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Entrevista: Hidrovias do Brasil foca crescimento no Porto de Santos

01 mar 2021, 15:01 - atualizado em 01 mar 2021, 15:04
Hidrovias do Brasil
A empresa, que levantou R$ 3,4 milhões em seu IPO (Oferta Pública de Ações, em inglês), é a maior prestadora de serviços de logística hidroviária da América Latina (Imagem: Hidrovias do Brasil/Divulgação)

Embalada por uma reestruturação de dívida de US$ 500 milhões, a Hidrovias do Brasil (HBSA3) se prepara para embarcar “em um novo ciclo de crescimento”. A afirmação é do Diretor Financeiro da companhia, André Kubota, que conversou por email com o Money Times.

A empresa, que levantou R$ 3,4 bilhões em seu IPO (Oferta Pública de Ações, em inglês), é a maior prestadora de serviços de logística hidroviária da América Latina.

Ao todo, opera quatro terminais portuários, composta por uma frota de 330 barcaças de carga, quatro lanchas e dois navios de cabotagem, uma das maiores da América do Sul, além de atuar nas principais hidrovias do Brasil – como a hidrovia Tietê-Paraná e o arco Norte, que engloba os rios da bacia do Amazonas.

O plano agora é expandir a atuação no maior porto brasileiro, o Porto de Santos. Em leilão federal ocorrido em 2019, a Hidrovias arrematou por R$ 112,5 milhões o arrendamento da área STS20, destinada à armazenagem de graneis sólidos minerais, especialmente fertilizantes e sal.

“Temos alguns projetos em vista, como a operação plena da área STS20 no porto, com o transporte em plena capacidade de fertilizantes e o início do transporte de sal”, aponta.

Segundo a empresa, o movimento faz parte da estratégia de suprir uma demanda de negócio importante para os clientes que utilizam este ativo para atender o mercado de São Paulo.

A previsão é movimentar até 2,5 milhões de toneladas de carga por ano a partir de 2022.

Outra grande avenida de crescimento é o próprio transporte hidroviário, modal pouco explorado no Brasil.

De acordo com uma pesquisa realizada pela EPL (Empresa Brasileira de Logística) ligada ao Ministério da Infraestrutura, em 2015 o transporte hidroviário correspondia a apenas 5% dos fretes transportados, enquanto o transporte rodoviário representava 65% e o transporte ferroviário 15%.

“Quando olhamos para o mercado de grãos e commodities, por exemplo, esta é uma das melhores soluções tanto na avaliação do custo benefício, quanto nos impactos ao meio ambiente”, diz.

André Kubota
“O fato de termos conseguido alongar o prazo de pagamento, com um custo menor, mostra que o mercado entende que a companhia tem credibilidade”, afirma Kubota (Imagem: Hidrovias do Brasil/Divulgação)

Veja a seguir a entrevista completa:

MT: Como a Hidrovias do Brasil sai da pandemia do coronavírus?

R: A Hidrovias do Brasil sai deste período fortalecida. A pandemia colocou nossa companhia e todo o mercado à prova e tivemos a oportunidade de comprovar a estabilidade e resiliência de nossa tese de negócio. Crescemos consideravelmente em 2020. Nossa receita, como mostram os dados dos últimos nove meses comparados ao mesmo período de 2019, cresceu 50%.

Desde nossa concepção, investimos nas melhores tecnologias disponíveis para garantir excelência em nossos processos. Por isso, em março do ano passado, quando os primeiros casos foram confirmados, conseguimos colocar com muita agilidade 100% de nossos colaboradores administrativos para trabalhar remotamente, com total acesso aos programas e documentos necessários para a continuidade do negócio.

Este cenário, inclusive, trouxe uma mudança importante para nossa cultura e para as relações de trabalho. Hoje nossos colaboradores passaram a trabalhar com mais autonomia e flexibilidade, algo que será mantido daqui para frente, independente do cenário de pandemia.

MT: Recentemente assistimos, mais uma vez, a uma ameaça de Greve dos Caminhoneiros. O Brasil ainda é um país com grande dependência do sistema rodoviário. Há espaço para o transporte hidroviário crescer?

R: O Brasil, como país que tem umas das maiores bacias hidrográficas do mundo, tem um grande potencial de crescimento do transporte hidroviário. Quando olhamos para o mercado de grãos e commodities, por exemplo, esta é uma das melhores soluções tanto na avaliação do custo X benefício, quanto nos impactos ao meio ambiente (o modal hidroviário é um dos mais limpos que existe).

MT: Como vocês avaliam as iniciativas do Governo Federal no setor, como o Projeto BR do Mar a Privatização do Porto de Santos?

R: A Hidrovias do Brasil acredita que todos os projetos criados para o estímulo da navegação são válidos e importantes para o cenário nacional.

MT: Vocês reestruturaram com sucesso uma dívida no mercado internacional. Quais são os planos da empresa para esse pós-IPO?

R: No início de fevereiro, a Hidrovias do Brasil fez uma readequação de sua dívida para ter condições melhores de capital em um momento de situação favorável de mercado. O fato de termos conseguido alongar o prazo de pagamento, com um custo menor, mostra que o mercado entende que a companhia tem credibilidade.

Esse movimento prepara a companhia para um novo ciclo de crescimento. A empresa já é uma grande geradora de caixa e passa a ter uma obrigação financeira de pagamento de títulos só em 2031.

A Hidrovias do Brasil está com sua estrutura de capital ajustada para suportar o novo ciclo de crescimento.
Temos alguns projetos em vista, como a operação plena da área STS20 no Porto de Santos, com o transporte em plena capacidade de fertilizantes e o início do transporte de sal.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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