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“Entregando o que a gente prometeu, a confiabilidade do investidor volta”, afirma Victor Noda, CEO da Mobly (MBLY3)

14 set 2021, 10:06 - atualizado em 14 set 2021, 11:51
Victor Noda, CEO da Mobly
Victor Noda, um dos fundadores da Mobly participou do podcast Radio Cash, falando mais sobre o modelo de negócios de MBLY3 e suas perspectivas após o IPO. Imagem: Fernando Cavalcanti.

A Mobly agora entra em outro patamar depois de realizar o IPO em fevereiro, com foco no desenvolvimento do negócio e com o plano ambicioso de capturar 20% das vendas on-line do setor de móveis e decoração, nos próximos cinco anos. Apostando em tecnologia e logística próprias, a empresa se reafirma com diferenciais competitivos relevantes, sendo o maior deles o menor tempo de entrega. 

Em episódio do RadioCash, apresentado pela analista da Empiricus, Larissa Quaresma, e pelo CIO da Vitreo, Jojo Wachsmann, o CEO da Mobly, Victor Noda, revela quais são os pilares da empresa, os planos pós IPO e explica mais sobre a relação com sua controladora, a europeia Home24.

Um desejo de empreender e uma inspiração num case de sucesso americano deram origem a Mobly, fundada em 2011. Os três sócios são engenheiros de formação que se encontraram em uma MBA em Chicago, todos com um desejo de mudar de carreira e se aventurar no mundo do empreendedorismo. 

A ideia da Mobly em si veio inspirada na americana Wayfair, que concentra 35% das vendas on-line de móveis nos Estados Unidos. “Quando olhamos pro Brasil, a gente viu um mercado de imóveis e decoração enorme, de 90 bilhões de reais e que não tinha ninguém fazendo nada parecido”, relata Noda. 

Como funciona o modelo de negócios da Mobly?

Experiência omnicanal 

A Mobly se estabeleceu como uma empresa nativa digital, um e-commerce de móveis e decoração que oferece muito mais do que apenas uma foto do produto. Usando tecnologias de realidade aumentada e visualização 3D, a varejista conseguiu levar a experiência de compra on-line a um outro patamar e se diferenciar entre os players brasileiros. 

Agora, a empresa está expandindo para lojas físicas, mas sem deixar de lado sua identidade digital. “A gente em nenhum momento deixa de ser uma empresa de tecnologia e um e-commerce. Esse é o nosso core business e sempre vai ser o core business”, diz o CEO da Mobly. 

Para Victor Noda, a abertura das lojas permite endereçar o mercado físico, já que na categoria de móveis, a penetração do on-line ainda é baixa: 90% das vendas ocorrem presencialmente. Além disso, a Mobly pretende também aumentar a conversão para o digital e fortalecer o reconhecimento de marca

Sortimento de produtos

Outro pilar da empresa é oferecer uma grande variedade de produtos; atualmente, o consumidor encontra mais de 250 mil itens para casa na Mobly. O CEO diz aos apresentadores do RadioCash que o objetivo da empresa é não somente ter o maior sortimento de casa e decoração do Brasil, mas também ter o mais relevante. Atualmente, 50% dos produtos vendidos no e-commerce são da marca própria da Mobly. 

Logística

A logística é um das principais barreiras de entrada para os varejistas de móveis: cargas volumosas e delicadas, necessidade de um grande centro de distribuição e fretes custosos são alguns dos desafios. 

A Mobly resolveu investir em um sistema de logística próprio e, segundo relata Victor Noda, 50% de todas as entregas são feitas pela própria empresa de entrega final, a Mobly Log. Uma das estratégias usadas pela empresa é a de cross dock, que permite que o e-commerce tenha o produto disponível para venda em sua plataforma, sem necessidade de armazená-lo no centro de distribuição da própria empresa. 

“A gente entendeu desde o começo que fazer bem a logística seria parte chave do sucesso do nosso negócio.” ‒ Victor Noda, em entrevista ao RadioCash.

Noda conta que, através do uso da tecnologia, consegue identificar quais são os produtos mais vendidos e manter um estoque próprio deles; assim, quando o pedido é feito no site, o cliente não precisa esperar tanto tempo para a entrega. “A gente é o único player do mercado que consegue oferecer para mais de 40% das nossas vendas esse envio imediato”, diz o CEO. 

Tecnologia 

A tecnologia, também desenvolvida “dentro de casa”, é o pilar de sustentação do modelo de negócios de MBLY3. Com a ciência de dados, a empresa consegue criar uma experiência de compra individualizada para cada cliente. 

Ao RadioCash, o CEO da Mobly diz quais são as duas tecnologias que mais fazem diferença quando o assunto é conversão para vendas: uma delas é a de realidade aumentada, que permite ao usuário enxergar o produto integrado ao ambiente, e a outra é a ferramenta de busca por imagens, no qual o consumidor pode buscar por itens semelhantes àqueles tirados do Google ou do Pinterest, por exemplo. 

Os próximos passos de MBLY3 após o IPO

Depois de realizar sua oferta pública de ações em fevereiro de 2021, a Mobly agora “deixou de ser um bebê e virou uma empresa de verdade”, como afirma seu sócio-fundador. Noda diz que o IPO criou um novo cenário para a empresa, que agora pode colocar toda a estratégia em prática, com menos preocupações em relação ao capital. 

“O IPO nos permitiu atacar muitas frentes que a gente queria atacar ao mesmo tempo e isso acelera muito o desenvolvimento do negócio” ‒ Victor Noda, CEO da Mobly.

No podcast, o CEO afirma que não quer focar tanto na queda no preço das ações de MBLY3 desde o IPO. “A gente entregando o que a gente prometeu e evoluindo o modelo de negócios, o crescimento, a rentabilidade e a confiança dos investidores no negócio voltam”, diz.

A relação da Mobly com a Home24

O e-commerce europeu Home24 é o controlador da Mobly em termos de participação, com 51% do negócio, como explica Victor Noda. O CEO diz que a relação entre as empresas é de bastante autonomia: “eles nunca tentaram influenciar o negócio, até porque eles entendem que o mercado brasileiro é completamente diferente daquilo que eles têm na Alemanha.”

O CEO explica que existe um board, composto por por dois membros da Home 24, dois dos fundadores da Mobly e dois membros independentes, que visa sempre tomar decisões tendo a operação local como prioridade. “[Isso] deu pros nossos investidores locais essa segurança de que o negócio está sempre visando o melhor daqui”, diz Noda.

Quer conferir o papo na íntegra? Dê play abaixo ou procure por RadioCash na sua plataforma de podcasts preferida:

Jornalista formada pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduanda na ESPM. É coordenadora de marketing do Seu Dinheiro e do Money Times. Entrou para o mercado financeiro inesperadamente e está sempre disponível para falar sobre inovação, criatividade e cultura pop.
Jornalista formada pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduanda na ESPM. É coordenadora de marketing do Seu Dinheiro e do Money Times. Entrou para o mercado financeiro inesperadamente e está sempre disponível para falar sobre inovação, criatividade e cultura pop.