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Entregadores da ‘Amazon africana’ enfrentam desafios na Nigéria

20 set 2019, 15:40 - atualizado em 20 set 2019, 15:40
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É fácil ver por que os investidores da Jumia estão preocupados com o alto nível de entregas não concluídas da empresa nos 14 países onde atua (Imagem: George Osodi/Bloomberg)

Sistemas de pagamento com problemas, cobertura irregular da rede telefônica, dificuldade para estacionar e clientes não confiáveis: esse é o dia típico de um motorista que faz entregas para a Jumia Technologies em Lagos, na Nigéria.

A empresa, apelidada de ’Amazon da África’, emprega cerca de 700 pessoas na Nigéria para entregar mercadorias, que incluem laptops, joias e sapatos de salto alto a clientes em escritórios, fábricas e até pontos de ônibus nas cidades, que incluem a capital comercial do país. O processo pode ser caótico e muita coisa pode dar errado.

“Fico feliz quando não tenho nenhum problema no ponto de venda ou no meu telefone, porque, às vezes, a rede é ruim”, disse Umoru Yusuf, motorista da Jumia, enquanto segurava o volante de sua van cinza da empresa. “Às vezes, cerca de 10 clientes podem ligar para dizer que não estão mais interessados em comprar um item, então cancelam seus pedidos.”

É fácil ver por que os investidores da Jumia estão preocupados com o alto nível de entregas não concluídas da empresa nos 14 países onde atua – uma taxa de 40%, que inclui cancelamentos e devoluções – e questionam a viabilidade de encomendar produtos on-line e entregá-los nas principais cidades africanas. O ceticismo é evidente no preço das ações, que acumulam queda de cerca de 25% desde a esperada oferta pública inicial da empresa em Nova York em abril.

Durante uma jornada de quatro horas com Yusuf, de 39 anos, entre 10h e 14h em 9 de setembro, foram entregues pacotes a oito clientes, incluindo funcionários das operações locais da gigante de bebidas Coca-Cola e para a fabricante de chocolates Cadbury Nigeria. A localização dos destinatários era um problema – que implicou em uma espera média de 15 minutos e várias chamadas telefônicas -, e isso foi antes do sistema de pagamento móvel parar de funcionar.

Corrida ao banco

Quando isso aconteceu, Yusuf teve que levar um cliente a um caixa eletrônico para sacar cerca de 140 mil nairas (US$ 386). Esse tipo de problema oferece riscos, pois os motoristas precisam contar grandes quantidades de notas em espaços públicos. Às vezes, Yusuf simplesmente desiste e volta à sede da empresa.

A principal solução da Jumia para o problema é o desenvolvimento do Jumia Pay, uma plataforma de pagamento móvel mais confiável que pode ser usada para transferir fundos antecipadamente. “Até 75% dos nossos negócios na África são pagos na entrega e 25% são pré-pagos”, disse Tolulope George-Yanwah, gerente de serviços da Nigéria, em entrevista. As compras pré-pagas devem “melhorar mês a mês com o Jumia Pay, muitas pessoas estão usando”, disse.

Fundada em 2012 por Sacha Poignonnec e Jeremy Hodora, ex-consultores da McKinsey, a Jumia aumentou sua base de clientes para mais de 4,8 milhões de pessoas em 14 países africanos. As perdas crescentes da empresa, de 66,7 milhões de euros no segundo trimestre, contribuíram para a desvalorização das ações.

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