Internacional

Emergentes podem enfrentar outra onda vendedora, diz pesquisa

06 maio 2020, 7:49 - atualizado em 06 maio 2020, 7:49
Ibovespa Mercados queda
A próxima onda de vendas no mercado acionário provavelmente ocorrerá em setembro, de acordo com a maioria dos 61 investidores (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Os mercados emergentes devem passar por outra onda vendedora ainda este ano, o que pode prejudicar a recuperação da crise causada pela pandemia de coronavírus e aumentar as perdas que já totalizam US$ 3 trilhões, segundo pesquisa.

A próxima onda de vendas no mercado acionário provavelmente ocorrerá em setembro, de acordo com a maioria dos 61 investidores, estrategistas e operadores pesquisados no mês passado.

Espera-se que a América Latina seja a região com pior desempenho em câmbio, títulos e ações no segundo semestre.

Embora esperem outra rodada de vendas, a maioria dos entrevistados ainda acredita em recuperação, e a maioria dos ativos deve encerrar o ano acima dos níveis atuais.

Os investimentos em mercados emergentes registram recuperação significativa em relação à onda vendedora inicial desencadeada pela pandemia de coronavírus.

O índice MSCI Emerging Markets teve o maior ganho mensal em quatro anos em abril. Os investidores ficaram mais otimistas em relação a possíveis medicamentos em desenvolvimento para combater o patógeno, medidas de estímulo global e sinais de redução dos confinamentos em vários países.

Embora a perspectiva permaneça volátil, a maioria dos entrevistados ainda vê ganhos nas três classes de ativos até o fim do ano.

Em termos de áreas geográficas, os ativos asiáticos são vistos como os mais atraentes para ações, moedas e títulos, segundo a pesquisa.

Os títulos de renda fixa da região recuperaram o primeiro lugar que perderam na pesquisa anterior. A América Latina deve ser a lanterninha nas três categorias, pois sofre as maiores consequências da pandemia de vírus.

“A América Latina é uma grande preocupação, considerando como a região entrará no inverno e poderá registrar um aumento dos casos de infecção”, disse Tetsuya Yamaguchi, analista técnico-chefe da Fujitomi, em Tóquio.

“A situação da pandemia em países asiáticos como China e Coreia do Sul começa a mostrar alguma estabilização, e a região tem mais espaço para implantar mais estímulos financeiros e fiscais.”

O surto de coronavírus, que abalou mercados globais neste ano, substituiu as tensões comerciais EUA-China como a principal influência sobre emergentes no segundo semestre.

A perspectiva para a economia da China foi a única das três principais preocupações que manteve a mesma posição da pesquisa de dezembro, enquanto as medidas de estímulo fiscal global e provável impacto nas economias em desenvolvimento ficaram em terceiro lugar.

Na comparação com mercados desenvolvidos, os entrevistados esperam que as moedas e ações de emergentes tenham desempenho inferior.

A perspectiva para a economia da China foi a única das três principais preocupações que manteve a mesma posição da pesquisa de dezembro (Imagem: Reuters/Issei Kato)

O total dos ativos de mercados emergentes era superior a US$ 28 trilhões no fim do ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg com base no valor combinado de ações de 26 países listados pela MSCI, juntamente com os índices de renda fixa Bloomberg Barclays de títulos locais, dívida em dólar e títulos denominados em euro.

No final de abril, o valor dos ativos havia encolhido em US$ 3 trilhões, puxados por perdas de US$ 2,8 trilhões em ações.

Os entrevistados tinham forte preferência por ativos de menor rendimento de países como China, Coreia do Sul, Tailândia e Polônia.

É uma mudança em relação à pesquisa anterior, quando mostravam clara preferência por países de maior rendimento como Indonésia, Brasil e Índia.

Os entrevistados também foram questionados sobre as perspectivas de inflação, política monetária e crescimento econômico em 12 mercados emergentes. Aqui estão gráficos que resumem suas visões:

bloomberg@moneytimes.com.br