Ibovespa

Executivo do Santander Private projeta 150 mil pontos para o Ibovespa, que pode ir além se fiscal ajudar

26 maio 2025, 11:42 - atualizado em 26 maio 2025, 15:39
Christiano Clemente, CIO do Santander Private Banking
Christiano Clemente, CIO do Santander Private Banking (Foto: Divulgação/Santander)

O Ibovespa (IBOV) superou os 140 mil pontos pela primeira vez na história e renovou a máxima nominal de fechamento na última terça-feira (20), descolada das principais bolsas internacionais. 

A alta recente do Ibovespa foi resultado de uma combinação de fatores positivos, na avaliação de Christiano Clemente, CIO do Santander Private Banking: fluxo de capital estrangeiro com dólar mais fraco.  

“A partir do anúncio das questões tarifárias pelo [presidente dos Estados Unidos, Donald] Trump, começou a se questionar a fortaleza do dólar e aconteceu um movimento de certa rotação, beneficiando o Brasil, que está com preços dos ativos bem comprimidos”, afirma Clemente em entrevista ao Money Times

A recente valorização do Ibovespa também contou com fatores internos: expectativas de inflação menos desancoradas — mesmo com o cenário fiscal ainda “desafiador”, segundo o CIO. 

“As expectativas de inflação começaram a ficar mais ancoradas, principalmente, com o discurso mais austero e mais duro do Banco Central. [O presidente do BC, Gabriel] Galípolo tem deixado muito explícito em deixar os juros elevados por mais tempo, o chamando ‘higher for longer’”, acrescentou Clemente. 

O Santander tem a projeção do Ibovespa aos 145 mil pontos no final de 2025 — já próximo do recorde recente. Para Clemente, o principal índice da bolsa brasileira pode chegar até 150 mil pontos — a depender do avanço da curva de juros. 

Tem mais gatilhos para alta daqui para frente? 

Para Clemente, o principal índice da bolsa brasileira pode ganhar até 20 mil pontos do nível atual — a depender do avanço da curva de juros. 

Isso porque, em tempos de juros mais elevados, os investimentos mais voláteis, como ações, se tornam menos atrativos do que os títulos do Tesouro indexados à inflação. 

Clemente explica que o título NTN-B 2050, hoje considerada a taxa de juros de longo prazo, de 30 anos, e considerada “livre de risco”, opera em torno de 7,10% a 7,40% ao ano, mais a inflação — o que é considerada “muito alta” e, portanto, mais atraente para os investidores. 

Para ele, apenas uma melhora na percepção fiscal pode reduzir o prêmio da curva de juros, com a queda das taxas de médio e longo prazo. 

“Dificilmente vamos conseguir falar de Ibovespa aos 160 mil pontos se a NTN-B 2035, 2040 e 2050 tiverem na casa maior ou igual a 6% ou 6,5%”, afirma Clemente. “Hoje, com a atual taxa de juros de longo prazo, projetamos o Ibovespa nos 145 mil, com limite de até 150 mil pontos.”

Ele ainda considera que se o mercado entender que existe uma expectativa de melhora no fiscal no próximo ano ou até depois das eleições de 2026, o Ibovespa pode subir ainda mais. 

“Qualquer que seja o vencedor na eleição de 2026 e qualquer que seja o presidente em 2027, deverá endereçar essa questão do fiscal. Quanto mais claro ficar isso e quanto mais crível for esse endereçamento, o mercado reage antes”. 

No cenário externo, o CIO do Santander Private Banking considera que novos sinais de enfraquecimento da economia dos Estados Unidos, inflação controlada ou dados de atividade e consumos mais fracos em virtude do ‘tarifaço’ de Trump podem resultar em um nova saída de fluxo de estrangeiros das bolsas norte-americanas para outros mercados. 

“Então, se esse rotacionamento continuar, mesmo com o fiscal do jeito que ele está hoje, poderíamos ter um outro estímulo. Mas isso é um estímulo de fluxo, não é um estímulo estruturante, que são coisas diferentes”, acrescenta o CIO do Santander Private Banking. 

Ibovespa: onde investir

Dentro da bolsa brasileira, o Santander vê com “bons olhos” os setores de commodities e de serviços básicos (utilities). “Num ambiente de taxa de juros maior, a gente tem olhado mais para esses setores que são mais defensivos e que costumam ser os maiores pagadores de dividendos”, diz Clemente. 

No caso de commodities, a visão positiva leva em consideração a menor alavancagem financeira, com destaque para os segmentos de óleo e gás e grãos. utilities é um setor defensivo, “bom” pagador de dividendos e que tem uma receita menos cíclica — ou seja, menos sensível à taxa básica de juros, a Selic

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
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