Este parque foi símbolo de uma geração, quase faliu e agora quer voltar aos tempos de glória
O Hopi Hari já foi sinônimo de auge para uma geração que cresceu nos anos 2000 ao som de “Akî Hô, meu povo!”. Depois virou caso de crise, dívidas bilionárias e manchetes pouco animadoras. Agora, tenta escrever a terceira fase da própria história — a mais ambiciosa delas.
Recém-saído da recuperação judicial, o parque de Vinhedo engatou um plano de R$ 280 milhões em investimentos até 2028, que inclui novas atrações importadas, reurbanização de áreas inteiras, projetos imobiliários dentro do complexo e até um shopping a céu aberto inspirado em ícones de Los Angeles e Orlando.
O objetivo é claro, como resume o empresário Nuno Vasconcellos em entrevista para a Bloomberg Línea: “Queremos ser o maior parque da América Latina.”
Do auge ao colapso, e à retomada
A recuperação não foi trivial. Após anos de turbulência e mudanças de gestão, o Hopi Hari acumulou uma dívida que chegou a R$ 1,4 bilhão. Sob supervisão judicial, reestruturou operações, renegociou contratos e reduziu passivos para cerca de R$ 600 milhões.
Em setembro, o juiz responsável decretou oficialmente o fim da recuperação judicial, reconhecendo o cumprimento do plano. A partir daí, o parque pôde deixar de olhar apenas para trás e voltar a falar de futuro.
Um plano para voltar ao topo
O novo ciclo é impulsionado pela controladora Brooklyn International Group, que assumiu o parque em 2018 e já aportou mais de R$ 100 milhões até agora.
O bloco seguinte de investimentos deve levar brinquedos comprados de fornecedores da China, EUA e Europa, com as primeiras novidades surgindo em 2026.
As metas são ousadas:
- 3 milhões de visitantes até 2028/2029
- R$ 500 milhões de faturamento no mesmo período
Como comparação:
- Em 2024, o parque recebeu 1,3 milhão de visitantes e faturou R$ 210 milhões
- Em 2025, a expectativa é de até 1,5 milhão de visitantes, com ticket médio de R$ 165
Shopping a céu aberto e hotelaria: o parque quer virar destino completo
A reinvenção não se limita a novas atrações mecânicas. O plano prevê transformar o parque em um complexo de entretenimento e turismo, com múltiplas fontes de receita.
Shopping a céu aberto
Inspirado no The Grove, em Los Angeles, e no CityWalk, da Disney, o Hopi Hari quer criar um boulevard externo com lojas, gastronomia e entretenimento.
O estudo de viabilidade começa agora, com previsão de 2 a 3 anos de desenvolvimento.
Hotéis e apartamentos
A expansão imobiliária deve acontecer sobre o estacionamento e terrenos próximos. Para isso, o parque depende de mudanças no plano diretor de Vinhedo, que atualmente limita a altura das construções.
Segundo Vasconcellos, “se queremos crescer mais rápido, precisamos trazer gente de outras regiões. E isso exige hospedagem.”
Um mercado mais competitivo pela frente
A ambição do Hopi Hari coincide com a chegada de novos concorrentes. O mais barulhento deles é o Cacau Park, megacomplexo temático da Cacau Show previsto para 2027, em Itu, também no interior paulista.
Ainda assim, a localização estratégica do Hopi Hari, entre os principais aeroportos paulistas e próximo a uma região com cerca de 30 milhões de habitantes, é vista internamente como vantagem competitiva decisiva para sustentar o novo ciclo.
*Com informações da Bloomberg Línea