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Fed está em uma encruzilhada com situação econômica dos EUA; veja o que esperar da decisão desta quarta

25 jan 2022, 17:11 - atualizado em 25 jan 2022, 17:11
Federal Reserve
Investidores estão “muito interessados” nos sinais que autoridades do Fed darão sobre o momento em que iniciará o aperto monetário (Imagem: Reuters/Leah Millis)

Investidores aguardam ansiosos para a decisão da primeira reunião do ano do Federal Reserve (Fed), iniciada nesta terça-feira (25) e com término marcado para amanhã.

Além do aumento das tensões entre Rússia e Ucrânia, preocupações quanto à postura que o banco central norte-americano adotará para conter a inflação no país têm alimentado a volatilidade dos mercados globais no início da semana.

Ainda pode vir surpresa por aí?

Andrey Nousi, analista e fundador da consultoria financeira Nousi Finance, explica que desde 2010 o Fed tem surpreendido muito mais para o lado positivo ao adotar uma postura mais “relaxada”, de manter os auxílios e ajudar o mercado.

No entanto, Nousi acredita que as autoridades monetárias não têm outra saída além de assumir uma postura mais hawkish (agressiva).

“Neste momento, ele se encontra em uma encruzilhada: já ajudou demais, e a economia estaria superaquecendo, o que causou essa inflação. O Fed já não teria mais essa alternativa, pois senão causaria uma bolha insustentável”, afirma.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA, também defende a hipótese de que o Fed encerrará a reunião com uma postura mais hawkish, sinalizando altas ainda mais acentuadas nos juros e uma antecipação do processo de redução do balanço. De acordo com o economista, um aperto mais forte que o 0,25 ponto percentual poderia pressionar ainda mais os mercados.

João Beck, economista e também sócio da BRA, diz que os próximos movimentos do Fed não devem pegar o mercado desprevenido.

“Desde o ano passado, o Fed já tem reconhecido a inflação como mais permanente do que temporário e deve arrochar ainda mais nos próximos comunicados”, avalia.

Leitura do mercado

Matheus Spiess, especialista da Empiricus, explica que a volatilidade dos mercados nesta semana se deve ao fato de que os investidores estão interessados nos sinais que as autoridades do Fed darão sobre o momento em que iniciará o aperto monetário – e não só o momento, como também a redução do balanço patrimonial.

De acordo com Spiess, essa reunião do Fed é particularmente importante porque é a última antes da primeira elevação de juros, prevista para março.

“O mercado entende que o próximo passo é o que importa: o tom que [o Fed] dará, a mudança de discurso sobre o ritmo, a quantidade de elevações, a redução de balanço…”, comenta o especialista.

Em audiência de renomeação no Senado dos EUA, o presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizou que o órgão provavelmente agirá mais cedo e mais rápido do que em ciclos de aperto anteriores para reduzir seu balanço.

Na ocasião, Powell disse que o balanço patrimonial do banco central “está bem maior”, o que possibilitaria uma redução mais rápida.

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A inflação nos EUA subiu para 7% em 2021, o maior nível em quase 40 anos e bem acima da meta do Fed (Imagem: Reuters/Mark Makela)

Nishimura, da BRA, prevê um cenário de três a quatro altas em 2022, elevando a taxa para o intervalo entre 0,75% e 1% ao ano.

Lucas Martins da Silva, líder de mesa de renda variável da corretora Blue3, levanta a possibilidade do banco central norte-americano realizar entre quatro e seis elevações no ano.

O movimento é visto como “necessário” pelo especialista para aliviar a pressão inflacionária nos EUA, que subiu para 7% em 2021, o maior nível em quase 40 anos e bem acima da meta do Fed.

Para Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, os mercados estão trabalhando majoritariamente com boatos. Na opinião do especialista, parte dos analistas foi levada pelo discurso de alguns membros do Fed com uma postura mais rígida.

“Seria mais cauteloso por parte do mercado aguardar por alguma coisa mais concreta”, afirma.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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