Economia

Ex-diretor que apoiou juro de 2% defende aperto maior

25 jul 2022, 20:31 - atualizado em 25 jul 2022, 20:31
Sede do Banco Central em Brasília
Diretor do Banco Central de 2019 a 2021, Kanczuk vê, além da inflação, os riscos fiscais como grandes desafios do atual cenário (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O ex-diretor do Banco Central que apoiou uma redução da taxa de juros para o menor patamar da história do Brasil, de 2%, agora avalia que a o BC precisa promover um aperto monetário mais forte e empurrar a taxa Selic de 13,25% para 14,25% no final do ciclo de alta.

E não descarta que os juros possam ir além, caso o efeito na atividade continue a demorar.

Fabio Kanczuk, 53, que comandou a diretoria de Política Econômica do Banco Central do Brasil e agora é head de macroeconomia da Asa Investments, vê mais meio ponto percentual de alta na próxima reunião do Copom, em agosto, e um ritmo mais lento para os próximos encontros, até que a maior economia da América Latina mostre uma queda nas estimativas de atividade e inflação.

“O BC precisa ver as coisas acontecendo, ele precisa de um sinal e não está tendo”, disse em sua primeira entrevista após deixar o cargo, em dezembro. Sua estimativa para a Selic terminal é superior à mediana dos economistas consultados pelo Banco Central na pesquisa Focus, que aponta a taxa de referência encerrando o ciclo em 13,75%.

Diretor do Banco Central de 2019 a 2021, Kanczuk vê, além da inflação, os riscos fiscais como grandes desafios do atual cenário.

Após a aprovação da PEC dos Benefícios e uma maior injeção de dinheiro na economia, é possível que os efeitos do aperto monetário sejam postergados e a recessão esperada só aconteça no 4º trimestre do ano.

A situação fiscal tornou-se mais expansionista e exige uma política monetária mais restritiva. O Banco Central será mais explícito sobre isso, disse ele, acrescentando que não há outra maneira. “Para 2023, o jogo continua complicado”.

Apesar do aumento das incertezas, o Banco Central não deve evitar qualquer aumento da taxa básica devido ao risco de dominância fiscal, da qual o ex-diretor diz que o Brasil está longe. As autoridades monetárias também olham mais para a inflação do que para a atividade. “O Banco Central deve voltar a ancorar as expectativas”, disse Kanczuk.

Olhando para trás, o ex-diretor do BC diz que um dos erros da administração da qual fez parte foi prever uma forte desaceleração econômica durante a pandemia, o que não aconteceu. Por outro lado, defendeu a política de forward guidance implementada em 2020 para orientar os agentes de mercado sobre as próximas decisões do Copom.

“O forward guidance não precisa mostrar uma convicção do Banco Central, não tem compromisso”, disse. “Eu gosto de uma comunicação mais transparente e hoje o mercado entende o que o BC fala”.

Segundo o ex-diretor, o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, deve continuar no cargo em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de outubro. Kanczuk diz que Campos Neto não sofreu interferências no atual governo e o BC deve continuar independente em um eventual governo do PT.

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