Internacional

Firmas europeias usam pandemia para vender negócios indesejados

29 jun 2020, 16:06 - atualizado em 29 jun 2020, 16:06
Empresas de private equity como KKR e Blackstone preparam ofertas pela unidade de chá da Unilever, um negócio que pode render mais de 5 bilhões de libras (US$ 6,2 bilhões) (Imagem: Unsplash/@forleaves)

Do chá preto à água engarrafada, empresas europeias analisam atentamente negócios com fraco desempenho quando as expectativas de lucro de investidores já são baixas devido à pandemia de coronavírus.

Com economias cambaleando e a Covid-19 ainda avançando em várias partes do mundo, executivos no comando têm contratado banqueiros de investimentos ou realizado análises internas para revisar portfólios e vender negócios indesejados.

“Investidores já descontaram 2020 completamente, mas esperam uma história enxuta e impecável para 2021 e 2022”, disse Adam Young, responsável global por mercados de capitais da consultoria Rothschild.

Empresas de private equity como KKR e Blackstone preparam ofertas pela unidade de chá da Unilever, um negócio que pode render mais de 5 bilhões de libras (US$ 6,2 bilhões), disseram pessoas a par dos planos à Bloomberg News na semana passada.

Chá Lipton

A gigante de bens de consumo lançou uma estratégia de revisão da unidade em janeiro, quando o coronavírus se propagava pela província chinesa de Hubei. Na época, o CEO Alan Jope descreveu o negócio, que inclui marcas conhecidas como Lipton e PG Tips, como “um obstáculo estrutural ao crescimento da Unilever”.

Na mesma linha, a Nestlé avalia a venda de seu negócio de água engarrafada no mercado de larga escala dos EUA, que inclui as marcas Poland Spring e Pure Life.

Globalmente, a divisão teve o pior desempenho em uma década no ano passado e a unidade dos EUA, em particular, sentiu a concorrência de marcas mais baratas e a relutância de consumidores em comprar embalagens plásticas.

Hora de agir

“O pensamento geral nos conselhos agora é que a inação não é uma opção”, disse Rich Mills, chefe global de desinvestimentos da Ernst & Young.

Quase um terço das empresas vendendo unidades estão dispostas a aumentar os ativos em oferta para obter os recursos de que precisam para investir novamente, disse Mills, coautor do relatório de 2020 da empresa de consultoria sobre desinvestimentos corporativos globais, baseado em pesquisas online com mais de mil executivos antes e depois do início da pandemia.

Muitas vendas têm atraído forte interesse de investidores de private equity, que têm US$ 1,5 trilhão disponíveis em caixa, uma quantia sem precedentes, segundo a pesquisa.

Na segunda-feira, a BP fechou acordo para vender sua unidade de produtos químicos para a Ineos por US$ 5 bilhões, em sua transição para deixar de ser uma empresa tradicional de petróleo e fortalecer as finanças devido à pressão crescente causada pela crise de coronavírus.

Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.