Money Times Entrevista

Fusão entre Petz e Cobasi é ‘o movimento mais nocivo que o mercado pet já enfrentou’, diz CEO da Petlove

18 ago 2025, 7:30 - atualizado em 15 ago 2025, 19:17
Petlove - Talita Lacerda, CEO da Petlove
(Imagem: Divulgação Petlove)

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A fusão entre Petz (PETZ3) e Cobasi representa “o movimento mais nocivo que o mercado pet já enfrentou”, afirmou Talita Lacerda, CEO da Petlove, em entrevista ao Money Times. Segundo a executiva, a operação criará um grupo com faturamento combinado superior a R$ 7 bilhões (valor somado das duas empresas em 2024), cerca de 500 lojas espalhadas pelo Brasil e até 50% de participação no mercado online — patamar que, na visão dela, elimina a concorrência efetiva no setor.

“Nenhum outro player no mercado terá capacidade de rivalizar. Acreditamos que o futuro do mercado pet deveria ser pautado pelo equilíbrio, pela concorrência e pela democratização do acesso ao cuidado com os animais”, afirmou.

A Petlove ingressou como parte interessada no processo junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e contesta a aprovação sem restrições recomendada pela área técnica do órgão. As empresas entraram com o pedido de fusão no final de 2024 e o processo se encontra em julgamento, com previsão de se estender até o final do ano com a oposição. 

Na última terça-feira (12), foi realizada uma Audiência Pública sobre os impactos da fusão entre as empresas Petz e Cobasi para o mercado, na Câmara dos Deputados, com presença da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), o Cade, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), do Instituto de Pesquisas e Estudos da Sociedade e Consumo (IPS Consumo), da Associação Brasileira de Procons (ProconsBrasil), além de executivos das principais empresas do setor pet.

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O Money Times conversou também com a Petz sobre a fusão, entenda o posicionamento da companhia.  

Para Lacerda, o Cade desconsiderou diferenças estruturais entre grandes redes e pequenos pet shops, como preços, portfólio, logística e capacidade de negociação.

A companhia argumenta que a fusão poderá sufocar pequenos e médios empreendedores, pressionar fornecedores a aceitar condições menos favoráveis e reduzir a diversidade de produtos e serviços disponíveis.

Dados do próprio Cade indicam que Petz e Cobasi já concentram entre 40% e 50% do mercado online, percentual que pode ser ainda maior caso marketplaces sejam desconsiderados. No varejo físico, a concentração elevada atingiria 281 mercados locais, na avaliação da empresa. 

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Para a Petlove, o Cade precisa agir de forma estratégica na análise da fusão, garantindo que o movimento não resulte em desequilíbrios graves no setor. “É fundamental que a autarquia adote medidas que evitem a redução da concorrência, o aumento de preços e a perda de poder de compra dos tutores”, afirma a CEO Talita Lacerda.

A executiva alerta que, sem salvaguardas, pequenos e médios pet shops podem ser sufocados ou até eliminados do mercado, o que, na visão dela, comprometeria a diversidade e a qualidade dos serviços oferecidos aos consumidores.

“A fusão concreta e sem remédios resultará em um monopólio com 100% de concentração em 155 mercados no Brasil, além de concentração acima de 70% em outros 42 mercados, fazendo com que os tutores só tenham uma alternativa de consumo”, disse Lacerda.

Quando questionada sobre os planos da Petlove caso a fusão se concretize, a CEO afirmou que a empresa acompanha o processo com atenção, mas confia na análise do Cade. “No momento, confiamos que o Cade analisará o caso com o rigor técnico necessário”.

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Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.
juliana.caveiro@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.