Mercados

Este bilionário ganhou US$ 200 milhões apostando contra títulos americanos

27 out 2023, 18:55 - atualizado em 27 out 2023, 18:55
Bill Ackman Treasuries títulos Estados Unidos
Bill Ackman faturou US$ 200 milhões apostando contra títulos (Imagem: Reprodução)

Depois de muito relutar, os mercados se deram por vencido e passaram a admitir o cenário de juros mais altos e por mais tempo nos Estados Unidos.

Essa mudança na visão de curto e médio prazo levou a uma abrupta queda no preço dos títulos americanos e disparada dos seus rendimentos, com as principais taxas alcançando marcas próximas ou superiores aos 5%.

Mas, se o comportamento revolto dos Treasuries anda assustando muitos investidores posicionados no mercado de ações, apostar contra a alta dos preços, ou queda das taxas, tornou-se uma oportunidade para ganhar dinheiro em  Wall Street.

Bill Ackman, bilionário dono do fundo de hedge Pershing Square Capital Management, foi um dos que saíram ganhando com a estratégia.

O bilionário entrou “short” nas Treasuries de 30 anos, através do mercado de opções, utilizando opções ainda no mês de agosto. Após dois meses investido, Ackman comunicou em sua conta pessoal que realizou suas posições.

“Há muito risco no mundo atualmente para se manter “short” em títulos de longo prazo”, disse o bilionário, justificando o fim da operação.

Riscos geopolíticos derivados do conflito no Oriente Médio e a possibilidade de um novo evento adverso de crédito na economia americana podem abrir caminho para uma recuperação dos preços dos Treasuries, já que forçaria o BC norte-americano a cortar as taxas básicas de juros.

Segundo pessoas próximas do Ackman citadas pelo Financial Times, o bilionário lucrou nada mais nada menos do que US$ 200 milhões com a manobra. 

Além dos US$ 200 milhões garantidos na última operação, o bilionário já havia faturado a bolada de US$ 2,3 bilhões em uma operação iniciada em dezembro de 2021, desta vez com foco em Treasuries de 2 anos de vencimento.

Para onde vai o mercado de títulos daqui em diante?

Desde que o Federal Reserve apertou o discurso contra a inflação na reunião de setembro, os Treasuries não deram trégua para o mercado de ações.

Rendimentos de títulos de 10 anos até chegaram a passar dos 5% nesta semana por um momento breve, até que retornaram à atual marca dos 4,8% — máximas que não eram vistas desde o início da crise financeira de 2007.

Para a ala mais bearish do mercado, é difícil ver um cenário em que os preços dos títulos americanos se recuperem com rapidez.

Ambiente de inflação pegajosa, déficit fiscal — que provoca um aumento da emissão de Treasuries pelo governo — e a a pressão dos investidores por maiores prêmios para assumir os riscos da dívida formam o terreno para que os rendimentos dos Treasuries subam ainda mais no curto prazo.

Nesse sentido, a BlackRock Investment Institute projeta um avanço das taxas dos títulos de 10 anos para além dos 5%.

Segundo análise do BofA divulgada no início do mês, a sangria no mercado dos títulos deverá continuar até que a economia americana apresente os sinais de fadiga que o Fed tanto aguarda para concluir o aperto monetário.

O banco prevê uma recessão no início de 2024, o que obrigaria a autarquia a flexibilizar a sua política monetária. Com juros básicos mais baixos, as taxas de retorno dos principais títulos regrediriam, abrindo espaço para uma disparada dos preços.

A arrancada destes ativos poderá ocorrer tão logo os mercados de renda fixa e variável começarem a precificar o período de contração econômica.

“[Treasuries] deverão ser as classes de ativos com melhor desempenho no primeiro semestre de 2024”, disse o economista, que diz estar “ansioso” para a chegada de uma recessão.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.