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Fundos de private equity vão à bolsa em busca de barganhas

02 ago 2022, 17:19 - atualizado em 02 ago 2022, 17:19
Ômega
A inglesa Actis montou recentemente uma participação de 19% na empresa de energia renovável Omega (Imagem: Omega/Divulgação)

Os fundos de private equity estão buscando pechinchas na bolsa brasileira, já que os múltiplos no mercado local estão nos níveis mais baixos em mais de uma década.

As ações brasileiras são negociadas a cerca de seis vezes o lucro estimado, o menor múltiplo desde 2008 e abaixo das médias históricas – mesmo quando as gigantes de commodities Petrobras e Vale, que possuem um grande peso no índice Bovespa, são excluídas dos cálculos.

Como aconteceu em muitos mercados de renda variável ao redor do mundo, as ações brasileiras sofreram com o aumento das taxas de juros globais.

Além disso, os preços foram puxados ainda mais para baixo quando os fundos locais tiveram de enfrentar resgates e foram forçados a vender indiscriminadamente.

Até 29 de julho, os preços de companhias brasileiras que abriram capital em 2021 caíram 38% em uma média ponderada por tamanho, mostram dados da Bloomberg.

Os preços estão se mostrando atraentes demais para alguns fundos oportunistas de private equity resistirem.

A inglesa Actis montou recentemente uma participação de 19% na empresa de energia renovável Omega.

A General Atlantic, com sede em Nova York, acumulou uma participação de 11% na Locaweb, uma provedora de serviços da web que caiu 81% em relação ao pico de 2021.

“Ainda existe essa dicotomia no mundo do private equity entre o valor pelo qual os fundos estão dispostos a comprar ativos e o preço pedido pelos empresários, que ainda têm em mente rodadas anteriores em múltiplos maiores”, disse Eduardo Mendez, chefe de mercados de capitais de renda variável para a América Latina no Morgan Stanley. “Dado que as ações em bolsa tiveram desvalorização e as empresas listadas já foram atingidas, devemos ver alguns fundos de private equity aplicando dinheiro no mercado.”

Ao contrário dos fundos multimercado, que são em grande parte veículos de trading de curto prazo, os fundos de private equity normalmente visam investimentos de longo prazo, mantendo participações por cinco anos ou mais. Eles também costumam ganhar influência ou controle sobre as administrações e conselhos de empresas de capital aberto sem necessariamente torná-las privadas.

Os investimentos de private equity no Brasil aumentaram 617% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2021 para R$ 16,5 bilhões, segundo a associação brasileira de venture capital e private equity Abvcap. Duas transações da Brookfield responderam por quase 60% do total: uma compra de R$ 5,9 bilhões de ativos imobiliários da BR Properties e uma aquisição de ativos de R$ 3,57 bilhões da Localiza.

Analistas e banqueiros no Brasil estão antecipando mais transações como essas.

Felipe Thut, chefe de banco de investimentos do Bradesco BBI, disse que está conversando com algumas empresas de private equity buscando potenciais compras na bolsa local. Além de avaliações atraentes, os investidores gostam de um histórico de resultados financeiros divulgados publicamente, um conselho de administração amplamente conhecido e um processo de due diligence relativamente mais fácil, disse ele. As empresas dos setores de educação e saúde são alvos “óbvios”, já que os preços de suas ações estão entre os mais atingidos.

A General Atlantic aumentou sua participação na empresa brasileira de tecnologia educacional Arco, negociada nos EUA, em novembro passado, por meio de um PIPE, ou “private investment in public equity” em inglês. Enquanto isso, a Advent International levantou recentemente US$ 25 bilhões para o segundo maior fundo de private equity já registrado.

O fundo global também pode coinvestir no Brasil junto com o fundo de US$ 2 bilhões da empresa com foco na América Latina, de acordo com um documento de maio.

No entanto, alguns fundos estão esperando as eleições presidenciais de outubro antes de colocar dinheiro para trabalhar porque querem mais informações sobre os planos econômicos do novo governo e sobre quem estará na equipe econômica, disse Piero Minardi, chefe do Warburg Pincus na América Latina e presidente da Abvcap. “Os fundos de private equity continuarão sendo oportunísticos no segundo semestre”, disse.

Se o Brasil sinalizar que estará em uma trajetória fiscal sustentável e as perspectivas de crescimento econômico melhorarem, parte do capital de private equity originalmente destinado à China pode acabar no país sul-americano, disse Minardi, observando que a enorme deterioração do real nos últimos anos pesa no apetite dos fundos globais.

Mendez, do Morgan Stanley, também acredita que o Brasil pode ser um alvo para os fundos soberanos do Oriente Médio, que estão bem capitalizados depois de receber um impulso dos altos preços do petróleo. O fundo soberano de Abu Dhabi, Mubadala, fez uma oferta no início desta semana pelo controle da BK Brasil Operação e Assessoria a Restaurantes, que opera a rede de fast-food Burger King no país.

“Se esse dinheiro virá para o Brasil ou não, isso ainda está para ser visto”, disse Mendez. “O Brasil precisará competir com o resto do mundo.”

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