Mercados

Entenda se o rebaixamento do rating dos EUA pode chegar às empresas americanas

07 ago 2023, 19:57 - atualizado em 07 ago 2023, 22:16
Fitch
O rebaixamento da nota soberana dos Estados Unidos traz uma avaliação diferente sobre o teto país (Imagem: Reuters/Brendan McDermid)

Na esteira do rebaixamento da nota de crédito americana de AAA para AA+ pela Fitch Ratings, uma dúvida sobre uma eventual redução na nota de empresas dos Estados Unidos veio à tona. Afinal o “teto do país” havia sofrido uma redução.

Haveria então, em consequência, um downgrade na nota das empresas? Não nesse caso.

“Existe o rating soberano e o teto país”, explica Rafael Guedes, chefe da operação brasileira da Fitch Ratings no Brasil. “As empresas geralmente são limitadas pelo seu teto país, mas, no caso do downgrade dos EUA, colocamos que o teto do país continua sendo AAA”, afirma.

Guedes diz que as empresas do país que tiverem um perfil de crédito robusto para ser um triplo A não serão limitadas pelo rating dos EUA. “O mesmo serve para bancos, estados, municípios… tudo que não tiver relação com o governo federal e o Tesouro americano”, complementa. 

Quando um novo rating é estabelecido, as notas das empresas do país avaliado costumam mudar, como no recente caso do Brasil. Depois do upgrade do teto país, várias empresas do Brasil receberam upgrades nos títulos de dívida, de BB- para BB (com perspectiva estável).

Na Europa, há vários países com empresas que têm notas de crédito mais altas que o teto de seus países, explica o chefe da Fitch no Brasil. “Você vai ter bancos e empresas em vários países da Europa onde as empresas tem a nota maior que do país, pois o country ceiling [teto país] da comunidade europeia é maior que o de alguns países da Europa”, diz Guedes.

Risco dos EUA não se estende às empresas, diz CEO

A mudança de avaliação sobre o risco de crédito dos Estados Unidos não se estende às empresas, na percepção de Bernardo Brites, CEO da Trace Finance, fintech de tecnologia que intermedia investimentos estrangeiros para o Brasil.

“A discussão sobre aumento do teto da dívida dos EUA criou uma certa tensão do mercado à época”, diz Brites, relembrando o impasse entre o presidente Joe Biden e o Congresso americano, para aprovação do aumento do teto da dívida do país. No entanto, “os EUA seguem como uma das economias mais seguras para se deixar dinheiro”, avalia. “Acho que o risco operacional dos Estados Unidos não se estende às empresas americanas”, afirma.

Brites afirma que têm visto grande demanda de brasileiros para comprar ativos americanos, e que a situação pode aumentar no futuro. “Quanto mais o Treasury for subindo e a Selic for caindo, mais atrativo fica deixar dinheiro nos EUA”, diz.

repórter
Repórter formado pela PUC-SP, com passagem pelo Poder360, Estadão e Investidor Institucional. Tem pós-graduação em jornalismo econômico pela FGV-SP, através do programa Foca Econômico 2022, do grupo Estado. No Money Times, cobre política, mercados e também a indústria de armas leves no Brasil.
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Repórter formado pela PUC-SP, com passagem pelo Poder360, Estadão e Investidor Institucional. Tem pós-graduação em jornalismo econômico pela FGV-SP, através do programa Foca Econômico 2022, do grupo Estado. No Money Times, cobre política, mercados e também a indústria de armas leves no Brasil.
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