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Fiagros: High grade, middle risk ou high yield? Veja como medir seu risco

03 nov 2022, 16:57 - atualizado em 04 nov 2022, 11:53
Soja Agricultura Agronegócio
“Se colocarmos a totalidade dos fiagros existentes em uma única cesta, a média de dividend yield da indústria ficará em torno de 1,30% ao mês, rendimento expressivo e que vem atraindo cada vez mais investidores”, explica Maísa Oliveira (Foto: ANeto)

O aumento da quantidade de fundos imobiliários dedicados ao crédito privado (CRI) possibilitou classificar as estratégias sob uma régua de riscos: high grade, middle risk e high yield.

Para ser assertivo nessa classificação, é preciso ir além do risco de crédito do devedor e observar também os demais riscos como o de liquidez e mercado. Esse pano de fundo já foi conquistado com relação aos FIIs e obviamente passa por constante sofisticação, porém, quando se trata dos fiagros ainda é uma questão um pouco menos óbvia aos investidores, tornando difícil também a análise dos resultados entregues.

Se colocarmos a totalidade dos fiagros existentes em uma única cesta, a média de dividend yield da indústria ficará em torno de 1,30% ao mês, rendimento expressivo e que vem atraindo cada vez mais investidores.

Historicamente, o principal desafio dos investimentos no agronegócio é justamente a dificuldade de mensurar os riscos envolvidos. Com o desenvolvimento da indústria de fiagros, essa análise vem se tornando um pouco mais clara, o que agrega transparência e segurança ao investidor.

Os fiagros que possuem o mandato de alocar em ativos de crédito, ou seja, CRA, CRI com lastro imobiliário no agronegócio e debêntures de empresas do setor financiam empresas que buscam crédito no mercado. Elas podem usar o capital levantado para uma melhor acomodação do fluxo de caixa, ampliando o capital para giro, para investir em infraestrutura, imobilizados e equipamentos, ou até mesmo para refinanciar dívidas emitidas anteriormente (já que no Brasil o cenário econômico muda rapidamente e de forma drástica).

Nesses casos, antes de investir em crédito, é importantíssimo identificar se a empresa possui bons fundamentos, histórico, governança e alta previsibilidade de geração de receita, além de avaliar as garantias da operação, como por exemplo a alienação fiduciária dos ativos (garantia real), hipoteca e penhor.

Também é imprescindível que a empresa esteja inserida em um setor com boas perspectivas, com sólida base de clientes e em uma região condizente com seu produto/produção. Essa análise, somada às garantias presentes nessas operações, colocará o devedor e, consequentemente, o ativo, em uma régua de risco de crédito que oscila entre o high grade (menos arriscado) e o high yield (mais arriscado).

Vale destacar, porém, que por mais high yield que os ativos de crédito sejam, é comum que eles sejam menos arriscados do que os investimentos em ações ou terras para produção agrícola, por exemplo, dadas as garantias geralmente embutidas nas operações de crédito.

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Fiagros: Como avaliar o risco de um ativo da cadeia do agro?

No caso dos ativos emitidos por grandes corporações, o risco estará atrelado ao balanço dessas empresas. Já os pulverizados demandam uma avaliação da qualidade da carteira de recebíveis, histórico e inadimplências. Existe ainda o CRA com risco concentrado em produtores pessoas físicas, cujo risco pode estar relacionado a uma safra específica (que pode ser prejudicada por questões climáticas, por exemplo) e, portanto, podem possuir um nível de risco mais sensível.

Analisar tantas variáveis não é trivial. Por isso, para facilitar a classificação das carteiras dos fiagros, criamos uma régua contendo as características que julgamos importantes. A ideia é ajudar os investidores a compreender os riscos de crédito de cada fundo.

É claro que operações estruturadas são complexas. Para definir o nível de risco de cada uma é preciso analisar não somente o perfil, mas todos os pontos envolvidos, como as garantias por exemplo. Portanto, a ilustração abaixo consiste em uma análise simplificada e serve como um ponto de partida para que o investidor estude os diferentes tipos de ativos:

(Fonte: Devant)

O fiagro pode ser um excelente veículo de investimento e veio para ficar! Além de ampliar o leque de opções para o investidor, o produto possibilita alocação em diferentes setores, culturas e regiões.

O Brasil tem a força e a potência necessária para crescer e se destacar cada vez mais como grande produtor e exportador de produtos agrícolas e o mercado de capitais chegou em peso para contribuir com esse desenvolvimento. Esse é só o começo!

*Maísa Oliveira é Sócia e Relações com Investidores na Devant Asset. Tem mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro. Iniciou sua carreira no Banco Bradesco em 2009, desenvolvendo atividades de Relações com o Mercado. Fez parte do time responsável pelo book de resultados trimestrais, teleconferência de resultados e demais materiais de suporte aos acionistas. Após quase cinco anos no Bradesco, atuou como RI na TRX Asset Management por mais cinco anos atendendo a investidores individuais, gestores de fundos e administradores. Possui graduação em Ciências Contábeis e atualmente cursa MBA em Investimentos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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Maísa Oliveira é Sócia e Relações com Investidores na Devant Asset. Tem mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro. Iniciou sua carreira no Banco Bradesco em 2009, desenvolvendo atividades de Relações com o Mercado. Fez parte do time responsável pelo book de resultados trimestrais, teleconferência de resultados e demais materiais de suporte aos acionistas. Após quase cinco anos no Bradesco, atuou como RI na TRX Asset Management por mais cinco anos atendendo a investidores individuais, gestores de fundos e administradores. Possui graduação em Ciências Contábeis e atualmente cursa MBA em Investimentos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
maisa.oliveira@moneytimes.com.br
Maísa Oliveira é Sócia e Relações com Investidores na Devant Asset. Tem mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro. Iniciou sua carreira no Banco Bradesco em 2009, desenvolvendo atividades de Relações com o Mercado. Fez parte do time responsável pelo book de resultados trimestrais, teleconferência de resultados e demais materiais de suporte aos acionistas. Após quase cinco anos no Bradesco, atuou como RI na TRX Asset Management por mais cinco anos atendendo a investidores individuais, gestores de fundos e administradores. Possui graduação em Ciências Contábeis e atualmente cursa MBA em Investimentos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).