Petróleo

Frustração com dados da China leva petróleo a menor patamar em 3 meses

07 nov 2023, 16:58 - atualizado em 07 nov 2023, 16:58
Petróleo Brent Internacional Recessão
Petróleo despenca ao menor valor em mais de dois meses, com volta de temores de demanda a todo vapor. (Imagem: Reprodução/Prio)

Depois de permanecer quase todo mês de outubro atados a riscos geopolíticos de um conflito generalizado no Oriente Médio, os contratos de petróleo voltaram a ser influenciados por um cenário de demanda mais fraco.

Ao fim da tarde, o Brent e o WTI perdem 4,10% e 4,13%, respectivamente. A forte queda do dia leva o Brent ao menor patamar desde o fim de julho, sendo cotado a US$ 81 por barril.

Segundo analistas, os mercados sinalizam menor preocupação com eventuais déficits de oferta — referendados por Rússia e Arábia Saudita no final de semana — e maior sensibilidade às expectativas de redução de consumo de petróleo bruto nas refinarias chinesas.

Como avalia a S&P Global, algumas refinarias independentes situadas no maior consumidor de energia do mundo reportaram margens negativas no mês de outubro à medida que os estoques aumentam.

Ainda segundo os analistas da consultoria, a relação de processamento de combustíveis na China deverá ser acompanhada de perto pelos mercados, à medida que investidores avaliam a extensão da desaceleração na segunda economia do mundo.

Dados divulgados na madrugada de hoje sobre a balança comercial de outubro, não ajudaram no humor. No mês passado, a China registrou queda de 6.4% das exportações, acima da projeção de queda de 3,7%. Já o superávit comercial frustrou a projeção de US$ 79,1 bilhões, totalizando US$ 56,5 bilhões.

Outro efeito que confere pressão de baixa ao petróleo é o avanço do dólar americano ante as principais divisas do mundo desenvolvido, prejudicando a demanda por compradores não dolarizados.

Nesta tarde, o índice DXY — que mede justamente essa força do dólar com relação aos competidores — ganhava 0,30%, acima dos 105,30 pontos. 

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Petróleo: Voltando à programação normal

Embora o marco do primeiro mês de conflito Faixa de Gaza se mostre catastrófico sob o ponto de vista humanitário, sob o ponto de vista do petróleo, o não envolvimento direto do Irã até o momento atenuou os riscos de um choque de produção na região.

De acordo com análise da Julius Baer publicada ainda no início de novembro, o mais provável é que o foco dos investidores retome gradualmente as narrativas envolvendo o balanço de oferta e a política energética das nações exportadoras de petróleo.

“Permanecemos com a visão de que o conflito irá seguir o mesmo padrão geopolítico de outras vezes, impondo apenas choques temporários ao mercado. Isso significa que o prêmio embutido no preço do petróleo deverá cair nas próximas semanas”.

Nesse sentido, Norbert Rücker, economista-chefe do grupo, reitera seu questionamento sobre a narrativa de ofertas deficitárias no mercado. Para ele, embora a Opep+ esteja mantendo os cortes de produção, a posição de certas formas mais “suaves” do Ocidente diante de estados altamente sancionados, como Irã e Venezuela, tem ajudado a manter o balanço de oferta no comércio internacional.

Adiante, Rücker vê a guerra atuando como uma reprogramação da política de preços dos países exportadores de petróleo, com diversos deles mirando um aumento das suas cotas de produção.

Entre eles, a própria Rússia. O país, que havia colocado uma restrição temporária sobre a exportação de combustíveis diante do desabastecimento doméstico, sanou seus problemas de distribuição e deverá redirecionar maior parte da sua produção para o mercado externo.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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