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Embraer (EMBR3): Suspensão da Boeing pela China seria vitória para a brasileira?

16 abr 2025, 15:43 - atualizado em 16 abr 2025, 17:34
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Ações da Embraer devolvem ganhos da véspera e analistas veem com cautela benefícos de movimento da China (Imagem: Paulo Whitaker/REUTERS)

As ações da Embraer (EMBR3) recuam nesta quarta-feira (16), devolvendo os ganhos do dia anterior, quando repercutiu a ordem da China para que suas companhias aéreas não aceitem mais recebimento de jatos da Boeing.

A informação, divulgada pela Bloomberg, seria uma resposta à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 145% sobre os produtos chineses.

As ações encerraram o pregão com queda de 3,46%, a R$ 62,41, frente ganhos de 3,06% na véspera. Acompanhe o tempo real.



Nesta quarta, o porta-voz do Ministério do Exterior da China, Lin Jian, não confirmou a informação de suspensão, mas elogiou a aviação brasileira e o apontou como um país importante para o setor, segundo informações da Folha de S. Paulo.

Na avaliação de André Ferreira, do Bradesco BBI, e Wellington Lourenço e Larissa Monte, da Ágora Investimentos, a alta observada na terça (15) refletiu o otimismo e o fato de que a Embraer tem uma carteira de pedidos comercial menor que a dos pares. No entanto, os analistas ponderam que ainda há muito o que acontecer em termos de guerra comercial.

Para os analistas, a Airbus ou a Comac seriam os beneficiários mais diretos, já que suas aeronaves correspondem melhor as da Boeing em termos de tamanho, enquanto a Embraer tem jatos menores. Dessa forma, o efeito positivo poderia não ser imediato para a brasileira.

No entanto, o BBI e a Ágora têm uma perspectiva positiva sobre a Embraer, que figura como uma das principais recomendações dos analistas. O preço-alvo para a ação é de R$ 90.

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Medida da China pode ser vitória para Embraer?

Ainda que a China de fato suspenda os jatos da Boeing, os analistas Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Marcel Zambello, do BTG Pactual, destacam que aviões não são commodities que podem ser armazenadas, comercializadas ou substituídas rapidamente, como ocorre com outros produtos envolvidos na escalada da guerra comercial entre EUA e China.

Eles pontuam que as companhias aéreas geralmente têm pouca flexibilidade para trocar entre diferentes tipos de aeronaves, dado o alto custo de migração de um modelo para outro, que demanda intensidade de capital, treinamentos, dimensionamento da frota, entre outros.

“Assim, avaliamos inicialmente que a suspensão das importações de aeronaves da Boeing por companhias aéreas chinesas terá impacto marginal sobre a Embraer, caso se trate de uma restrição temporária, presumivelmente durante o mandato de Trump, embora sua política tarifária seja volátil”.

Para que a medida abra uma nova via de crescimento para a fabricante brasileira, a suspensão precisaria se consolidar como uma restrição prolongada, na visão do banco.

“No entanto, adotaríamos uma visão cautelosa quanto a essa possível oportunidade, pois entendemos que o tema tarifário é instável e está em constante transformação, o que nos leva a não esperar mudanças relevantes para a Embraer no curto a médio prazo”, ponderam os analistas.

O BTG Pactual também conta com recomendação de compra para Embraer, com preço-alvo R$ 94.

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.