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Exclusivo: BTG Pactual vê oportunidades da ‘porteira para fora’ no agro, mas faz ressalva: ‘endividados vão sofrer nos próximos 2 anos

01 out 2025, 7:00 - atualizado em 01 out 2025, 7:55
Btg pactual agronegócio crédito
(Foto: Divulgação)

As principais oportunidades dentro do agronegócio hoje estão da “porteira para fora”, em especial, na parte de logística e transformação da produção. A visão é de Rogério Stallone, sócio responsável pela área de crédito corporativo do BTG Pactual (BPAC11).

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Uma das apostas nessa linha foi o investimento bilionário nos terminais portuários para escoamento de produtos agrícolas em Paranaguá (PR). Mais recentemente, o banco entrou, via holding, como investidor-âncora na megacapitalização de R$ 10 bilhões da Cosan (CSAN3).

Mas isso não significa que o BTG esteja fora do bom e velho crédito, apesar do momento difícil no setor. Em um momento de disparada da inadimplência e pedidos de recuperação judicial (RJ), Stallone disse enxergar um momento cíclico para o agro.

“Aqui no BTG temos uma carteira muito defensiva. Mesmo com diferentes perfis de produtores, buscamos sempre produtores de melhor qualidade. Nosso índice de inadimplência não preocupa em nada e não acho que vamos sofrer com esse período”, disse o sócio do BTG, em entrevista exclusiva ao Money Times.

Stallone afirma que os fundamentos do agro seguem sólidos e que o Brasil é o produtor de menor custo mundial. “Mas sim, se olharmos talvez nós próximos dois anos, alguns produtores, os mais alavancados, vão sofrer”.

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A polêmica das recuperações judiciais no agro

Os bancos que concederam crédito ao agronegócio vêm sofrendo com a alta da inadimplência e dos pedidos de recuperação judicial. Para o sócio do BTG, o problema não está no instrumento em si, mas no mau uso por alguns tomadores de crédito.

Algumas empresas, até mesmo sem necessidade, estariam se valendo da Justiça apenas para forçar descontos no valor a pagar (haircut) das dívidas. “A RJ também não pode ser usada de forma que o credor que financiou a empresa pague toda a conta”, disse Stallone.

Ainda que poucos devedores estejam fazendo mau uso da recuperação judicial o movimento muitas vezes macula todo o setor, de acordo com o sócio do BTG.

Ele cita como exemplo o caso Americanas, quando todo o varejo sofreu em um primeiro momento por temer que outras empresas do setor se valessem das mesmas práticas fraudulentas.

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“É o mesmo para o agro. Não vai achar que um ou outro oportunista vai fazer algo errado e não vai gerar efeitos. Pelo contrário, todo mundo sofre, o custo de crédito, condições e garantias aumentam, os bancos vão encurtar prazos.”.

As oportunidades da ‘porteira para fora’

Os desafios, ou como Stallone prefere dizer, oportunidades no agronegócio, ficam para a continuidade da agenda de crescimento, principalmente em questões de infraestrutura.

Uma das grandes tacadas do banco para cobrir uma área na qual o Brasil possui uma carência histórica foi o investimento nos terminais de Paranaguá.

Junto com a Cargill e um consórcio formado por Louis Dreyfus Company e Amaggi, a área de commodities do BTG arrematou a área do porto paranaense em abril deste ano, com um lance de R$ 855 milhões em outorgas para as três áreas.

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No total, os investimentos devem chegar a R$ 2,4 bilhões e devem servir para escoar a crescente produção de soja, milho e outras mercadorias agropecuárias do país.

Em linha com os planos de investir na logística do agro, a holding dos sócios do BTG entrou como investidora na capitalização de até R$ 10 bilhões do grupo Cosan (CSAN3). Entre os ativos da holding está a concessionária de ferrovias Rumo (RAIL3).

“Há muitas oportunidades nesse entorno do agro e precisamos ‘juntar as pontas’, otimizando questões logísticas”, afirmou Stallone.

O sócio do BTG menciona ainda ganhos potenciais de eficiência no agro brasileiro. Por exemplo, o consumo de etanol do Nordeste que hoje vem de São Paulo.

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“Não poderia produzir o milho e transformar em etanol no Nordeste, para ser consumido na região? O etanol de milho, inclusive, é a sensação do momento. É um colosso o que essas empresas estão fazendo, companhias que eram desconhecidas até 5 ou 6 anos”, enfatiza.

O BTG no agronegócio e as grandes transformações em curso no setor

Dentro do agronegócio, o BTG Pactual atua desde pequenos até grandes produtores rurais e empresas. Na parte de banco de investimentos, atuou na coordenação de aberturas de capital de várias companhias na B3. Na entressafra de IPOs, o banco também atua na captação de recursos via instrumentos como Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA).

Stallone menciona que hoje de 15-20% do agronegócio já é financiado pelo mercado de capitais, com outros 50% vindo dos bancos e 30% das linhas de custeio do governo.

“Muita gente ainda acha que o agronegócio ainda vive daquelas linhas subsidiadas do Banco do Brasil. Isso acabou. Esse direcionamento ficou mais para pequenos produtores, uma turma que realmente compete com cerca desigualdade

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O objetivo do BTG é ter uma participação no setor dentro do banco muito parecida com a do PIB do agronegócio, que gira entre 25 – 30% do PIB do Brasil.

“Aqui no banco, se você pegar agro e conjugados, chega a 25% da nossa carteira. É um setor que a gente gosta muito e é foco do banco. Não tem um setor hoje que você veja tantasvê tantas iniciativas surgindo”.

O BTG marca presença em importantes feiras do setor, como a Agrishow e a Bahia Farm Show, e o segundo maior evento do banco é o AgroForum, que acontece de forma itinerante em cidades como São Paulo e Cuiabá.

No fim do bate-papo, Stallone citou a frase dita por Eduardo Logemann, chairman da SLC Agricola (SLCE3), de que o “agronegócio é bom de produção, mas ruim de marketing”. Ele destaca que o setor é competitivo por natureza, enquanto outros países recebem uma “tonelada de subsídios”.

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“Todo mundo deveria ter orgulho da transformação que acontece no Brasil pelo agro. Vemos cidades do Mato Grosso que ficam à margem da BR-163 se transformarem. Você tem escolas, universidades, shopping centers, restaurantes e hotéis. Uma infraestrutura que não existia há 20 ou 30 anos. A geração de riqueza na esteira do agro é impressionante. Quem desbrava o Brasil hoje é o agro.”.

Assista também:

 

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Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
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