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Em metamorfose, Bemobi quer ser fintech de concessionárias em países emergentes

08 set 2022, 9:02 - atualizado em 08 set 2022, 9:02
Bemobi
O plano vem a público cerca de um mês após a companhia ter ‘entrado’ no setor elétrico, oferecendo pagamento digital para clientes da Equatorial e da Energisa em várias regiões do Brasil (Imagem: Bemobi/Divulgação)

A Bemobi planeja fazer acordos em diversos países nos próximos meses para prover pagamentos e outros serviços financeiros a clientes de concessionárias de serviços públicos, tentando capitalizar ganhos com a digitalização de usuários ainda não alcançados pelos bancos digitais.

O plano vem a público cerca de um mês após a companhia ter ‘entrado’ no setor elétrico, oferecendo pagamento digital para clientes da  Equatorial (EQTL3) e da Energisa (ENGI11) em várias regiões do Brasil.

“Vamos levar para outros países a experiência que tivemos no Brasil”, disse à Reuters o cofundador e presidente-executivo da Bemobi, Pedro Ripper.

O plano sedimenta uma virada no negócio da Bemobi, que estreou na B3 no começo de 2021 se vendendo como distribuidora de games e aplicativos para operadoras de telecomunicações, serviços que respondiam por cerca de 80% de sua receita total.

Com parte dos 1,1 bilhão de reais levantados com a venda de ações novas, meses depois comprou a fintech chilena Tiaxa e recomprou da Cielo a Multidisplay, reforçando a estrutura ‘white label’, quando uma empresa aluga sua estrutura operacional, mas o produto aparece ao usuário final com a marca do cliente.

Desde então, a empresa deslanchou uma iniciativa até então recente, a oferta de serviços bancários digitais como pagamentos, compra de cartões de recarga, microcrédito e parcelamento de faturas para as chamadas ‘utilities’, o que já faz no Brasil e em outros 40 países.

Essa reviravolta ajudou a receita da Bemobi disparar 119% no primeiro semestre, corroborando a preservação do caixa, hoje de cerca de 500 milhões de reais.

Isso também protegeu parcialmente suas ações contra o ceticismo pós-pandemia que dizimou o setor, com investidores cobrando das fintechs evidências de que podem ser rentáveis. Desde a estreia na bolsa, sua ação perdeu 1/3 do valor. Para efeito de comparação, o papel da StoneCo caiu 90%.

“Somos uma empresa em metamorfose”, disse Ripper, contando que os negócios de fintech já respondem por quase metade da receita da Bemobi.

Não é a primeira guinada da companhia, parte do grupo norueguês Otello, que foi criada em 2009 para operar com dados móveis. Seis anos depois, migrou para produção de conteúdo para o setor de telecom.

A ordem agora é aproveitar o interesse das concessionárias de serviços como eletricidade, saneamento e gás para ter um canal financeiro direto com seus clientes, num mercado potencial de mais de 2,6 bilhões de pessoas em países emergentes, segundo as contas da Bemobi.

De quebra, a empresa acabou montando um modelo de avaliação de risco de crédito especializado em famílias de menor renda, com base no histórico de pagamentos às concessionárias, produto que tem vendido para bancos digitais.

“Em segmentos da população com dados de crédito mais rarefeitos, nós podemos competir com os bureaus de crédito”, disse Ripper.

Listagem no exterior?

Se a capacidade de perceber e se mover rápido para boas oportunidades de negócios tem sido uma de suas fortalezas, por outro lado a Bemobi reclama das dificuldades de explicar a natureza de seu negócio para os investidores.

“O mercado ainda não compreendeu totalmente o nosso negócio”, admite Ripper. “Na verdade, eu não consigo nem que a minha mãe entenda exatamente o que a gente faz.”

O executivo conta que avalia uma possível listagem futura da Bemobi em bolsas no exterior que já tenham um maior volume de empresas baseadas em tecnologia, o que facilitaria para o mercado compará-la com outras de perfil parecido e já foi sondada nesse sentido por bolsas norte-americanas.

“Mas primeiro temos que fazer nossa lição de casa com nossos investidores”, concluiu.

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