EUA: Fed só deve ajustar juros quando efeitos das tarifas de Trump estiverem claros, diz ASA

O Federal Reserve (Fed) deve manter a taxa de juros inalterada até que os efeitos das tarifas implementadas pelo presidente Donald Trump na economia estejam mais claros, avalia a economista do ASA, Andressa Durão.
“A combinação de expectativas por mais inflação com economia ainda resiliente manterá o Fed em espera até que os efeitos das políticas na economia estejam claros”, diz Durão.
O banco central dos Estados Unidos (EUA) os juros no intervalo de 4,25% a 4,50% nesta quarta-feira (18), como amplamente esperado pelos mercados. Trata-se da quinta reunião seguida em que a taxa está no atual patamar.
A economista do ASA afirma que a autarquia não promoveu mudanças significativas no comunicado. A avaliação ainda aponta que a incerteza “permanece elevada”, apesar de mencionar uma redução na percepção.
Já as novas projeções do Comitê foram consideradas hawkish (agressivas). As autoridades veem o crescimento econômico desacelerando para 1,4% neste ano, o desemprego subindo para 4,5% e a inflação em 3%.
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A mediana das novas estimativas indica ainda que juros encerrarão 2025 em 3,9%. Segundo o dot plot, oito diretores esperam que os juros fechem o ano entre 3,75% e 4%, mas sete veem nos atuais 4,25% a 4,5% ao final do ano. Dois projetam a taxa no intervalo de 4% a 4,25% e outros dois entre 3,5% e 3,75%.
Durão destaca que as divergências entre os membros do Comitê refletem a incerteza e apontam para uma divisão. “O Fed parece mais preocupado com a inflação agora, mas está bastante sujeito a mudanças no cenário”.
Apesar disso, a economista diz que o presidente do Fed, Jerome Powell, tentou reduzir o peso dessas estimativas na coletiva de imprensa. Powell enfatizou que ninguém as sustenta com grande convicção e que é possível argumentar a favor das diferentes trajetórias previstas para os juros.
Sobre as tarifas adotadas por Trump, a economista afirma que a persistência e a incerteza quanto aos impactos seguem no radar. “Powell afirmou que o efeito inflacionário pode ser mais persistente do que inicialmente esperado e que pode não ser apenas um choque pontual”, diz.
O presidente do banco central disse, em entrevista, que os efeitos das políticas tarifárias demoram a chegar ao consumidor final, o que dificulta antecipar a reação ideal da política monetária.