EUA: Projeto de lei de corte de impostos de Trump é aprovado na Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou nesta quinta-feira (22) um projeto de lei abrangente sobre impostos e gastos que implementará grande parte da agenda política do presidente Donald Trump e sobrecarregará ainda mais o país com trilhões de dólares em dívida.
O projeto cumpre muitas das promessas de campanha de Trump, concedendo novas isenções fiscais sobre gorjetas e empréstimos para automóveis e elevando os gastos com as Forças Armadas e o controle das fronteiras.
A legislação acrescentará cerca de US$ 3,8 trilhões à dívida de US$ 36,2 trilhões do governo federal na próxima década, de acordo com o independente Escritório de Orçamento do Congresso.
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O que Trump chamou de “um grande e belo projeto de lei” foi aprovado em uma votação de 215 a 214, com todos os democratas e dois republicanos votando contra. Um terceiro republicano votou “presente”.
O pacote também precisa ser aprovado no Senado, controlado pelos republicanos, antes que Trump possa sancioná-lo como lei. A votação ocorreu após uma maratona que manteve os parlamentares debatendo o projeto por duas noites seguidas.
A legislação de 1.000 páginas estende os cortes de impostos aprovados em 2017 durante o primeiro mandato de Trump cancela muitos incentivos de energia verde aprovados pelo ex-presidente Joe Biden e limita a elegibilidade para programas de saúde e alimentação voltados a pessoas de baixa renda.
O projeto também financiará a repressão de Trump à imigração, acrescentando dezenas de milhares de guardas de fronteira e criando a capacidade de deportar até 1 milhão de pessoas por ano.
O projeto de lei foi aprovado apesar das crescentes preocupações com a dívida dos EUA, que chegou a 124% do PIB, o que levou a Moody’s a rebaixar a nota de crédito do país na semana passada.
O governo dos EUA registrou déficits orçamentários em todos os anos deste século, uma vez que os governos republicanos e democratas não conseguiram alinhar os gastos com a receita.
Os investidores, preocupados com a situação fiscal dos EUA e com as medidas tarifárias erráticas de Trump, estão vendendo cada vez mais o dólar e outros ativos dos EUA que constituem a base do sistema financeiro global.
PRAZO PARA O TETO DA DÍVIDA
Os republicanos que apoiaram o projeto de lei argumentaram que a não aprovação aumentaria os impostos de muitas famílias. Eles também planejam usar o projeto para aumentar o teto da dívida do governo, uma medida que o Congresso deve tomar até meados do ano ou pode provocar um calote devastador.
Com uma estreita maioria de 220 a 212 votos, o presidente da Câmara, Mike Johnson, não podia se dar ao luxo de perder mais do que um punhado de votos de seu lado.
Os republicanos da ala conservadora do partido pressionaram por cortes mais profundos nos gastos a fim de diminuir o impacto orçamentário, mas encontraram resistência de moderados, que temiam que esses cortes recaíssem sobre os 71 milhões de norte-americanos inscritos no programa de saúde Medicaid.
Johnson fez alterações para atender às preocupações dos conservadores, adiantando uma nova exigência de trabalho para os beneficiários do Medicaid que entrará em vigor no final de 2026, mais cedo do que antes.
Johnson também ampliou uma dedução para pagamentos de impostos estaduais e locais, o que era uma prioridade para republicanos que representam Estados com altos impostos, como Nova York e Califórnia.
Os democratas criticaram o projeto de lei por beneficiar desproporcionalmente os mais ricos e cortar benefícios para os trabalhadores norte-americanos.
O Senado, onde os republicanos detêm uma maioria de 53 a 47, não deve aprovar o projeto até o início de junho. Alguns senadores republicanos disseram que a Casa pode fazer mudanças significativas no projeto de lei antes de aprová-lo.