Fraude no ‘Enem dos Concursos’: PF desmonta esquema que vendia vagas por até R$ 500 mil

O Concurso Público Nacional Unificado (CNU 2025) — o famoso “Enem dos Concursos” — ganhou um capítulo nada edificante. No domingo (5), enquanto mais de 760 mil candidatos faziam as provas em todo o país, três deles foram eliminados por tentativa de fraude, conforme confirmou a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck.
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As eliminações ocorreram porque o trio se inscreveu no CNU 2025 mesmo após ter tentado burlar a edição anterior, realizada em 2024.
“Nosso compromisso é que quem fizer a prova de forma honesta e correta poderá entrar. Não deixaremos ninguém que fraudou ocupar o lugar dessas pessoas”, afirmou Dweck em Brasília.
As prisões são desdobramentos da Operação Última Fase, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na quinta-feira (2).
A corporação desarticulou uma quadrilha especializada em vender aprovações em concursos públicos — e o preço da trapaça impressiona: de R$ 300 mil a R$ 500 mil por vaga, segundo os relatórios da PF.
A turma da cola high-tech
De acordo com a PF, o grupo operava em diversos certames pelo país, incluindo o CNU 2024, os concursos das Polícias Civis de Pernambuco e Alagoas, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil.
A operação contou com apoio do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos e do Ministério Público Federal (MPF) na Paraíba.
Foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, três de prisão preventiva e diversas medidas cautelares, como afastamento de cargos públicos e sequestro de bens.
As acusações incluem fraude em concurso público, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e formação de organização criminosa.
Segundo a ministra, dos seis investigados, três foram eliminados de imediato do CNU 2025, enquanto os outros três ainda são avaliados pela Justiça.
“A gente não pode tirar ninguém sem provas absolutas”, ponderou Dweck — ou, em tradução livre, nem todo mundo pego com o lápis na mão é automaticamente culpado.
Big Brother Federal
Para tentar evitar novos escândalos, o governo reforçou a segurança.
Nesta edição, o Ministério montou uma sala nacional de Comando e Controle Integrado, com representantes de todos os estados e comunicação direta com as polícias civis e militares.
Cada local de prova também contou com detectores de metais — a arma oficial contra o temido “ponto eletrônico”.
“Se houver qualquer intercorrência, saberemos agir imediatamente”, garantiu Dweck, destacando que o protocolo está pronto para lidar com qualquer tentativa de “jeitinho digital”.
CNU 2025 em números
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761.545 inscritos confirmados;
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288 cidades com provas;
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4.951 municípios representados;
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3.652 vagas em 32 órgãos federais;
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADECONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -
3.144 vagas para nível superior e 508 para nível intermediário;
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Próxima etapa: prova discursiva em 7 de dezembro.
O modelo unificado busca democratizar o acesso ao serviço público — ou, como brincam alguns candidatos, “simplificar o pesadelo logístico de fazer dez provas diferentes”.
Desta vez, o recado do governo veio sem espaço para dubiedade: “Quem fraudar não entra.”