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Empresas zumbis se multiplicam nos EUA e aumentam riscos

19 maio 2020, 15:45 - atualizado em 19 maio 2020, 15:45
Wall Street
(Imagem: REUTERS/Andrew Kelly)

Enquanto o Federal Reserve faz todos os esforços para fortalecer os mercados de crédito, empresas dos Estados Unidos se afundam em dívidas.

Empresas como Carnival, Marriott International, Delta Air Lines, Gap e Avis Budget, atingidas pelo surto de coronavírus, precificaram bilhões de dólares em títulos e empréstimos nas últimas semanas.

Não importa que os lucros tenham evaporado e que as operações comerciais não sejam viáveis agora ou no longo prazo. Desde que sejam apoiadas pelo Fed, investidores estão dispostos a emprestar.

No entanto, as expectativas de recuperação econômica em forma de V desaparecem rapidamente e um número cada vez maior de veteranos do setor começa a mostrar preocupação com essa dinâmica de endividamento.

Alguns alertam que o Fed está colocando os mercados de crédito no caminho de uma futura onda de inadimplência que deve ofuscar o ritmo atual de pedidos de proteção contra falência.

Outros veem consequências ainda mais graves.

Nesse cenário, dizem, empresas moribundas em setores profundamente marcados pela pandemia continuarão a tomar empréstimos.

Observadores do mercado, como o economista-chefe do Deutsche Bank, Torsten Slok, temem que uma nova leva das chamadas empresas zumbis – que não lucram o suficiente para cobrir pagamentos de juros e sobrevivem em parte pela generosidade de bancos centrais – possa trazer graves consequência para todos, desde trabalhadores a investidores, nos próximos anos.

“O Fed e o governo estão interferindo no processo de destruição criativa”, disse Slok em entrevista. “A consequência é que corremos o risco de que, quanto mais tempo isso persistir – empresas que fechariam as portas caso não recebessem ajuda -, começará a pesar no potencial geral de crescimento da economia e na produtividade”.

Não é que esses riscos signifiquem que a atual política do Fed esteja equivocada. Dado o escopo do colapso econômico e o aumento sem precedentes do desemprego, a maioria dos analistas avalia que os formuladores de políticas tiveram que fazer todo o possível para atacar o problema.

Só que essa forte intervenção traz grandes riscos que terão que ser abordados no futuro.

“O Fed não teve outra escolha a não ser fazer o que fez”, disse Slok.

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