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Fintechs: 6 tendências que prometem moldar o mercado em 2024

13 dez 2023, 15:26 - atualizado em 13 dez 2023, 15:26
bancos fintech
Ao longo de 2023, as fintechs viram a retomada dos investimentos em startups. (Imagem: Getty Images/Canva Pro)

O ano de 2023 chegou ao fim num piscar de olhos e entregou exatamente o que prometeu para o setor de fintechs: um cenário desafiador, em que poucos cresceram, alguns se consolidaram e o mais do mesmo, não sobreviveu.

Vimos de forma gradual a retomada dos investimentos em startups, poucos grandes cheques e muitos M&As. Pude acompanhar uma série de empresas reformulando posicionamento e estratégia para se adequar à nova realidade regulatória e macroeconômica.

Para 2024, o contexto parece mais otimista, dado ainda a agenda de redução da taxa de juros. Por outro lado, após anos favorecendo a entrada de novas empresas e modelos de negócio, o mercado agora realiza um movimento de consolidação e uma tendência maior de parcerias estratégicas entre fintechs e incumbentes.

Veja 6 tendências para o setor de fintechs em 2024

Mais serviços para empresas

A pessoa física parece ser um público já bem atendido em termos de serviços financeiros no Brasil. A saída da alemã N26 do segmento este ano provou que a situação está bem mais competitiva, e é difícil conseguir nesse estágio a tão sonhada principalidade do cliente, competindo com empresas já consolidadas como Nubank, Picpay, Inter, entre outras.

A diminuição da taxa de intercâmbio no cartão pré-pago, produto chefe na entrada de novas fintechs, e a dificuldade de monetizar produtos transacionais como, por exemplo, o Pix, fez com que muitos mudassem suas estratégias para alcançar um público PJ que ainda hoje é mal atendido no geral.

O Open Finance deve ajudar essas fintechs a coletarem dados relevantes antes não tão acessíveis para melhor estratégia de penetração e distribuição de outros produtos, como microcréditos, seguros e até automações financeiras que possam facilitar o dia a dia do pequeno empreendedor.

Além disso, a agenda do Pix deve começar a trazer outras funcionalidades antes só encontradas em produtos mais caros, como o boleto e as maquininhas, diminuindo custos operacionais e deixando os negócios mais ágeis e performáticos.

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Consolidação e parcerias estratégicas

Outros mercados também devem sofrer uma consolidação no próximo ano. Entre eles o de Banking as a Service, que já se mostra saturado e observa grandes players tomando o protagonismo do setor.

Grandes bancos se movimentaram em 2023 para entrar no jogo, seja via estrutura própria ou adquirindo fintechs, como foi o caso da aquisição do Bankly pelo Banco BV e da Aarin pelo Bradesco, em 2022.

A tendência do embedded finance continua em forte crescimento, ainda existe um espaço grande a ser ocupado por outros produtos desse ecossistema, como o Investment as a Service, Credit as a Service e Insurance as a Service.

Foco na segurança

Enquanto as tecnologias evoluem, as ameaças cibernéticas também acompanham o mesmo passo. Por isso, as empresas têm investido cada vez mais em segurança para garantir que sua operação e seus usuários estejam protegidos. Segundo pesquisa da Deloitte, este ano 70% das companhias tinham como objetivo aumentar os investimentos em segurança, e isso não deve ser diferente em 2024.

O crescimento de fraudes tem feito com que as fintechs também gastem mais tempo não só educando melhor os usuários, mas também elaborando ações criativas que abrangem o tema de forma mais sistêmica como. Por exemplo, o Alô Protegido e o Modo Rua, novas funções de segurança do Nubank que visam apoiar o cliente em relação a ligações falsas e golpistas, permitindo limitar de forma autônoma o número de transações de Pix no aplicativo.

A contratação de ferramentas, empresas especializadas e recursos demandam altos investimentos para as fintechs, o que reforça a necessidade de capital para se manter no mercado já no early stage.

