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“Entrei com R$ 600, e hoje, só em um jogo, tenho R$ 42 mil”: Entenda a febre dos jogos NFTs

29 dez 2021, 15:08 - atualizado em 29 dez 2021, 15:09
“A única coisa que eu coloquei na Binance foi 600 reais, para começar a investir nos jogos. Hoje, eu já saquei mais de mil dólares, mas se for tirar tudo que está aqui é uma graninha boa.” (Imagem: Getty Images Signature)

A comunidade gamer tem se aproximado cada vez mais do conceito de streaming. A oferta de conteúdos de gameplays em plataformas de livestreaming tem aumentando consideravelmente.

Juntando o útil ao agradável, os games em blockchain também pegaram carona nessa onda e são cada vez mais  requisitados pelo público. O conceito de assistir, em tempo real, a um jogador de play to earn ganhando dinheiro é algo que vem encorajando muitos a entrarem em jogos do gênero.

Valmir Júnior, de 34 anos, é formado em psicologia e pai de três filhos. Atualmente ganha a vida trabalhando como “streamer” e obtém sua renda em jogos de play to earn. Seu canal na Twitch, “Lombrajr” conta com mais de 17 mil seguidores.

Em entrevista ao Crypto Times, ele falou de sua carreira como streamer e jogador de games play to earn e deu dicas para quem deseja seguir o mesmo caminho. Confira os melhores trechos.

Crypto Times – Como foi a sua entrada na Twitch e nos jogos Play to Earn?

Valmir Júnior – A história é longa. Eu vi um amigo fazendo live e pensei: “cara, vou fazer também”. Tinha acabado de me formar, ainda estava na clínica atendendo, só que decidi parar e fazer. Não entendia “bulhufas” de live, mas comecei a fazer.

Meu computador era fraco. Comecei a melhorar isso pouco depois, mas comecei a gostar. Percebi que, fazendo livestream, posso também atuar como psicólogo de uma forma meio indireta.

Hoje, eu tenho essa proposta no conteúdo, a galera sorri e brinca com minha cara, mas eu sei o que tem por trás de tudo isso. A importância de você gerar um conteúdo para uma pessoa que, por exempl,o está passando por um momento de crise ou depressão.

Então, a força e a potência do conteúdo em si para mim são o que mais valorizo. Haverá dias em que vou perder dinheiro, mas, se eu arrancar o riso de uma pessoa, paga mais que o dinheiro que tenho na minha metamask. Eu entendo a importância do meu conteúdo. 

Mas antes de entrar nas NFTs, primeiro entrei em uma plataforma de streaming chamada “Cube TV”. Após dois meses, quando eu conseguiria sacar algum dinheiro, a plataforma faliu. Não desisti. Fui para outra chamada “StreamCraft”. Passei mais dois ou três meses lá, e, quando ia receber meu primeiro salário, ela também faliu.

Acabei entrando na Twitch, e estou até hoje. Faz três anos. Eu fazia live para umas cinco pessoas que me acompanhavam todo dia. Eu conseguia rentabilizar, em quatro ou cinco meses, R$ 400, e ainda ficava feliz. Mas, para um pai de família com três filhos no Brasil de hoje, R$ 400 em quatro meses não pagam as contas. Não batia.

Eu continuei fazendo live, mesmo com as contas não batendo. Um tempo depois, eu assisti a um vídeo no YouTube de um “bambambam” do Plant vs Undead [jogo NFT] e decidi investir R$ 300 que tinha juntado para entrar no jogo.

Desde aquele dia, comecei a focar no Plant vs Undead. Com isso, começaram a aparecer pessoas.

Nessa época, realmente não tinha ninguém que fizesse esse conteúdo. A maioria das pessoas que fazem livestream só pensa em fazer o que os outros já fazem. Quando eu comecei a fazer um conteúdo diferenciado, entrei em um lugar em que poucos estavam e muitos procuravam.

Os jogadores de PvU [Plant vs Undead] só tinham o discord, e aquela rede social não dava conta. Foi aí que as pessoas iam procurar em outros lugares. Começaram a procurar dentro da Twitch, e eu estava lá.

A maioria dessas pessoas não entendia nada do mundo cripto, e nem eu entendia, mas de uma coisa, eu tinha certeza: que esse mundo de finanças mexe muito com o sentimento dos outros.

As pessoas ficavam apreensivas, ansiosas e muito estressadas, quando uma coisa não acontecia. Eu sempre pegava as dificuldades e transformava em piada, comédia e tentava acalmar as pessoas com um pouco de informação que eu colhia aqui e ali.

A comunidade também se ajudou e nós fomos crescendo. Então eu vi tudo acontecer e vi tudo isso nascer. Eu vejo comentarem minha atitude de responder ao bate-papo da live. Às vezes, a gente alcança mil pessoas assistindo e eu respondo todo mundo.

A própria comunidade, mesmo grande, começou a priorizar aqueles que precisam tirar dúvidas em vez de só bater papo.

A mudança para o NFT foi justamente quando eu comecei a receber. Recebi uma “lapada” de R$ 3 mil com o jogo, e fui reinvestindo. Logo no começo, chegavam a mais de 600 pessoas simultâneas, sendo que a demanda de perguntas era altíssima.

