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Entrevista: Banking as a Service, a nova aposta da CSU

29 mar 2021, 16:39 - atualizado em 29 mar 2021, 20:16
Ricardo Leite, diretor de RI da CSU
Ricardo Leite, diretor de Relações com Investidores da CSU (Imagem: Divulgação/CSU)

Se, por um lado, 2020 foi especialmente difícil para os negócios mais tradicionais, como o varejo físico, por outro, representou um marco para algumas empresas do setor de tecnologia. Embaladas pela tendência da digitalização, que ganhou impulso com as restrições de deslocamento para conter o avanço do coronavírus, essas companhias encontraram novas vias de crescimento e conseguiram prosperar mesmo diante de um cenário desafiador. Esse é o caso da CSU Cardsystem (CARD3).

A pandemia fez com que as empresas brasileiras reavaliassem a estrutura das suas operações e começassem a investir mais nos canais digitais, contribuindo para que a CSU tivesse um ano marcante. Além de ter expandido sua base de clientes (iFoodbanQi e Valid [VLID3] estão entre os novos nomes da carteira), a companhia de soluções para meios de pagamento e customer experience apresentou ao longo dos trimestres um conjunto de resultados positivos que levou a números recordes tanto em termos de receita quanto de lucro e Ebitda em 2020.

Agora, em 2021, a CSU se prepara para lançar uma nova área que está conquistando espaço no mercado com a crescente demanda por produtos e serviços mais ágeis e que facilitam as transações do dia a dia: o Banking as a Service (BaaS).

Ampliando os negócios

O último ano saiu melhor do que o esperado para a CSU. Ricardo Leite, diretor de Relações com Investidores da companhia, contou em entrevista para o Money Times que a empresa, preocupada com questões de fluxo financeiro, realizou captações financeiras que no fim se mostraram até desnecessárias.

Segundo o executivo, a companhia conseguiu superar os desafios graças a uma combinação de realocação do ambiente de trabalho (na unidade CSU.Contact, todos os funcionários migraram para o regime de home office), manutenção do nível de qualidade e atendimento aos clientes, resiliência das operações atrelada à receita recorrente e, claro, evolução tecnológica.

Na área de atendimento, a CSU ampliou o portfólio de soluções de automação para facilitar e otimizar o tempo de operação aos consumidores finais. Na parte de cartões, especialmente para o e-commerce, a empresa já trabalha com o “CVV dinâmico”, no qual o código de verificação do cartão muda a cada transação, garantindo mais segurança na hora da compra.

“Essas iniciativas digitais estão efetivamente facilitando nossas operações, promovendo maior rentabilidade dos nossos negócios e, da mesma maneira, a redução de custos aos nossos clientes emissores e contratantes de atendimento. Está sendo uma operação ganha-ganha”, afirmou Leite.

O desenvolvimento de uma área de BaaS abrirá novos caminhos de exploração para a CSU. A companhia, que tem o projeto como principal foco no momento, pretende entrar com a solução ao longo do segundo trimestre.

“Nesse ano, vamos implementar uma operação absolutamente completa e robusta de Banking as a Service”, disse Leite.

O diretor de RI chamou atenção para as oportunidades que o BaaS pode trazer não só para a companhia, mas à indústria como um todo. Segundo o executivo, a evolução digital tem estimulado o mercado a olhar para a prestação de serviços financeiros de uma maneira diferente.

Com o BaaS, empresas de diversos setores podem oferecer serviços bancários aos próprios clientes, evitando burocracias e tornando suas operações financeiras mais personalizadas.

“Vamos ter uma série de empresas não bancárias que vão estar promovendo a oferta de serviços financeiros para seus consumidores finais”, destacou Leite. “As mais diversas áreas vão estabelecer negócios financeiros para seus clientes, […] tendo resultado de lucratividade com esse tipo de operação ao mesmo tempo que transmitem vantagens e facilidades que podem significar fidelização maior”.

Varejistas, seguradoras e até instituições educacionais podem promover condições especiais de serviços, desde crédito a soluções de seguros e investimentos, com o BaaS – todos atrelados à própria oferta para garantir uma experiência mais completa ao cliente.

A expectativa da CSU é de que o BaaS esteja efetivamente dentro das suas ofertas de soluções daqui a três ou seis meses.

Próximos passos

CSU Cardsystem
A implantação da nova área de Banking as a Service pela CSU acontecerá ao longo do segundo trimestre (Imagem: CSU Cardsystem/Divulgação)

A CSU está mais atenta a potenciais acordos de fusões e aquisições. De acordo com Leite, a companhia sempre teve a agenda M&A como um ponto de atenção, mas encontrava dificuldade de executá-la, pois, até alguns anos atrás, a área de meios de pagamento era muito limitada. E na parte de atendimento, quando as novas tecnologias ainda não estavam presentes no mercado, a companhia não estava interessada em comprar outra empresa de call center.

O cenário é outro agora. A CSU está debruçada no trabalho de identificar oportunidades no mercado, tanto que anunciou nesta segunda-feira um investimento de R$ 10 milhões para a compra de participação minoritária no Fitbank, fintech de soluções de meios de pagamento e Core Banking as a Service.

A companhia informou ainda que fechou um acordo comercial de longo prazo para desenvolver negócios com o Fitbank, dando início à sua estratégia de aquisição de participações em negócios complementares na indústria de pagamentos.

Quanto às parcerias, a CSU pretende dar continuidade aos esforços de aproximação com as bandeiras de cartões.

Para os próximos três anos, as perspectivas para a evolução das principais linhas de negócios da CSU – e para a operacionalização da nova área de BaaS – são mais favoráveis.

Segundo Leite, é uma tendência que a sociedade passe a exigir mais produtos no setor de meios de pagamentos eletrônicos. Novos provedores de serviços aos consumidores – ou seja, contratantes de serviços da CSU – também devem aparecer no mercado.

“Se vemos o período de 2010 a 2018, estamos falando de um mercado bancário totalmente consolidado e o Banco Central sempre preocupado. Muitas iniciativas e intenções, mas com poucas facilidades para efetivamente fazer novas conquistas”, destacou o executivo. “Com a tecnologia e, depois, com a disposição regulatória, essa questão está se configurando de forma totalmente diferente. Hoje, o mercado vai se ampliando de uma maneira nova. É uma avenida de crescimento”.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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