Fundo Verde, de Stuhlberger, aumenta a exposição em criptoativos e inicia posição em ouro

O fundo Verde, um dos mais tradicionais do país, realizou mudanças no portfólio em abril, voltando a aumentar sua exposição a ativos globais. A carteira fechou o mês com alta de 1,90%, superando o CDI do período (1,06%).
Os principais ganhos vieram de posições em moedas, livro de ações locais, criptoativos e juro real. As perdas, por outro lado, foram pontuais e concentradas em juros prefixados, petróleo e crédito.
No relatório de gestão, a equipe liderada por Luis Stuhlberger destacou que abril foi marcado por movimentos intensos no cenário internacional, sinalizando uma possível mudança estrutural nos fluxos globais de capital.
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Fim da hegemonia americana?
Segundo o fundo, o chamado “Dia da Liberação” – uma referência à introdução de tarifas pelos EUA – e o encontro entre Trump e Zelensky em fevereiro podem ter marcado o início da redução da hegemonia americana e do dólar sobre os mercados mundiais.
“Os investidores estrangeiros passaram os últimos 10 anos aumentando a exposição aos ativos americanos devido à excelente performance, mas agora vivemos o início de um processo estrutural de realocação de capital”, diz a carta do Verde.
Nesse novo contexto, o fundo decidiu aumentar a exposição em criptoativos, iniciar posição em ouro e zerar a exposição ao dólar frente ao Renminbi.
Além disso, a carteira segue com posições compradas em juro real no Brasil e em inflação implícita nos Estados Unidos. O fundo também mantém apostas vendidas no Renminbi contra o euro e pequenas posições compradas no real.
Já a pequena parte comprada em petróleo foi zerada, e os livros de crédito high yield, tanto local quanto global, seguem mantidos.
Cautela com o otimismo
Apesar da recente recuperação dos ativos de risco, a gestora vê exagero nas expectativas. Para o Verde, os efeitos econômicos do choque tarifário de Trump ainda não foram totalmente precificados e devem pressionar a inflação americana, ao mesmo tempo em que reduzem o ritmo de crescimento.
“A grande incógnita é qual a magnitude desta desaceleração, se suficiente para colocar a economia em recessão ou não”, pontua o relatório.
No Brasil, o fundo avalia que o mercado local tem reagido pouco às notícias internas, mesmo com a piora do quadro fiscal e a repercussão do escândalo envolvendo o INSS.
Por ora, o Verde mantém zerada a alocação em ações brasileiras e continua levemente vendido em bolsa global. A principal recomendação do fundo segue nas NTN-Bs de prazo intermediário.