Economia

“Estou muito assustado com o panorama fiscal brasileiro”, diz Gustavo Franco, ex-presidente do BC

23 out 2025, 19:30 - atualizado em 23 out 2025, 19:30

Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central entre 1997 e 1999, afirmou estar “muito assustado com o atual panorama fiscal brasileiro”.

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Em evento da Anfidc (Associação Nacional dos Participantes em Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios) nesta quinta-feira (23), ele apontou que a dívida pública, atualmente em R$ 8,2 trilhões, está piorando aos poucos e que um problema fiscal “não explode de uma vez, mas se deteriora gradualmente”.

“A dívida atual representa cerca de R$ 30 mil para cada brasileiro. É muito dinheiro e essa é talvez uma maneira de acordar as pessoas para o assunto fiscal sem a gente entrar nos meandros técnicos da coisa”, disse.

Segundo ele, a postura do atual governo diante da situação está “errada e precisa mudar”, com foco em equilíbrio orçamentário. No entanto, por ora, Franco diz preferir “não exigir demais do governo”.

“Se a gente começar a achar que o arcabouço é ruim, que é pouco, não sabemos o que pode vir no lugar. É melhor ‘deixar quieto’ porque ‘se provocar, fica pior’”, afirmou.

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O ex-presidente do Banco Central disse ainda temer uma deterioração mais rápida em 2026, por conta das eleições.

“Em uma situação como a que estamos, com a economia a pleno emprego, se imaginarmos R$ 200 bilhões ou R$ 300 bilhões a mais de gastos públicos em razão de imperativos eleitorais, tenho medo de o Banco Central ficar em uma sinuca de bico”, afirmou.

Nessa hipótese, ele vê risco de inflação pressionada e dificuldade para rolar a dívida, o que exigiria juros ainda mais altos.

Ainda sobre as eleições de 2026, Franco afirmou que o cenário permanece incerto. “A gente não sabe nem quem são os candidatos direito, apesar de Lula ter confirmado por esses dias sua candidatura”, disse.

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Ele lembrou, porém, que o mercado projeta que uma mudança de rumo político a partir de 2027 poderia restaurar a confiança.

Do lado político, defendeu uma eleição menos polarizada, “sem Lula nem Bolsonaro”, que permita ao país discutir o centro político, “onde está a maioria”. Comparando com 1989, destacou que gostaria de ver uma disputa “muito aberta”, com vários candidatos e debates de ideias.

Apesar das falas mais pessimistas quanto à economia brasileira, Gustavo Franco buscou terminar com uma nota de otimismo, relembrando situações passadas.

Franco lembrou o cenário de maio de 1993, quando Fernando Henrique Cardoso assumiu o Ministério da Fazenda em meio a uma inflação de mais de 6.000% ao ano. No primeiro dia de trabalho, contou, ele e a equipe foram de táxi ao ministério e encontraram o prédio cercado por grevistas que chegaram a sacudir o carro — um retrato do caos econômico e político da época.

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Ainda assim, destacou, apenas 11 meses depois, FHC descia o elevador para se candidatar à Presidência da República e venceria a eleição já no primeiro turno. “Então, em algum grau, eu ainda tento manter certo nível de otimismo.”

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Jornalista formado pela Unesp, tem passagens pelo InfoMoney, CNN Brasil e Veja.
vitor.azevedo@moneytimes.com.br
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