Atos Antidemocráticos

Episódio em Brasília foi ‘tiro pela culatra’ e reação do mercado reflete isso; entenda

09 jan 2023, 14:56 - atualizado em 09 jan 2023, 14:57
Atos antidemocráticos_08 de janeiro de 2023
Destruição de símbolos do poder não tem apoio de ninguém e isso enfraquece apoio a atos antidemocráticos em Brasília no domingo (Fotos: Ricardo Stuckert)

A expressão ‘tiro pela culatra’ define o que ocorreu em Brasília neste domingo (8). E a reação moderada do mercado financeiro nesta segunda-feira (9) reflete essa percepção. 

Afinal, do ponto de vista político, a invasão às sedes dos Três Poderes e a destruição do patrimônio público por manifestantes bolsonaristas enfraquecem a extrema-direita no país. Além disso, o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também fica mais fraco. 

“Desrespeitar símbolos do poder não tem apoio de ninguém. Nem do sistema político, óbvio, nem da opinião pública”, explica o analista político Alberto Carlos Almeida.

Para ele, a “baderna” que aconteceu em Brasília enfraquece a extrema-direita, Bolsonaro e todos os que têm práticas e discursos golpistas. Por isso, os atos antidemocráticos de 8 de janeiro na capital federal são um ‘tiro pela culatra’.

Entenda o ‘tiro pela culatra’

“Essa expressão reflete exatamente o que ocorreu quando um bando de terroristas bolsonaristas invadiu e promoveu a destruição do patrimônio público em Brasília”, resumiu em comentário o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira.

Para ele, a classe média das grandes capitais deve afastar-se ainda mais dessa “direita acéfala e fascista”. Em especial nas cidades de São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte, que deram a vitória eleitoral ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), lembra.

“Assim, Lula e seu grupo ganham politicamente”, acrescenta. Para o economista, o novo governo ganha a oportunidade de mostrar união com o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF)

Mais adiante, isso pode beneficiar o andamento da pauta econômica. “O mundo político vai tentar se distanciar dos grupos radicais, o que tende a favorecer o Lula nas negociações com o Centrão”, comenta o analista político sênior da Medley Global Advisors, Mário Sérgio Lima. 

Ele avalia que as autoridades devem conseguir dar uma resposta a contento às cenas de vandalismo em Brasília. “Ou seja, até que se tenha clareza de que não há risco de algo mais grave, a aversão pode dissipar e olhar-se mais a agenda econômica”, ressalta.

Reação comedida do mercado

Por tudo isso, fica claro o porquê da reação contida do mercado doméstico hoje. Às 14h50, o Ibovespa subia 0,5%, aos 109,484pontos, enquanto o dólar tinha alta de 0,54%, mas seguida cotado abaixo de R$ 5,30. Os investidores estrangeiros atuam de forma mais forte nas ordens de compra de ações do que nas de venda, conforme dados do fluxo diário na bolsa, no horário.

“A reação do mercado hoje está relativamente contida, um pouco pior no dólar, que é onde o investidor estrangeiro manifesta mais as preocupações em relação ao país do que propriamente na bolsa ou até no mercado de juros”, observa o analista político da Medley. 

Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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