Tecnologia

Elon Musk: O que esperar da participação do homem mais rico do mundo no Twitter (TWTR34)

06 abr 2022, 10:29 - atualizado em 06 abr 2022, 10:31
Elon Musk
Elon Musk agora é o maior acionista do Twitter (Wikimedia Commons)

O homem mais rico do mundo e dono da Tesla e da SpaceX decidiu entrar de vez no mundo das redes sociais. Na segunda-feira (4), Elon Musk adquiriu 9,2% das ações do Twitter (TWTR), se tornando o maior acionista da companhia, na frente até mesmo do fundador da rede social, Jack Dorsey.

A participação de Musk vale cerca de US$ 2,9 bilhões, levando em conta o fechamento da ação de US$ 39,31 na sexta-feira (1º). Além disso, na terça-feira (5), o bilionário foi convidado a participar do quadro de diretores do Twitter.

A nomeação, no entanto, potencialmente bloqueará as chances de uma oferta de aquisição de Musk, já que com um cadeira no conselho ele não pode deter mais de 14,9% das ações do Twitter (TWTR34) seja como acionista individual ou membro de um grupo.

Mesmo assim, a entrada de Musk no conselho administrativo deve trazer mudanças à rede social. Como, recentemente, a divulgação de que um botão para editar tuites está sendo testado.

Em seu perfil na rede social, Musk já fez uma enquete: “você gostaria de ter um botão de edição?”. A resposta para a pergunta, que teve 4.406.764 votos, foi majoritariamente “sim”.

Isso, para analistas ouvidos pelo Money Times, dá indícios da forma como Musk deve usar seu espaço na rede social para “comandá-la”.

“Há um histórico de Musk de usar a rede social para alavancar ações ou investimentos. Investigações sobre os tuites de cripto são exemplo disso”, explica Fabro Steibel, diretor-executivo do ITS-Rio. “Investir em empresas de tecnologia é comum. Mas… é preciso verificar se ele tuitou e comprou, ou comprou e tuitou”, brinca.

Segundo Steibel, “o Twitter está passando por um momento de reformulação com a chegada do novo CEO”, o que “pode ser um momento de transição de novas ferramentas”.

“A própria enquete sobre a ferramenta de editar, por exemplo, pode ser uma estratégia para o quadro acionário e influenciar o desenvolvimento do produto”, continua.

Para Steibel, a relação entre Musk e o Twitter se torna preocupante apenas se ele usar de seus tuites para “direcionar a companhia” de alguma forma.

“A relação tensa se dá entre um acionista que usa das redes sociais para direcionar a empresa, o que se reflete nas ações adquiridas. Afora isso, vale considerar que o Twitter é um dos principais formas de comunicação dele”, diz.

Como exemplo, Steibel cita as diversas falas do bilionário sobre criptomoedas. Musk já foi, inclusive, investigado por sua atuação dentro do mercado, causando mudanças significativas na cotação de moedas como a Dogecoin e o Bitcoin.

Um exemplo simples é que, em outubro do ano passado, Musk tuitou uma foto de seu cachorro, Floki, da raça Shiba Inu, o que fez com que a criptomoeda shiba inu coin disparasse 1.600%.

“Musk está sendo investigado por, provavelmente, ter algumas informações privilegiadas e usar a rede social para movimentar esse mercado a seu favor. E ele tem um relacionamento próximo com o Twitter porque é ali que ele anuncia seus projetos e fala sobre sua vida pessoal”, diz Steibel.

Como diz Steibel, “Musk mandou o currículo pelo banco, ao adquirir as ações, e pelo Twitter”, ao usar a rede social com frequência.

Às 10h06 do horário de Brasília, a rede social subia 2,02%, a US$ 50,98.

Musk e o Twitter: uma história antiga

As publicações do bilionário no Twitter conseguiram derrubar e aumentar o valor de criptomoedas. Com apenas 280 caracteres, Musk consegue brincar com o mercado.

Em seu perfil no Twitter, Musk coleciona um total de 80,7 milhões de seguidores bastante engajados.

Em janeiro passado, próximo ao auge da febre GameStop, Musk fez um simples tuite com a palavra “Gamestonk!” e um link para o fórum do Reddit que estava impulsionando as ações da companhia. O papel do bilionário foi fundamental para que os ativos da empresa passassem da casa dos US$ 300.

Em março de 2021, ele deu início a uma das maiores polêmicas de seu perfil na rede social, quando afirmou que a Tesla passaria a aceitar pagamentos em Bitcoin. Segundo ele, à época, “o Bitcoin pago à Tesla será retido como Bitcoin, não convertido em moeda fiduciária”. Isso fez com que o preço da criptomoeda disparasse.

Mas não demorou para que ele mudasse de ideia. Em maio, Musk voltou ao Twitter para explicar, em uma série de postagens, porque sua companhia não aceitaria mais Bitcoin como forma de pagamento. O motivo?

“Estamos preocupados com o rápido aumento no uso de combustíveis fósseis para a mineração e as transações em Bitcoin, especialmente de carvão, que tem a pior emissão de qualquer combustível”, afirmou ele na publicação. “Os criptoativos são uma boa ideia em muitos níveis e acreditamos que eles têm um futuro promissor, mas isso não pode acontecer com um alto custo ao meio-ambiente”, continuou.

O Bitcoin, depois da novidade, despencou, assim como outras criptomoedas celebradas pelo magnata, como a dogecoin.

E nem a sua empresa, a Tesla, saiu imune ao poder de Musk de afetar os mercados com apenas uma publicação.

Em novembro, as ações da companhia caíram após um tuite no qual Musk perguntava se deveria vender 10% de seus papéis porque “muito se tem feito ultimamente com os ganhos não realizados sendo um meio de evasão fiscal”. 3.5 milhões de pessoas votaram. 60% votaram para que os ativos fossem vendidos.

Em dezembro, ele continuou a vender ações da Tesla para chegar a meta de 10% e afirmou que pagaria US$ 11 bilhões em impostos.

Musk, que foi eleito a personalidade do ano pela revista Time, no entanto, não acredita que causa um efeito nos mercados. “Os mercados se movem o tempo todo, com base em nada, que eu saiba”, disse ele à Time.

Em 2022, e com um papel de Musk diretamente no conselho do Twitter, pode-se esperar grandes mudanças. E, é claro, ainda mais tuites. 

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Jornalista formada pela Faculdade Paulus de Comunicação (FAPCOM) e editora do Money Times, já passou por redações como Exame, CNN Brasil Business, VOCÊ S/A e VOCÊ RH. Já trabalhou como social media e homeira e cobriu temas como tecnologia, ciência, negócios, finanças e mercados, atuando tanto na mídia digital quanto na impressa.
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Jornalista formada pela Faculdade Paulus de Comunicação (FAPCOM) e editora do Money Times, já passou por redações como Exame, CNN Brasil Business, VOCÊ S/A e VOCÊ RH. Já trabalhou como social media e homeira e cobriu temas como tecnologia, ciência, negócios, finanças e mercados, atuando tanto na mídia digital quanto na impressa.
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