netflix / Reprodução)

“A Netflix tem grandes desafios para o ano e também para médio e longo prazo. A empresa tomou uma dimensão muito grande, a liderança do mercado, em um contexto que ele convivia basicamente com o Prime Video e com a Apple TV, duas soluções adjacentes ao negócio principal dessas companhias, e agora tem um desafio de manter o mesmo ritmo de crescimento acelerado. Então é natural que, quando o negócio cresce muito, ele não consiga crescer além daquilo, o que gera um platô, que já tem sido observado na Netflix nos últimos tempos”, diz.

Diversificação

Para Lobão, o fato de o mercado de streaming estar tão aquecido faz com que as empresas tenham que correr para produzir novos conteúdos atraentes para os usuários, além de descobrir novas frentes para aumentar a competitividade.

A própria Netflix, por exemplo, lançou uma plataforma de games recentemente. “O ambiente está muito mais competitivo e isso dificulta o ritmo de aquisição de usuários. No caso da Netflix, a diferenciação da empresa também tem um negócio local muito lucrativo, o que gera uma perspectiva legal de redução de endividamento”, afirma.

“Entendemos que a Netflix está em um oceano mais vermelho, de convívio com novas plataformas de streaming, em um cenário bastante nervoso, com demandas cavalares e o volume não é o mesmo do passado. A Netflix, para virar o jogo, tem feito novos conteúdos, como os games, que fez com que a ação da empresa se valorizasse, mas também é uma aposta muito grande em um mercado já consolidado. É uma tentativa, uma aposta para reter mais tempo de tela dos usuários”, afirma.

Se a aposta der certo, é mais um saldo positivo para a conta da Netflix. Se não, a próxima temporada financeira da gigante do streaming pode ser um pouco mais complicada do que o esperado (e cheia de plot twists).

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Jornalista formada pela Faculdade Paulus de Comunicação (FAPCOM) e editora do Money Times, já passou por redações como Exame, CNN Brasil Business, VOCÊ S/A e VOCÊ RH. Já trabalhou como social media e homeira e cobriu temas como tecnologia, ciência, negócios, finanças e mercados, atuando tanto na mídia digital quanto na impressa.
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Jornalista formada pela Faculdade Paulus de Comunicação (FAPCOM) e editora do Money Times, já passou por redações como Exame, CNN Brasil Business, VOCÊ S/A e VOCÊ RH. Já trabalhou como social media e homeira e cobriu temas como tecnologia, ciência, negócios, finanças e mercados, atuando tanto na mídia digital quanto na impressa.
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