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Fabrício Alexandre: qual é a relação entre o bitcoin e a deep web? 

02 jul 2020, 15:40 - atualizado em 02 jul 2020, 15:47
Neste artigo, entenda por que o bitcoin é tão associado a atividades ilegais (Imagem: Pixabay/Marinefreex)

Muitos pensam que tudo o que está na internet fica disponível em sites como o Google. Mas a verdade é que existe muito conteúdo que não pode ser acessado pelos indexadores dos navegadores da internet.

Essa região da internet é conhecida como “deep web” (ou dark web) e, pelo relativo anonimato, nesse ambiente, as criptomoedas são a forma de pagamento oficial.

O termo “deep web” foi apresentado pela primeira vez em 2000 por um engenheiro de computação chamado Mike Bergman, mas se tornou popular em 2009, quando começou a veiculação pela grande mídia sobre supostas atividades ilícitas que ocorriam nessa parte “escura” da web.

A deep web representa as partes da internet em todo o mundo, que estão hospedadas em redes sobrepostas, como darknets, TOR, Freenet e I2P.

Para trazer mais à nossa realidade, pense assim: imagine a internet que você navega como a ponta de um iceberg. Parte das informações estão numa região submersa, fora de sua visão.

O que acessamos ao fazer uma busca, por exemplo, seria apenas a parte mais superficial desse oceano. Apesar de diversos estudos e projeções, é muito difícil dizer, com exatidão, o tamanho dessa internet mais profunda.

Mesmo que o senso comum tente ligar deep web diretamente a cibercriminosos, é evidente que essa parte da rede também é visitada por pessoas bem-intencionadas, como blogueiros, os entusiastas do próprio bitcoin, além de dissidentes políticos que preferem praticar suas atividades on-line sob uma região de menor exposição.

O bitcoin pode até ser o “queridinho” do mercado ilegal, mas não foi para isso que ele foi criado (Imagem: Pixabay/Marinefreex)

A forma mais simples de acessar a deep web é por meio do navegador TOR. Indo além, você pode encontrar as mesmas coisas que compraria em um site como eBay, Mercado Livre ou Aliexpress.

O que podemos questionar é se você teria a mesma segurança na compra como em sites tradicionais.

Alguns marketplaces até oferecem um serviço de “escrow”, que protege os compradores de possíveis fraudes, o que não deixa de ser um risco para pessoas com menos conhecimento neste vasto universo digital.

Como a deep web representa uma parte menos acessível e obscura da internet, é claro que existem ofertas ilegais em camadas mais profundas, como drogas, armas e outros artigos ilícitos, além de serviços criminosos. E, sim, em teoria, esses serviços seriam pagos com criptomoedas.

Mas, na verdade, há uma altíssima probabilidade de que pessoas que anunciam tais serviços sejam “apenas” ladrões tentando tirar proveito financeiro.

Após o pagamento do serviço ou produto de forma antecipada, esses fraudadores desaparecem com as criptomoedas e, claro, sem cumprir com sua parte do acordo.

Por outro lado, existem lojas simples e confiáveis que vendem material legal em troca de bitcoins, como o RechardSport, loja online que vende roupas esportivas e óculos de sol há aproximadamente cinco anos.

Creio que a maior relação do bitcoin com a deep web é a questão de anonimato. Se uma pessoa quer discrição e usa uma parte da internet menos acessível, o bitcoin garante mais privacidade na hora de fazer pagamentos online.

As atividades ilegais se aproveitam apenas da velocidade e privacidade das transações em bitcoin, pois há apenas as informações com os endereços dos usuários e a quantia transacionada (Imagem: Pixabay/Marinefreex)

Há alguns anos, acredito que a deep web era mais dependente do bitcoin, mas, hoje em dia, existem outras criptomoedas que possuem níveis maiores de anonimato.

De toda forma, podemos considerar que as criptomoedas são uma poderosa forma de pagamento da internet “profunda”. Elas não têm, como finalidade principal, a compra de produtos e serviços na deep web, mas, por questões de anonimato e privacidade, são muito usadas nesse ambiente.

Agora que você já conhece mais sobre o assunto, aqui vai um dado que vai fazer você ter um novo olhar sobre essa relação das criptomoedas com qualquer ilicitude dentro ou até fora da deep web.

De acordo com um relatório da empresa Chainanalysis, o ano de 2019 movimentou mais de US$ 1 trilhão em transações de criptomoedas. De todo este mercado, apenas 1,1% foram consideradas ilícitas.

É possível também notar que, com o passar dos anos, essa porcentagem tem caído mais e mais. Interessante, não é?

Para concluir, sempre se lembre que, da mesma forma que ocorre com a moeda fiduciária, algumas pessoas se utilizam do bitcoin para fazer transações ilícitas. Mas a esmagadora maioria das pessoas usa essa criptomoeda para transações legais e lícitas.

Não é porque alguém usou mal um cartão de crédito que todos os cartões do mundo são usados para fins criminosos, percebe?

O bom uso das criptomoedas só depende de você. Nem é preciso mais entrar na deep web para tirar total proveito dos benefícios das criptomoedas, podendo usá-las de forma legal, honesta e para o bem.

Fabrício Alexandre é entusiasta de criptomoedas, tendo trabalhado em vários projetos Blockchain em diversas partes do mundo. Está sempre buscando oportunidades de participação de novos projetos inovadores neste setor e atualmente é integrante do time da Criptomaníacos.

É entusiasta de criptomoedas desde 2017, tendo trabalhado em vários projetos blockchain em diversas partes do mundo. Atualmente, é Coordenador de Educação da Criptomaníacos.
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É entusiasta de criptomoedas desde 2017, tendo trabalhado em vários projetos blockchain em diversas partes do mundo. Atualmente, é Coordenador de Educação da Criptomaníacos.
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