Exclusivo: Novas regras de financiamento fazem simulações na Caixa disparar, diz presidente

A Caixa Econômica Federal registrou cerca de 360 mil simulações de financiamento imobiliário por dia na última semana, um crescimento de mais de 20% desde que a instituição voltou a financiar até 80% do valor dos imóveis residenciais. O teto anterior, válido desde novembro do ano passado, era de 70%.
O dado inédito foi divulgado pelo presidente do banco, Carlos Antônio Vieira Fernandes, durante entrevista concedida ao Money Times.
Com o retorno dessa cota de 80%, o comprador precisa dispor de uma entrada menor, o que facilita a compra da casa própria.
Esse novo limite, vale ressaltar, está em vigor para imóveis novos e usados financiados pelo Sistema de Amortização Constante (SAC). Para o tipo Price, que possui parcelas fixas, o percentual máximo permanece em 70%.
Foco na classe média e expansão do crédito
O novo modelo permite à Caixa conceder empréstimos para casas de até R$ 2,25 milhões pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), ante R$ 1,5 milhão pelas regras anteriores.
Com isso, Vieira estima que mais de R$ 40 bilhões sejam liberados em crédito imobiliário nos próximos 12 meses.
A medida faz parte de um esforço do banco para cumprir um pedido do presidente Lula: atender famílias de classe média, que, por terem renda acima de R$ 12 mil mensais, ficam de fora do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
“Estamos interpretando o pedido de Lula com naturalidade. Hoje você tem uma classe média no Brasil muito pujante, com profissionais liberais e pessoas em atividades empresariais sem vínculo com a CLT, e não tínhamos programas específicos para esse grupo”, afirmou o executivo.
Vieira destacou que a Caixa estima liberar R$ 250 bilhões em crédito habitacional em 2025, acima dos R$ 223 bilhões no acumulado do ano passado e até então o maior volume já registrado. Para 2026, a expectativa é de que o resultado aumente ainda mais.
“A gente não fechou ainda o número estimado para o ano que vem, mas certamente será um pouco acima do que está sendo feito hoje. A economia está nos ajudando para que isso aconteça”, disse.
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Preocupação com os juros
Ao ser questionado sobre o novo teto de juros de 12% para financiamentos, diante da Selic em 15% ao ano, o presidente da Caixa disse que a instituição não está preocupada.
“De forma alguma estamos preocupados. Foi uma discussão que aconteceu, e todos os bancos entenderam que a medida é adequada”, explicou.
“Esse é um recurso de captação em que se paga 6% mais taxa referencial (TR), que é o rendimento anual da poupança, mas se cobra 12% mais TR. Então, você tem uma margem de 6% ainda”, continuou.
Juros altos = menos consumo
O executivo apontou, ainda, que subir demais os juros prejudica a capacidade de consumo, e que o crédito imobiliário também tem papel social.
“Quando eu aumento a taxa demais, eu tiro também a capacidade de consumo de uma parte significativa da população. É importante que nós, os bancos, tenhamos essa consciência. O banco tem uma posição importante na sociedade”, afirmou, dizendo que é preciso ver além dos juros.
“É importante que as instituições financeiras percebam que não é só aumentando a margem que você vai estar ganhando. A habitação tem uma função adicional na relação do cliente com o banco, devido ao longo prazo. Então, é preciso ver para além dos juros”, prosseguiu.
Vieira também destacou a importância do crédito habitacional para a geração de empregos. Segundo ele, a cada 100 novas unidades habitacionais construídas, cerca de 60 postos de trabalho são criados.
“Quando a economia cresce, os bancos ganham, todos ganham, não tem sombra de dúvida”.