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Entrevista: Como Fras-Le ganhou voto de confiança do investidor, a ponto de ação saltar 30% no ano

25 nov 2021, 11:58 - atualizado em 25 nov 2021, 11:58
Enquanto o Ibovespa cai 12%, a ação da Fras-Le acumula ganhos de mais de 30% na Bolsa em 2021 (Imagem: Divulgação/Fras-le)

Em um momento difícil para o mercado de ações brasileiro, a Fras-Le (FRAS3) desponta como uma das ações com os melhores retornos deste ano. Enquanto o Ibovespa acumula queda de 12%, os papéis da controlada da Randon (RAPT4) registram valorização de mais de 30%.

A ação da Fras-Le ganhou impulso ao longo de 2021, acompanhando a recuperação de suas operações após a forte queda no segundo trimestre de 2020.

Em entrevista exclusiva para o Money Times, Sérgio Carvalho, CEO da Fras-Le e COO da Randon, e Hemerson Souza, diretor de Relações com Investidores da controlada, atribuíram boa parte da valorização à entrega do plano estratégico da companhia.

“Nós acreditamos que o mercado confia em nós, que existe um bom plano estratégico e está havendo uma execução alinhada com aquilo que foi dito. Isso ajuda bastante na valorização”, afirma Carvalho.

Souza diz que a baixa liquidez da ação não permitia que o mercado avaliasse a Fras-Le “da forma como ela merece”. Segundo o executivo, a Fras-Le criou uma reputação – bom track record, transparência e entrega – que levou os investidores a lhe dar um voto de confiança.

“A liquidez da empresa, que há dois ou três anos era muito pequena, hoje permite que a gente tenha um espectro de clientes e de investidores diferente do que tínhamos”, comenta. “Hoje, a gente tem uma distinção de valor que é mais apropriada, mas nós continuamos com uma intenção de poder continuar fazendo bem feito para sermos melhores avaliados ainda”.

Impacto limitado

A Fras-Le soube contornar o impacto da pandemia de Covid-19 no setor automotivo. Carvalho e Souza comentam que a rápida recuperação da empresa tem algumas explicações, sendo a principal delas o segmento de reposição.

Fras-le
Imune a crises: segmento de reposição está menos ligada à economia, destacou a administração da Fras-Le (Imagem: Divulgação/Fras-le)

Os executivos explicam que a demanda na área de reposição está bem menos ligada à economia e mais suscetível ao envelhecimento da frota de veículos.

“Quando você não vende veículo novo por conta de uma crise, você vende material para a manutenção da frota que está rodando”, comenta Souza.

Já Carvalho destaca que apenas 12% da receita da Fras-Le é associada à produção de veículos novos, enquanto 88% tem a ver com reposição. Isso torna a companhia mais resistente a algumas crises, como a de fornecimento global de semicondutores.

O diretor de RI diz que a força do segmento de reposição, somada à característica da Fras-Le de ser uma empresa global, é o que a torna uma peça tão distinta entre os ativos controlados pela Randon.

“A Fras-Le, desde 1996, é controlada pela Randon, mas é um ativo dentro das empresas Randon com características bem distintas”, afirma Souza. “A gente é um ativo diferente, e esse ‘diferente’ pode criar e gerar valor de maneira distinta também”.

Expansão via aquisições

Sérgio L. Carvalho, CEO da Fras-Le
“Temos toda a intenção de continuar uma trajetória de crescimento acelerado para a empresa”, afirma Sérgio Carvalho, CEO da Fras-Le (Imagem: Alex Battistel/Fras-Le)

A compra da Nakata foi a última e maior transação de M&A (fusões e aquisições) realizada pela Fras-Le. Em setembro de 2020, as operações da companhia tiveram incremento em volume e receita com o processo de integração do ativo.

Segundo Carvalho, foi importante para a Fras-Le separar um tempo para desenvolver com calma as sinergias entre as operações da Nakata e da companhia e ter certeza dos seus próximos passos. Agora, após completar o primeiro aniversário da compra da Nakata, chegou a hora de voltar com a agenda de crescimento inorgânico.

“Estamos de volta, trabalhando nos próximos movimentos. Temos toda a intenção de continuar uma trajetória de crescimento acelerado para a empresa”, disse o CEO.

A Fras-Le reconheceu que está longe de ser uma “máquina de aquisições”. Mas existe um bom motivo para isso. A administração afirma que aprendeu a priorizar qualidade, escolhendo ativos que trazem boas sinergias para suportar o crescimento, em vez de quantidade.

Olhar sobre o futuro

De olho nas tendências tecnológicas, a Fras-Le recentemente lançou uma nova linha de produtos, a de smart composites. O objetivo da divisão é trazer materiais compósitos para a produção de autopeças. Substituta do aço, a tecnologia cria produtos sustentáveis, com menor peso e melhor desempenho.

A Fras-Le também está investindo pesado em nanotecnologia. A partir de um estudo científico realizado pelo Centro Tecnológico Randon (CTR), a companhia aprovou a produção em larga escala de nanopartículas de nióbio, a ser conduzida por uma nova subsidiária. A solução, também sustentável, potencializa as características de outros materiais, conferindo maior durabilidade e resistência.

“É um universo novo para nós. Ainda estamos aprendendo todo o potencial que essa nova empresa, com essa nova tecnologia, tem. Mas tem tudo a ver com aquilo que a gente quer trabalhar, que são as tecnologias dos materiais”, observa o CEO.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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