Fitch rebaixa Hapvida (HAPV3) e alerta para desafios financeiros em 2026
A agência classificadora de riscos Fitch rebaixou a nota de crédito (rating) da Hapvida (HAPV3) de ‘AAA(bra)’ para ‘AA+(bra)’, com a perspectiva estável, mostra relatório divulgado na segunda-feira (15).
O movimento reflete, de acordo com os analistas, a menor geração operacional de caixa e margens mais baixas, resultado que ficou abaixo das expectativas da agência após o desempenho fraco registrado no terceiro trimestre.
Entre julho e setembro, a empresa teve lucro líquido de R$ 338 milhões, alta de 4,1% em relação ao mesmo período de 2024, enquanto o Ebitda ajustado caiu 2,1%, para R$ 746,4 milhões. O fluxo de caixa livre apresentou queima de R$ 51,9 milhões, pressionado pelo desempenho do Ebitda, e a receita líquida chegou a R$ 7,8 bilhões, crescimento de 6%.
A Fitch projeta que a performance operacional da Hapvida continuará abaixo do previsto ao longo de 2026, com maior pressão sobre a estrutura de capital. A agência estima que a alavancagem financeira líquida ficará acima de 2,5 vezes em 2025 e 2026 e que o fluxo de caixa livre será negativo em 2026.
“A Hapvida enfrenta o desafio de retomar, de forma consistente, o crescimento líquido de beneficiários em sua carteira, diante de um ambiente operacional mais competitivo – especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo”, afirmam os analistas. “Ao mesmo tempo, precisa manter a sinistralidade sob controle e aplicar reajustes de preços em patamares adequados, a fim de preservar sua forte participação de mercado sem comprometer ainda mais a rentabilidade”, completam.
Fatores que sustentam o rating da Hapvida
Apesar dos desafios, fatores como a elevada escala de operações, o forte posicionamento no setor de saúde brasileiro e a liquidez da companhia sustentam o rating no patamar atual.
A Fitch projeta Ebitda de R$ 3,2 bilhões em 2025 e R$ 3,4 bilhões em 2026, com margens ao redor de 10%, abaixo das estimativas anteriores. A base de beneficiários deve chegar a 15,8 milhões em 2025 e 15,9 milhões em 2026, com tíquetes médios brutos entre R$ 165 e R$ 180 e sinistralidade-caixa em torno de 74%.
A alavancagem, medida pela relação dívida líquida/EBITDA, deve alcançar 2,8 vezes nos próximos dois anos, próxima do limite que poderia levar a novo rebaixamento. O fluxo de caixa livre, que será negativo em cerca de R$ 200 milhões em 2026, refletirá investimentos médios anuais de R$ 800 milhões na expansão da rede própria, principalmente em Rio de Janeiro e São Paulo.
Segundo a agência, a Hapvida mantém sua liderança no setor de saúde suplementar, com 17% de participação de mercado e rede própria composta por 86 hospitais, 363 clínicas, 305 laboratórios e 78 pronto-atendimentos em 19 estados e no Distrito Federal, o que ajuda a mitigar parte dos riscos operacionais.