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Fabricantes de armas tem valorização em ações dias após massacre; entenda

26 maio 2022, 8:34 - atualizado em 26 maio 2022, 11:58
Massacre Texas EUA
Após tiroteio em escola do Texas, nos EUA, ações de fabricantes de armas sofrem aumento no mercado (Imagem: REUTERS/Marco Bello)

Na quarta-feira (25), os Estados Unidos viram as ações de fabricantes de armas e munições subirem consideravelmente.

Empresas como Smith & Wesson e a Vista Outdoor tiveram um aumento de 7% em seus papéis, enquanto a Sturm Ruger subiu cerca de 4%, de acordo com uma reportagem publicada no The New York Times.

A valorização gradativa das ações da indústria armamentista acontece um dia após os EUA serem palco de um dos maiores tiroteios em massa de sua história.

A tragédia, que aconteceu em uma escola primária na cidade de Uvalde, no Texas, deixou um total de 21 mortos. Entre eles, 19 crianças de cinco a dez anos, e dois adultos.

Segundo o jornal norte-americano, a venda de armas em países como os EUA tende a aumentar após episódios como o do tiroteio nos Texas, pois a população prevê a criação de leis que podem restringir o acesso a armas de fogo após esses atentados.

De acordo com Leonardo Piovesan, analista de investimentos da Quantzed, o mesmo acontece durante governos do Partido Democrata, como o do atual presidente Joe Biden — conhecido por posições mais progressistas e contra a flexibilização do porte de armas nos EUA.

“A população enxerga um risco maior de ter o acesso a amas de fogo dificultado”, afirma.

Uma aposta no medo

Para Piovesan, com a flexibilização das medidas de isolamento social e o aumento no número de manifestações nos EUA, a população norte-americana busca aumentar sua posse de armas como “garantia” de sua segurança individual.

O aumento das ações não é uma resposta do mercado em decorrência de eventuais restrições, mas pelo aumento exponencial nas vendas de armamentos e munições em todo país.

“Olhando a transição de 2020 para 2021, essas empresas tiveram uma performance de ações muito boa, e isso inclui tanto empresas brasileiras, como a Taurus, e empresas americanas”, destaca o analista.

A Taurus Armas (TASA3; TASA4), fabricante brasileira de armas com sede na cidade de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, teve um crescimento de 1.300% em suas ações nos últimos quatro anos.

Parte desses resultados são atribuídos as flexibilizações promovidas pelo governo federal desde 2018 com relação a aquisição e posse de armas no país.

Massacre Texas EUA
O tiroteio deixou um saldo de 21 mortos, sendo 19 crianças e dois adultos (Imagem: REUTERS/Nuri Vallbona)

Direito individual, impacto coletivo

Um levantamento realizado pelo Departamento Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês) identificou que, apenas em 2021, foram registrados cerca de 61 tiroteios em massa nos EUA.

Desse todo, estima-se que cerca de 34 aconteceram no interior de escolas ou instituições de ensino.

Para Carolina Ricardo, especialista em segurança pública e diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, o acesso a armas por jovens e adolescentes representa um problema pouco observado pelo governo norte-americano.

“Não há uma idade mínima nacional para posse de armas nos Estados Unidos. Então isso significa que menores de 18 anos podem ter acesso a armas longas, como rifles semiautomáticos, em mais da metade do país”, aponta a especialista.

Dos 50 estados americanos, 29 autorizam que menores de 18 anos tenham acesso a armas longas em casa, enquanto 19 restringem esse acesso a maiores de 18.

Apenas dois estados, e Washington, expandiram a restrição para maiores de 21 anos.

Apesar das estatísticas indicarem que esse crime não é incomum nos EUA, Carolina ressalta que a política ampla de acesso a armas promovida pelo governo norte-americano nos últimos anos estende os direitos individuais em prejuízo da segurança pública.

“O direito de acesso às armas foi plugado nessa defesa da liberdade individual pela sociedade americana. Mas quais são as consequências coletivas para esse tipo de liberdade?”, afirma.

“Essa discussão vai além do direito a liberdade ou não. Nesse caso, um menino teve a liberdade de ir até uma loja de armas e em seguida matar 19 crianças e dois adultos. Então, é preciso olhar essa situação fora do prisma do individualismo e buscar soluções mais equilibradas para esse problema”, diz.

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Estagiário
Estudante de jornalismo na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Foi tradutor no Programa de Voluntários Internacionais da ONU durante dois anos. Na universidade, desenvolve pesquisas em Linguagem e História do Pensamento Social Brasileiro. Escreve sobre tecnologia, ciência, conflitos e assuntos internacionais.
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Estudante de jornalismo na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Foi tradutor no Programa de Voluntários Internacionais da ONU durante dois anos. Na universidade, desenvolve pesquisas em Linguagem e História do Pensamento Social Brasileiro. Escreve sobre tecnologia, ciência, conflitos e assuntos internacionais.
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