Internacional

EUA querem investir no Brasil para extração de minerais críticos, diz enviado de Biden

22 mar 2023, 17:31 - atualizado em 22 mar 2023, 17:31
Brasil
“O Brasil pode ser uma potência mineral nesse momento em que o mundo está sedento por minerais críticos”, disse Fernandez (Imagem: REUTERS/Shelley Christians)

O governo norte-americano quer investir no Brasil para a extração dos chamados minerais críticos, necessários para fabricar baterias de energia limpa, disse nesta terça-feira em Brasília o subsecretário de Estado para Assuntos Econômicos, Energia e Meio Ambiente, José W. Fernandez.

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“O Brasil pode ser uma potência mineral nesse momento em que o mundo está sedento por minerais críticos”, disse Fernandez, um dos altos funcionários da administração Joe Biden a visitar o Brasil desde instalação do governo Lula.

A autoridade norte-americana disse ter discutido com o governo brasileiro a possibilidade de investimento na extração dos mineirais críticos, como lítio, magnésio, cobre, níquel, cobre, entre outros, cruciais para o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono.

O fornecimento do tipo de material é um desafio para a transição econômica e energética verde, tanto pela demanda, em crescimento veloz, como em termos geopolíticos, com a China processando quase 90% das terras raras e 60% do lítio, um elemento-chave para as baterias.

Tendo isso como pano de fundo, em 2022 o governo norte-americano formou uma aliança com a Comissão Europeia e outros 11 países — Canadá, Austrália, Finlândia, Alemanha, França, Japão, Coreia do Sul, Suécia, Reino Unido, Noruega e Itália – dedicada a atuar na cadeia desses minerais. A intenção é oferecer a países produtores investimento na exploração desses minérios e, especialmente, diminuir a dependência mundial de Pequim no tema.

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“Os membros dessa parceria estão muito interessados na possibilidade de investimento no Brasil”, disse Fernandez. “Conversamos com o governo brasileiro sobre isso e é algo sobre o que vamos continuar a conversar.”

Um relatório do think thank americano Brookings Institute mostra que a China é hoje responsável pelo refino de 68% do níquel, 40% do cobre e 73% do cobalto do mundo.

“Você tem uma vulnerabilidade na cadeia de abastecimento nesse setor. Nós aprendemos o que isso significa na pandemia”, seguiu Fernandez.

O subsecretario disse ainda que frequentemente, na mineração, há uma corrida para baixo — ganha quem consegue produzir mais barato, com custo mais baixo –, o que acaba tendo um enorme impacto ambiental.

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“Então o que estamos dizendo (aos países onde queremos produzir) é que vamos seguir os padrões ambientais, sociais e de governança que seguimos nos nossos países. Não é porque vamos trabalhar em um novo país que vamos nos associar a essa corrida para baixo”, prometeu.

Segundo Fernandez, estão sendo feitas negociações entre os países da aliança e alguns países africanos e, no momento, 15 projetos de extração e processamento de mineirais críticos estão sendo analisados.

De acordo com o Anuário Mineral Brasileiro, o país tem hoje exploração de alguns dos principais minerais críticos, como cromo, níquel, manganês, cobre, entre outros, sendo o maior produtor mundial de nióbio. No entanto, o país teria jazidas de todos os 50 minerais críticos no mundo, incluindo lítio.

Um relatório de 2022 da Agência Internacional de Energia calcula que a demanda de minerais críticos irá dobrar até 2040 com necessidade atual.

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No entanto, se o mundo fizer um esforço real para cumprir as metas do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, a necessidade quadruplicará, e um esforço maior, para se chegar a zerar as emissões líquidas de carbono até 2050, como vários países se comprometeram, elevaria a demanda em seis vezes.

Já a demanda por alguns minerais, como lítio e manganês, crescem ainda muito mais, podendo chegar a 40 vezes o produzido atualmente.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
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