IA e machine learning

A ordem da vez é a tão buscada principalidade do usuário, que nada mais é do que deter a maior parte da vida financeira do cliente em um só lugar.

Tecnologias de inteligência artificial (IA) e machine learning podem ajudar em análises preditivas, trazendo maior customização de serviços e coletando feedbacks em tempo real e promover automação no atendimento e na própria análise de crédito, tornando essas etapas mais ágeis e eficientes.

Além disso, essas ferramentas podem apoiar na detecção de fraudes e automação de processos por meio do reconhecimento veloz de padrões de comportamento.

Uma pesquisa da Grand View Research estima que o tamanho do mercado global de inteligência artificial no ecossistema fintech atinja US$ 41,16 bilhões até 2030, crescendo a um ritmo anual médio de 16,5%.

Desafios para a agenda de crédito

O Itaú divulgou no último mês que há uma expectativa do país continuar crescendo em 2024, porém em passos mais lentos, com uma taxa de juros próxima aos 10%. O maior banco do país também acredita que podemos verificar uma retomada na agenda de crédito de forma gradual, principalmente no segundo semestre.

Dessa forma, é possível alcançar um aumento na procura por fintechs de crédito, principalmente as relacionadas em prestação de serviços de infraestrutura, que podem viabilizar a chegada rápida de produtos no mercado para públicos específicos.

Agenda regulatória continua aquecida

A agenda de competitividade do Banco Central continua a todo vapor com o cronograma de lançamento do Drex. O Bacen já anunciou que ele não será a última peça no seu cronograma de inovação, mas será fundamental para a sua consolidação.

A expectativa é que o Drex chegue aos usuários no final de 2024 ou início de 2025, o que tem feito com que, principalmente grandes bancos, foquem investimentos em times e tecnologias especializadas. A plataforma de blockchain, que acompanha a nova moeda, impulsiona o setor de ativos digitais. Estes vem sendo movimentados por um novo perfil de investidores que só cresce no país.

A alta de soluções de tokenização e moedas digitais, além da consolidação da API Economy, tem permitido maior digitalização de setores tradicionais da economia, como o de facilities, agro e saúde.

Sendo assim, apesar dos investimentos de grandes bancos nas novas tecnologias, devemos observar nos próximos anos o surgimento de um novo perfil de fintechs voltado à consolidação desses novos modelos de negócio.

Co-founder e CRO do Bankly desde 2019. Especialista em finanças e economia com bacharelado em economia na Universidade Federal de Santa Catarina (2010); intercâmbio bilateral em Ciências Econômicas e Empresariais na University of A Coruna (2010); MBA e gestão de comércio exterior e negócios internacionais pela Fundação Getulio Vargas (2012); MBA executiva de economia da ExxonMobil Business Academy (2014); Mestre em Administração de Negócios pela Coppead UFRJ (2016) e Business Dynamics da MIT Sloan School of Management. Atua desde 2014 no mercado financeiro e aborda os seguintes temas: Banking as a service, Open Banking, embedded finance, pix, moedas digitais, finanças descentralizadas, fintechs, empreendedorismo feminino, entre outros.
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Co-founder e CRO do Bankly desde 2019. Especialista em finanças e economia com bacharelado em economia na Universidade Federal de Santa Catarina (2010); intercâmbio bilateral em Ciências Econômicas e Empresariais na University of A Coruna (2010); MBA e gestão de comércio exterior e negócios internacionais pela Fundação Getulio Vargas (2012); MBA executiva de economia da ExxonMobil Business Academy (2014); Mestre em Administração de Negócios pela Coppead UFRJ (2016) e Business Dynamics da MIT Sloan School of Management. Atua desde 2014 no mercado financeiro e aborda os seguintes temas: Banking as a service, Open Banking, embedded finance, pix, moedas digitais, finanças descentralizadas, fintechs, empreendedorismo feminino, entre outros.
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