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Entrevista: Como a Ambipar quer se tornar a maior empresa de gestão ambiental do mundo

19 jul 2021, 16:45 - atualizado em 19 jul 2021, 16:55
Ambipar
Desde a estreia na Bolsa, as ações da Ambipar saltaram 46%. Ao todo, a empresa adquiriu 17 empresas, que somaram R$ 1,4 bilhão (Imagem: Ambipar/Divulgação)

Um ano após estrear na Bolsa e levantar R$ 1,1 bilhão, a Ambipar (AMBP3) tem motivos de sobra para comemorar. De lá para cá, foram 17  aquisições, que somaram R$ 1,4 bilhão. As ações da empresa saltaram 46% e, segundo os analistas, isso é só o começo

Mas o que está por trás desse otimismo? Para início de conversa, a empresa é única na Bolsa. Ela atua no setor de gestão ambiental de resíduos, segmento fragmentado e com pouca penetração, o que abre oportunidades de ouro para a Ambipar ampliar seus negócios.

Além disso, é referência nas práticas ESG (dados ambientais, sociais e de governança corporativa, em português), que se tornou importante chamariz para as empresas atraírem investimentos.

“A companhia é ESG por natureza. Éramos ESG antes do ESG ser ESG. Fazíamos isso naturalmente, principalmente na questão ambiental”, brinca o diretor financeiro da Ambipar, Thiago da Costa Silva, que conversou com exclusividade com o Money Times

De acordo com o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, a Ambipar tem muito a ganhar com o crescimento da relevância dessa pauta.

“A empresa pode ser uma das grandes vencedoras do ganho de relevância da agenda verde no país”, afirmou.

Fábio da Costa Castro
“Estamos fazendo tudo que é possível para tornar a companhia um pouco mais conhecida no mercado de capitais”, aponta o diretor de RI da Ambipar (Imagem: Ambipar)

Pouco conhecida

Apesar de todo o seu potencial, um dos problemas apontados por analistas é o fato da empresa ser pouco conhecida entre os investidores. 

Segundo o sócio-fundador da Empiricus e colunista do Money Times, Rodolfo Amstalden, esse é o “calcanhar de aquiles” da Ambipar no momento.

“A questão é que nós vemos que a empresa está entregando bons resultados, mas a sua ação não andou como deveria. Existe aí um descompasso”, argumenta. 

A companhia reconhece o problema e afirma que está somando esforços para se aproximar dos investidores.

“Começamos a participar de conferências, fazer eventos com pessoas físicas e acompanhar os analistas, melhoramos a comunicação com o mercado, melhoramos nosso site. Estamos fazendo tudo que é possível para tornar a companhia um pouco mais conhecida no mercado de capitais”, aponta o diretor de relações com investidores Fabio Castro, que também conversou com o Money Times.

Chancela internacional

Além do Brasil, outro ponto importante da Ambipar é o mercado internacional. A empresa está presente em 17 países na América do Norte, América do Sul e Europa. 

Em maio, fechou importante contrato com a Administração Ferroviária Federal (FRA) dos Estados Unidos para administrar o maior centro de treinamento de emergência do mundo para produtos perigosos.

Segundo o BTG, a Ambipar acerta em cheio ao assinar o acordo, que pode lhe agregar aproximadamente US$ 10 milhões por ano em receita.

“Assinar este contrato é mais um passo muito importante para crescer nos Estados Unidos, permitindo que a empresa possa fortalecer o relacionamento com grandes players do mercado norte-americano”, diz.

Na visão de Costa, o acordo significou uma chancela para a empresa dos bons serviços prestados e pode abrir novas oportunidades. 

Thiago Silva/Ambipar
“Estamos executando essa parte com bastante competência, adquirindo companhias em múltiplos bem atrativos, trazendo valor para o acionista”, afirma o diretor financeiro da Ambipar

Veja a seguir os principais trechos da entrevista

MT: Qual o balanço da empresa um ano após o IPO?

Thiago Silva: Para a companhia, foi um movimento transformacional. A vida desde a abertura é bem diferente. Ganhamos visibilidade, entramos em outro patamar e conseguimos capturar grandes clientes. 

Isso traz um ganho não só comercial mas também de recursos humanos, atraindo pessoas que entendem que a companhia tem um modelo de negócios diferente, voltados para as práticas ESG. 

Óbvio que isso também requer cuidados. Grandes poderes requerem grandes responsabilidades. Mas, de maneira geral, estamos executando nosso plano de negócios com muita competência e de forma bem rápida.

MT: Um dos problemas apontados por analistas é que a empresa ainda é pouco conhecida. O que vocês têm feito para mudar isso?

Thiago Silva: Éramos pouco conhecidos antes do IPO e é um modelo de negócios diferente. O pessoal demorou um pouco para entender.

Para mudar isso, temos reforçado o time de marketing e de comunicação e sendo muito mais ativo no nosso relacionamento com os nossos investidores e com os analistas.

MT: Quais são as principais avenidas de crescimento da Ambipar?

Thiago Silva: São muitas. Tem bastante mercado aqui no Brasil, com pouca penetração em relação às indústrias. Temos soluções diversas em termos de valorização de resíduos, além de um cenário de fusões e aquisições. 

Estamos executando essa parte com bastante competência, adquirindo companhias em múltiplos bem atrativos, trazendo valor para o acionista, conseguindo executar e plugar isso dentro da nossa estrutura. 

Dentro dessas aquisições, temos nossa estratégia nos EUA, que é adquirir companhias em um mercado fragmentado em termos de emergência que atendem o modal de transporte e trazer capilaridade em termos de sinergia. 

MT: Como a empresa pode se beneficiar das métricas ESG que ganham força no Brasil e no mundo?

Thiago Silva: A companhia é ESG por natureza. Éramos ESG antes do ESG ser ESG. Fazíamos isso naturalmente, principalmente na questão ambiental. Estamos bem posicionados nesse momento em que o tema está na crista da onda.

Além de praticar, prover os nossos clientes das práticas ESG. Isso é um grande diferencial e tem tudo para ser um potencial para as nossas ações.

MT: O que a Ambipar quer ser em quatro anos?

Thiago Silva: Nós queremos e seremos a maior empresa de gestão ambiental do mundo, trabalhando com muita padronização no nosso processo. Hoje já somos vistos como referência e environment, onde temos um plano de crescimento muito robusto.

Queremos ser o Mcdonalds do setor, ser visto como uma empresa que traz padronização para todos os seus serviços com foco em gestão ambiental

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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