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Enel abandona títulos verdes em prol de novo formato para captações

04 out 2019, 19:44 - atualizado em 04 out 2019, 20:04
Até o momento, a Enel tem sido uma emissora regular de títulos verdes, tendo levantado 3,5 bilhões de euros no formato desde sua estreia em 2017

A elétrica italiana Enel  (ELPL3) disse ao serviço IFR, da Refinitiv, que abandonará seu programa de títulos verdes para adotar um novo formato de emissões, que banqueiros dizem que pode se tornar um novo padrão da indústria.

Como a gigante italiana da eletricidade é uma das maiores emissoras corporativas de títulos verdes, a notícia pode representar um golpe para o incipiente mercado desses papéis caso outros potenciais emissores sigam o exemplo da empresa.

A Enel passou as últimas semanas em negociações com investidores na Europa sobre o lançamento de um segundo título –denominado em euros– diretamente ligado a suas metas de desenvolvimento sustentável (SDG, na sigla em inglês), após a bem sucedida colocação de uma operação de 1,5 bilhão de dólares atrelada a essas metas no início de setembro.

O novo acordo deve avançar nas próximas semanas, com a Enel dizendo a investidores que esta e todas as transações futuras ocorrerão nesse formato.

“O formato de título SDG vai substituir os títulos verdes, o que significa que o formato atrelado à SDG será utilizado para as futuras emissões de títulos da Enel”, disse um porta-voz ao IFR.

Até o momento, a Enel tem sido uma emissora regular de títulos verdes, tendo levantado 3,5 bilhões de euros no formato desde sua estreia em 2017.

Os novos títulos ligados à SDG foram mal recebidos por alguns investidores “verdes”, com muitos deles argumentando que o formato iria contra princípios fundamentais dessas emissões, sobre responsabilidade e transparência.

Isso porque, sob os termos desses acordos, a Enel estará livre para utilizar os recursos captados da forma que escolher — até mesmo na geração de eletricidade com carvão.

A Enel defende que o novo formato é melhor alinhado às suas estratégias mais amplas.

A companhia se comprometeu a aumentar sua base em renováveis em 25% até o final de 2021 (Imagem: Marcello Casal jr/Agência Brasil)

A empresa italiana defende que não precisa especificar como o dinheiro será gasto –e não fornecerá detalhes sobre o uso dos recursos provenientes dos títulos ligados à SDG–, uma vez que toda a companhia está agora voltada para metas ambiciosas em torno da energia limpa.

A companhia se comprometeu a aumentar sua base em renováveis em 25% até o final de 2021. Essa expansão, de 11,6 gigawatts, deverá fazer das renováveis pela primeira vez sua principal fonte de geração.

Os títulos ligados à SDG estão diretamente associados a esse comprometimento e a uma promessa específica, feita há um ano atrás pela Enel, de que levar as renováveis para 55% de sua capacidade instalada ao final de 2021, de 48% atuais.

Pelos termos dos títulos, o cupom anual será automaticamente elevado em 25 pontos-base caso a Enel não cumpra essa meta de capacidade.

O novo formato, com 4 bilhões de dólares em pedidos, claramente atraiu apetite, com banqueiros ligados à operação dizendo que o retorno tem sido excelente e que 70% dos títulos devem ser alocados para investidores que têm estratégia vinculada a metas de desenvolvimento sustentável (SDG).

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