Fundos imobiliários: Tributação dos dividendos não afeta atratividade, avaliam gestores
A proposta do governo de tributar os dividendos dos fundos imobiliários a partir de 2026 foi um dos principais temas do painel sobre o setor no evento Onde Investir no 2º Semestre de 2025, promovido pelo Seu Dinheiro com apoio do Money Times.
Apesar do receio com a Medida Provisória (MP) que estabelece uma cobrança de 5% sobre os rendimentos, os especialistas ouvidos destacaram que o investidor já está acostumado com esse tipo de ameaça — e que, mesmo com a taxação, os FIIs seguirão atrativos.
“É um cenário incerto, será discutido no Congresso e existe uma chance alta de essa tributação não passar. Mas, mesmo aprovada, continuará valendo a pena investir em fundos imobiliários”, afirmou Pedro Bruder, gestor da Kinea.
Ele avalia que o custo de crédito pode subir, já que novos títulos terão de ser reprecificados, e esse impacto tende a ser repassado aos projetos financiados com recursos dos FIIs.
Segundo Bruder, em caso de aprovação, os gestores precisarão ajustar carteiras e processos para manter os portfólios interessantes.
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Isonomia
Gabriel Barbosa, sócio e diretor de gestão da TRX, que também participou do painel, concordou com as críticas à proposta, mas destacou um ponto positivo: a isonomia.
“O lado bom é que a MP foi igualitária para todos os investimentos isentos. Além disso, os FIIs ainda vão manter um benefício fiscal, já que os 5% são menores que as alíquotas de outros produtos”, afirmou. “No final das contas, é ruim, mas a régua subiu para todo mundo.”
De acordo com ele, assim como os fundos de papel, os FIIs de tijolo também vão sentir o impacto, já que o investidor deve considerar esse custo adicional ao precificar as cotas. “Vai ficar mais caro o crédito, vai ficar mais caro financiar uma construção”, disse.
Ainda assim, Barbosa ressaltou que, apesar dos efeitos negativos da medida, a indústria de FIIs segue em expansão no Brasil, o que não deve ser barrado pela tributação.
O ‘fantasma’ dos fundos imobiliários
Também presente no evento, Caio Araújo, analista da Empiricus Research, corroborou com a visão dos gestores e afirmou que os investidores de fundos imobiliários convivem com o risco de taxação há muitos anos.
“É o fantasma da tributação que aparece de seis em seis meses. Só muda o tipo, mas sempre está presente”, disse.
Assim como Barbosa, Araújo destacou que o percentual proposto ainda é baixo em comparação com outros investimentos. Para ele, os fundamentos continuam sólidos nos FIIs com boa gestão e ativos de qualidade.