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Frigoríficos: O resumo dos resultados do 4T22 e as ações para investir em 2023

03 abr 2023, 15:51 - atualizado em 03 abr 2023, 15:51
Frigoríficos
De acordo com a XP, o setor de frigoríficos, que apresentou resultados abaixo do esperado no último trimestre de 2022, deve se recuperar (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

A temporada de divulgação de resultados do quarto trimestre de 2022 (4T22) terminou pelo menos para as empresas do agronegócio. O Money Times conversamos com a XP Investimentos para destacar os movimentos dos frigoríficos na safra e levantar quais ações do setor merecem “compra” em 2023.

As ações de frigoríficos para colocar na carteira

Na visão de Leonardo Alencar, analista da XP, o primeiro trimestre de 2023 (1T23) não traz uma mudança de expectativas em comparação com o 4T22, quando houve uma frustração nas estimativas e resultados ruins para os frigoríficos.

Nos últimos três meses do ano passado, havia uma expectativa para uma demanda aquecida, o que não aconteceu, apesar do período de festas e da Copa do Mundo, muito por conta do clima mais frio que o normal para o período, o que impactou os eventos sociais.

Além disso, segundo Alencar, houve uma queda na performance dos frigoríficos dos Estados Unidos, com uma queda nas margens, pensando principalmente na questão da carne bovina.

Para as aves, havia a expectativa de um cenário favorável para o Brasil e suas exportações. No entanto, os embarques de carne de frango previstos para ser entregues ao México não se concretizaram, o que resultou em um excedente de oferta no mercado local e pressão nos preços da proteína, que seguiram uma tendência de queda de outubro do ano passado até março deste ano.

“Muitos desses eventos seguem para 2023, com os Estados Unidos com expectativas de margem em um dígito para carne bovina baixa. Quanto às aves no país norte-americano, a situação é bem crítica também, com a Tyson Foods comunicando que deve fechar duas fábricas, com expectativa de quebra na produção de ovos do país. Existem diversos fatores que devem mexer com o mercado, mas, por enquanto, é um cenário ruim para bovino e frango, e um pouco melhor para suínos nos Estados Unidos”, explica.

No Brasil, segundo o analista, o ciclo pecuário positivo deveria ser mais que suficiente para manter um otimismo com a parte de carne bovina. No entanto, com o embargo nas exportações para a China que durou um mês, o primeiro trimestre dos frigoríficos de carne bovina no Brasil será muito impactado.

“Por vezes, o primeiro impacto não é nem na margem, e sim no top line (vendas brutas), já que muitas empresas deram férias coletivas, reduzindo o volume e a receita. Eles acabam diminuindo os abates e o preço do boi cai, então você trabalha com outros mercados. A margem permanece, mas a queda na receita pode ser significativa no 1T23″, pontua.

Há expectativa de melhora sequencial a partir do segundo trimestre de 2023. Ainda assim, existe muita preocupação com a questão sanitária. “Se a gripe aviária entrar no Brasil, todo esse cenário muda completamente”, diz Alencar.

Dessa forma, a XP recomenda a compra das ações da JBS (JBSS3), com preço-alvo de R$ 39 e Minerva (BEEF3), com preço alvo de R$ 17,50. 

Para BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3), a recomendação é neutra, com preço-alvo de R$ 8,60 e R$ 8,70, respectivamente.

Resultados 4T22

Minerva (BEEF3)

A Minerva Foods (BEEF3) reportou prejuízo líquido de R$ 25,7 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), revertendo o prejuízo do mesmo período no ano passado

Ainda assim, a empresa frigorífica conseguiu terminar 2022 com ganhos de R$ 655,1 milhões, avanço de 9,4% sobre os R$ 598,9 milhões em 2021.

O Ebitda, importante referência dos analistas para estimar a geração de caixa, somou R$ 607,5 milhões no quarto trimestre, recuo de 17,4% na comparação anual. A margem Ebitda ajustada apresentou baixa de 0,9 ponto percentual, para 8,9%.

O frigorífico totalizou uma receita líquida operacional de R$ 6,83 bilhões entre outubro a dezembro de 2022, ficando abaixo em 8,9% do resultado obtido um ano antes.

No acumulado de 2022, o Ebitda reportado foi de R$ 2,83 bilhões, com margem de 9,2%. A receita líquida totalizou R$ 30,9 bilhões, crescimento anual de 14,9%.

BRF (BRFS3)

A BRF (BRFS3) reportou prejuízo líquido das operações continuadas de R$ 601 milhões no quarto trimestre (4T22).

O Ebitda ajustado, importante referência dos analistas para estimar a geração de caixa, das operações continuadas somou R$ 1 bilhão no período.

A margem Ebitda ajustada ficou em 7,4% e o frigorífico totalizou uma receita líquida de R$ 14 bilhões.

Conforme as demonstrações financeiras enviadas ao mercado, a empresa fechou 2022 com prejuízo consolidado de R$ 3 bilhões, revertendo lucro de R$ 437 milhões.

JBS (JBSS3)

A JBS (JBSS3) teve lucro líquido de R$ 2,3 bilhões no quarto trimestre (4T22), queda de 63,7% ante o saldo positivo de R$ 6.473 bilhões obtido no mesmo período de 2021.

O Ebitda ajustado, importante referência dos analistas para estimar a geração de caixa, somou R$ 4,5 bilhões, queda de 65% no comparativo anual. A margem Ebitda ajustada foi de 4,9% no trimestre.

O frigorífico totalizou uma receita líquida operacional de R$ 92,8 bilhões entre outubro e dezembro, ficando 4,5% abaixo do resultado obtido um ano antes.

Marfrig (MRFG3)

A Marfrig (MRFG3) reportou prejuízo de R$ 628 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), revertendo o lucro de R$ 650 milhões do mesmo período do ano passado.

O Ebitda, que mede o resultado operacional, ajustado atingiu R$ 2,22 bilhões, queda de 46,8% no comparativo anual, em meio a resultados mais fracos nos Estados Unidos, que lida com uma menor oferta de gado. A margem Ebitda consolidada despencou 1151 pontos-base, para 6%.

O total de vendas no 4T22 da Operação América do Norte foi de 559 mil toneladas, volume 7,6% maior em comparação ao 4T21, explicado pelo efeito calendário de uma semana a mais durante o trimestre. A receita somou R$ 37 bilhões, alta de 56,2%.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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