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França tenta ganhar tempo para avaliar aquisição do Carrefour

14 jan 2021, 13:05 - atualizado em 14 jan 2021, 13:05
Carrefour França
Segundo fontes próximas ao Carrefour e ao governo, o Ministério das Finanças está pronto para estudar a proposta assim que os canadenses a apresentarem oficialmente (Imagem: Divulgação/Carrefour)

A crítica do governo francês à proposta de US$ 20 bilhões para a aquisição do Carrefour pela canadense Alimentation Couche-Tard pode ser uma estratégia para ganhar tempo e estudar o acordo de varejo transatlântico, e não uma oposição irredutível, de acordo com pessoas a par do assunto.

Segundo fontes próximas ao Carrefour e ao governo, o Ministério das Finanças está pronto para estudar a proposta assim que os canadenses a apresentarem oficialmente.

As pessoas disseram que o governo do presidente Emmanuel Macron planeja levar o tempo necessário para avaliar o impacto sobre os empregos e o setor.

O ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, disse em evento na quinta-feira que seria “uma grande dificuldade para todos nós” se a rede de supermercados fosse comprada por uma empresa estrangeira. Ele ecoou comentários feitos um dia antes, quando disse que a França precisava manter o controle doméstico sobre o suprimento de alimentos.

O Carrefour emprega cerca de 100 mil pessoas na França, o que torna a varejista o maior empregador privado do país, e uma das pessoas disse que é possível que o governo francês exija compromissos da Couche-Tard para a proteção de empregos.

Mas o acordo não deve resultar em grandes demissões, já que analistas apontam para a ausência de sobreposição entre as empresas.

“As pessoas que nos veem em casa estão se perguntando qual será o impacto sobre os empregos, se a soberania de alimentos será garantida”, disse Le Maire na quarta-feira.

Mau momento

O momento do interesse da Couche-Tard também parece estranho ao governo francês, que tem eleições locais no final deste ano antes da eleição presidencial em 2022.

A aquisição estrangeira de uma empresa francesa tão famosa seria combustível para a candidata presidencial nacionalista Marine Le Pen.

Esse é o caso especialmente porque, há apenas alguns meses, nos primeiros dias da epidemia de Covid, massas e outros produtos essenciais sumiram das prateleiras enquanto as pessoas corriam aos supermercados, destacou Le Maire.

Ele citou novos poderes concedidos ao ministro das Finanças em 2019 para monitorar investimentos estrangeiros como uma ferramenta que poderia ser usada para bloquear o acordo.

Em certas áreas, como na distribuição de alimentos, isso significa que investimentos estrangeiros estão sujeitos à autorização prévia.

O gabinete de Macron não quis comentar e encaminhou as perguntas ao Ministério das Finanças. Um representante do Ministério das Finanças disse que a Couche-Tard não contatou a pasta sobre suas intenções.

Governos franceses anteriores bloquearam acordos em setores que vão de iogurte a vídeo online em nome da soberania econômica. E, na compra da unidade de energia da Alstom pela General Electric, o governo exigiu compromissos com empregos.

Mais recentemente, sob Macron, um banqueiro de investimentos que se tornou presidente, Le Maire se opôs à fusão da Renault com a italiana Fiat Chrysler, apenas para pressionar a Fiat a se associar ao PSA Group, fabricante da marca Peugeot.

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