Mas sempre coloquei na minha cabeça que eu estava ali gerando conteúdo e acalmando os ânimos das pessoas, porque nesse mundo financeiro, existe gente que está colocando o dinheiro de que precisa, com a esperança de ter retornos grandes, e isso é muito arriscado. Mas eu acredito que deu muito certo esse papel que eu desempenhei.

 

CT – Como foi o crescimento das visualizações na plataforma?

Júnior – Antes de produzir conteúdo de jogos NFTs, eu tinha uma média de quatro pessoas. Eu jogava Teamfight Tactics (TFT) e League Of Legends (LOL). O que fez a mudança foi eu ter que abdicar daquilo que eu sabia fazer para entrar em algo ultra-mega-novo. É essa chave de mudança de vida.

Quando decidi entrar no Plant vs Undead, foi que percebi que você não pode fazer algo que todo mundo faz no livestream.

Tanto que, hoje, a categoria “crypto” é muito nova na Twitch, mas já está começando a ficar superlotada. Já existem criadores que não conseguem pegar visualizações. Tudo tem um momento certo.

O momento em que eu entrei foi realmente um momento certo. A quantidade de seguidores que eu ganhei foi muito alta. Cheguei a ganhar duzentos seguidores por dia, sendo que, antes, eu conseguia entre seis a onze.

Conteúdos “streamados” em live pelo Júnior e suas médias de horas jogadas e visualizações. (Fonte: TwitchTracker)

Muito disso é porque eu coloco a cara a tapa. Estamos falando de um mundo onde existe essa questão financeira. As pessoas tentam mostrar uma imagem de que entendem e de que sabem. Quem é que quer se ridicularizar e mostrar que perde dinheiro no mercado cripto? É algo exclusivo que proporciono.

Então, muitas vezes, eu sou a voz da comunidade. Eu vejo muitos streamers que conseguem acesso antecipado em um jogo ou um token, mas eu prefiro entrar junto com a comunidade. Por mais que eu perca às vezes, sou a grande maioria.

As pessoas que se dão bem nesse mundo são poucas. A maioria que se ferra. A grande maioria não tem experiência nesse mundo cripto.

Eu me posiciono, porque estou vivendo uma realidade em que qualquer um entra, como um cara que está arriscando e investindo, assim como um cara que me assiste também está fazendo.

Eu fico feliz, nesse sentido, de poder representar a grande maioria. Essa foi a identificação do público, e talvez um dos motivos da galera entrar na minha live.

CT – Qual é sua renda com os jogos NFTs?

Júnior – Eu sou conhecido como “inimigo do lucro” (risos). A única coisa que eu coloquei na Binance foram R$ 600, para começar a investir nos jogos. Hoje, eu já saquei mais de US$ 1 mil, mas, se for tirar tudo que está aqui, é uma graninha boa. É um valor muito alto. Comecei com R$ 600 no total e, hoje, só em um jogo tenho R$ 42 mil.

No começo, tirei 20% do que eu lucrei. Fiz muita coisa, paguei muita coisa em casa que estava devendo, consegui me reestruturar financeiramente com o jogo. Mas peguei 80% e fiquei reinvestindo, e estou nisso até hoje.

Sempre penso em reinvestir nos jogos, diversificando um pouco em cada um e é uma forma que estou vendo que dá pra ganhar dinheiro.

 

CT – Como é a comunidade cripto na Twitch?

Júnior – Eu entrei nesse mundo de paraquedas, não entendia nada do mundo NFT. Em uma das primeiras lives, eu estava pesquisando junto com a comunidade “o que significava NFT”.

Mas o que eu vejo da comunidade é surreal. Quem hoje está no mundo cripto sabe que a comunidade, no geral, é insana. No sentido que ela se ajuda muito.

Minhas lives são um ponto de encontro, onde existem notícias e eles se ajudam. Lógico que eu também ajudo, faço a interlocução. Eles me direcionam para que eu traga alguns conteúdos ou novidades de um assunto.

É como se fosse um plantão. Somos o jornal da manhã, da tarde e da noite. Existem algumas coisas específicas que passo como orientação, principalmente para as pessoas que estão dentro do mundo NFT.

Mas damos algumas dicas para as pessoas que querem entrar e fazer um bom lucro. Nós tentamos orientar essas pessoas que querem entrar nesse mundo agora.

CT – Quais suas expectativas para o futuro desse setor?

Júnior – Estou muito hypado (animado) para o futuro. Estamos vendo muita coisa. Até ouso falar que, no futuro, não vai mais existir jogo free (grátis) não. Vai estar tudo nesse mundo aí. Play to earn é o futuro.

Existem momentos, e estamos vivendo um momento. A época do PVU (jogo Plant vs Undead) foi um “farm” [cultivo] de pessoas. O jogo pagava absurdos e as pessoas entraram por um baixo custo e lucraram absurdos.

Como eu pensei naquele exato momento: a oportunidade veio fácil, então vou pegar essa oportunidade e reinvestir em outros projetos [jogos].

Eu estou percebendo hoje que existem projetos que estão lançando muito rápido, porque eles sabem, pelo menos eu acho que isso vai acontecer, que esse mundo que a gente vive hoje vai acabar.

Vai chegar um tempo em que as pessoas não vão entrar em um projeto em que você “clica e gás” [é taxado por cada movimento na rede].

Vai chegar um momento em que você vai ter que escolher entre o jogo que você quer jogar e quer ganhar, e não estar em dez jogos e ganhar em todos eles. Mas vai precisar investir pesado em um e poder ganhar nele.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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