Mercados

Fed assustado? BC americano deverá manter juros inalterados em meio a escalada de títulos

01 nov 2023, 11:50 - atualizado em 01 nov 2023, 15:45
Fed Jerome Powell Juros Estados Unidos
Fed deverá decidir por uma nova pausa no comunicado desta quarta-feira (1) (Imagem: REUTERS/Jason Reed)

Os dirigentes do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) anunciarão nesta quarta-feira (1) qual será a taxa básica de juros dos Estados Unidos.

A decisão em si parece já desvendada pelos mercados. De acordo com o painel CME FedWatch Tool, que expressa as projeções dos agentes econômicos para a decisão, há mais de 98% de chance de manutenção dos juros na atual faixa dos 5,25% – 5,50%.

Para o Bank of America, alguns fatores devem motivar a pausa do Fed nesta reunião. Além da defasagem da política monetária, com o aperto das condições financeiras começando a ter efeitos na economia real, os analistas destacam a escalada dos rendimentos dos títulos da dívida americana.

“O Fed parece assustado com o avanço das taxas na ponta longa da curva dos juros e deverá optar por uma comunicação mais cautelosa, apesar dos dados de atividade fortes”, diz o comentário do BofA.

Ao invés do número, será motivo de atenção dos investidores a tradicional coletiva das 15h30 (de Brasília) de Jerome Powell. 

Nela, investidores devem buscar pistas sobre a nebulosa decisão de dezembro, sobre a qual há uma divisão muito mais acirrada entre uma manutenção e um novo aumento — possivelmente terminal — de 0,25 ponto percentual (pp.).

Segundo sinalizações do próprio Powell, o caminho escolhido pelo Federal Reserve vai depender dos dados econômicos a serem divulgados ao longo deste quarto trimestre.

Caso a tendência de forte consumo observada no terceiro trimestre persista, aumenta-se a chance do BC norte-americano tomar o caminho mais hawkish. Por outro lado, sinais de desaceleração da atividade e afrouxamento do mercado de trabalho favorecem a manutenção dos juros no patamar atual.

De toda forma, analistas do mercado americano não veem alternativa ao mantra “higher for longer” (juros mais altos e por mais tempo), com cortes na taxa de juros ocorrendo mais tardiamente e em uma menor velocidade do que o inicialmente esperado e desejado pelos mercados.

Mercados em compasso de espera

Os três principais índices de Nova YorkDow Jones Industrial Average (DJIA), S&P 500 (SPX) e Nasdaq Composite (IXIC) — operam com ganhos moderados, entre 0.24% e 0.46%.

As ações sobem com a queda dos rendimentos dos Treasuries americanos. As taxas de 10 anos operam com rendimentos próximos a 4,793%, uma queda de 0,1409 ponto percentual com relação à véspera.

O alívio sobre os preços no mercado de títulos vem após o anúncio do plano de refinanciamento do Tesouro americano ter indicado uma emissão de dívida menos robusta do que se temia.

No curto-prazo, o Departamento do Tesouro irá leiloar US$ 112 bilhões em débito na próxima semana para refinanciar US$ 102.2 bilhões em T-notes de 10 anos que irão vencer no próximo dia 15 de novembro, buscando levantar mais de US$ 9 bilhões em fundos extra.

Na carta divulgada junto ao plano, oficiais do Tesouro atribuem a escalada no rendimento dos Treasuries “a atividade econômica mais forte do que esperado, possibilidade de juros neutros mais altos e dinâmicas de oferta-demanda no mercado de títulos”.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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